sexta-feira, 26 de julho de 2013

Mistério

Plantei o corpo na capoeira só de ouvir
Correu o peito em gelo
Coração abre abre abre
E pede mestre

Mistérios
Mistérios
Mistérios

Nossos olhos abrindo outras vidas
Nossa união se faz em coração
Cristal radiante pontiagudo faz do nosso coração o mesmo
Lágrimas aguam enquanto meu rosto muda muda muda
Nesse corpo recebo o chamado
Escrevo assim para então me ouvir
E me deixar ir sem medo
Sem medo
Sem medo
Aceitar
Vai
Vai
Vai

Dali do djembe e violão
Cheia de lágrimas
Voltei os olhos nelas
E dali só via luz e sombra
Em luz é sol, é flor, é mãe
E peito que abre
E mistério que cobre

terça-feira, 23 de julho de 2013

União

Em amizade harmonia
O leve toque, o leve sopro
Mas no amor
Escolheram a coragem pra fincar
E cada amante fazendo-se fincado em si mesmo
Ao amar o outro
Pedem assim a força pra fincar
E navegar nas próprias profundezas
Ao amar o outro

Apenas quando eu  me ver
É que poderei me fincar
Agora respiro e só fico
A espera de alguém como portal
Para me atravessar

Se é disso que sairá outra vida
Só é preciso transbordar em própria vida

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Rasgo

Pegarei um rasgo na próxima brisa que passar por mim
Buscarei incessantemente um átomo indivisível pra ser rasgo
Rasgo de ti em mim
Saber pisar no real e rasgar esse um que inventei entre nós
Nesses meus nós ilusórios onde você vivia sem querer
Te amarrei na memória mas agora peço rasgo
Me rasgarei e tomarei enfim a desilusão

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Ainda lembro

Ainda lembro do seu toque
Ainda lembro do seu cheiro
Ainda lembro dos seus pés
Ainda lembro do seu arrogar
Ainda lembro do seu verdaderar
Ainda lembro do seu pensar
Ainda lembro do seu loucar
Ainda lembro do seu palhacear
Ainda lembro do seu maravilhar
Ainda lembro do seu transar
Ainda lembro do seu gozar
Ainda lembro do seu banhar
Ainda lembro do seu beijar
Ainda lembro do seu olhar
Ainda lembro do seu chegar
Que nunca mais chegou

Filha do Sol

Essa vida que escolhi viver
Essa vida que escolheram pra mim
O Sol escolheu pra mim
Logo logo
A passinho por passinho
Curtos e em velocidade mil
Vou me reconciliando com Sol
E aceitando o que Sol me deu
Vou deixando de querer ser maior que Sol
Vai, ego,
doa, mas saia

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Olho quebrado

Ser cantada e ser dançada
E me livrar de toda dor

Me deixa ser da luz
Me livra desse ego
Me deixa ser da luz

Ruptura

Essa aqui
Que veio em corpo de menina mulher
Ainda não sabe aceitar o Sol
Aceito
Aceito
Aceito
Quero aceitar
Já não faz sentido aquele velho modo
Aquele velho medo
Peço que minhas mãos sejam entregues
Essa gente que aqui vive, dança e canta
E ela que o que mais queria era dançar e cantar
Ainda está tentando ser dançada e cantada
Sem vestir aquele velho modo
Aquele velho medo
Silencio se não vale mais aquele velho modo
Aquele velho medo
Aquela velha máscara

domingo, 14 de julho de 2013

Perdoei

Uma porta se abriu
Sou filha do Sol

Aceito esse lugar
Ilumina com o cantar

Ametista fincada no peito
Traz paz
Mágoa jaz

sábado, 13 de julho de 2013

Caminho

E só há um lugar
Esse instante eterno
Essa eternidade do instante
Então só vive
E ri se transbordar assim

Novaso

Anda, planta
Cria terra, cria raiz
Cheira arruda, cheira alecrim
Cheira o simples e planta enfim

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Amar

Te amo
se me amo.
Se te amo
e não me amo,
não amo.

O que tenho

Olho pro teto dessa sala.
Pra onde tanto já olhei.
O que ainda mais já me olhou.
Eu e o teto.

Começo a dançar então.

É só o que eu tenho
Meu corpo

A alma, 
o espírito, 
Deus em mim
não tenho, 
sou.

O que tenho é só o corpo.

terça-feira, 9 de julho de 2013

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Monólogo para espelho

Melhor encarar como dom
Essa brincadeira profunda
De conversar com o espelho
Rir e chorar com meus olhos
Ser dura e firme comigo
Ser leve e carinhosa comigo
Dizer palavras de levante
Sorrir
Se ver um tanto quanto maluca
Se perguntar de quem se quer chamar a atenção
No fundo se gostar
Se acalentar
Relembrar do colo que mora apenas no meu íntimo
E correr ao relembrar:
Não se perder no espelho


Luto II

Estou naquele tempo de simular um assassinato,
estar de luto
e te matar em mim.
Um tempo de buscar entender
que posso te matar em mim
sem me matar.
Frio você já está,
só faltam as flores e o caixão
da minha desilusão.

Barulho interminável

Nossos passados, outros,
Nossas vidas, outras,
Nossa existência, a mesma.
Mas o que nos ronda em pensamento,
será então tão outros?
Nossas máscaras silenciosas,
Nossa mente inquieta,
O que pensamos?
Será mesmo possível haver tanta distância em pensamentos?
Como não atingimos o casamento entre existir e pensar?
Pensarmos em harmonia utópica,
ou em um tópico palpável
de união do ser?

domingo, 7 de julho de 2013

Sala preta

Algum herói em nós nos chama.
Às vezes difícil de escutar
já que tanta tensão só leva à pretensão.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Olhos enraizados

Vinha luz do sol para tecer Olho de Deus
Nas raízes
Lar da família
Sentada em grama úmida
Som de luz como pano de fundo e de cobrir
Sol baixando
Mas luz nunca baixa
Vem estrelas
Radiam, brilham, não cessam de iluminar
Há luz
Abre-se pra luz
Aterra para transmutar
Familiariza para iluminar
E dança para desfrutar
Poesia como sangue
Na parede, as mãos dançam
Mãos de poder que tecem e dançam
Mãos de poder que evocam e ecoam

quinta-feira, 4 de julho de 2013

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Volta

Preciso me desapaixonar de você
Pra talvez te amar
Se você ainda puder me ouvir
Só pra eu dizer do meu amor


terça-feira, 2 de julho de 2013

Maina foi

Naquela mesma janela
Angústia
Precisava de flor
Veio flor
Maina flor
A casa virou flor
E mesmo saindo a flor
O cheiro fica
O cheiro fica
Cheiro de flor
Som de amor
Te deixo aqui
Te agradeço ali

Hoje tem flor naquela janela
E mesmo tão só, não sou só
O cheiro fica

Mu dança

É tempo de
mu dança.

Me viro
Como se virasse
O ano.