quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Saio

Vou dar pausas às minhas longas pausas ocupadas
Esclarecer os olhos de textos vagos e transpor meu gelo no mar sombrio
Volto às caminhadas pausadas e constantes que levam meu querer a frente do meu ser.

Desastre

Essa é a lei da impulsividade: o desastre.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Canso de ser só.

Não mais eu

Estou sendo engolida pela sede carente do arrependimento
Estou sendo amarrada pela saudade
E me olho com sinceridade
Não vejo a culpa que qualquer tormento poderia trazer
Vou no emaranhado de peripécias cavando hospitais surrealistas
Não resisto ao choro doentio da enrolação
Busco o mais distante
Me deparo comigo mesma, só eu
Jogo com a dificuldade de ser eu
Canso de ser mim
Fecharei os olhos buscando fantasias
Talvez eu encontre loucuras em pesadelos
Preciso de mais
Quero o beijo desejado nas costelas encarando olhos azuis
Me apoio na incerteza do silêncio
Mentalizo uniões e vibro clarões
O cansaço é o que me corrói
Sinto falta do prazer
Arranham coxas no passado colorido
Admiro malhas secretas do seu umbigo
Fecho os olhos amando o som dos seus cílios que imitam mandíbulas
Não há espaço para fingimento

Tarde perdida

Enquanto poderia ventar nas pesquisas históricas e teatrais, organizar o pensamento, as cartas e as planilhas,
perco e ganho as horas de bonsai.
Em pesquisas e jogos libertos ou intervencionistas, eu calo meus anseios
Calo por jogá-los pra fora, exteriorizar no meu corpo e agudizar com a minha voz.
Um vento ensolarado carece em minhas costas
Meu útero chuta sangue
Impaciências sugam meu sorriso

Mas ainda há bonsais que me erguem ou pisam ainda mais
A existência ainda é breve
Os amores são corruptos
As dores são emaranhadas no suor
O suor que pode nem existir
Sua calma é recordada a cada olhar interior
Sua lerdeza e sua falta de intensidade
Ainda estou na estrada que não vê algo mais que a solidão

Abraço a carência e beijo vazios
Negros elogios chegam em televisões
Mas não me atraem
Barbas belas me atraem
Barbas enroscadas em olhares que miram e não veem
Recordo-me do seu sorriso e fantasio algo platônico
Enquanto você não me vê, eu abraço suas costas bem formadas que fazem leituras na porta do teatro

Eu vivo de invenções

Ou vivo das respostas a intensos desejos, simples desejos traidores
Depois me resta apenas o "muito obrigado"
Tão seco quanto minha unha que logo será cortada
Unha que não vê a pele que há pouco habitava
Habitava colada, molhada e apaixonada
Mas eu não corto, unhas vão sem ver as peles
Crescerão sempre enquanto eu não quero me desfazer do que foi de fato o mais intenso
Pavões não merecem lembranças
Camaleões não merecem intensidades
Será que algo um dia merecerá meu bonsai?
Ainda existe a força companheira, uma força amiga que eu amo e esta sim merece bonsais

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Surto contrário

Mas sou apenas a possibilidade.
Adormeço minha energia e queria apenas deitar, olhar a vida passando.
Momentâneo ou profundo desânimo vindo ao acaso, para o acaso.
Foi-se o sorriso e vou por aí.

Notas ao sabiá

Ontem meu peito estava dolorido, estava engasgado, tinha uma bolha enorme de ar talvez aqui dentro, eu precisava chorar, por pra fora, berrar, dançar, mas aí você chegou e tudo ficou leve.

Eu encarei e enviei toda a energia que podia desejando que ele fosse verdadeiro, desejando que eu não precisava ser colocada num lugar de culpa ou qualquer lugar abaixo, que eu queria ir pra onde existisse verdade, que o olhar dele dissesse toda a verdade, se descascasse, estivesse nu. 
Coisas nuas de verdade são lindas, almas nuas, olhos nus, corpos nus, mas quando é um nu de verdade, o nu da pureza, pureza no sentido de essência, de interior, de sinceridade de espírito. 

Eu não preciso ficar só jogando minha energia, minha paixão, pro nada, quero jogar minha paixão e receber também, e me envolver, e sair do medo, e ir pro desequilíbrio. 

Eu quero viver assim, na verdade, na minha verdade, to sem medo da solidão, eu já tenho a solidão, já tenho eu e eu, sempre vai restar eu e eu, pra que ter medo de mim comigo? Vou fazer o que sentir, vou fazer o que a minha vida precisar. Pelo amor da vida, eu não to falando que jogo fora toda a coisa coletiva, o pensar no outro, uma coisa não anula a outra! Essa frase é uma das que mais to dizendo no meu dia a dia, "uma coisa não anula a outra.", aaaaaaaaaaaah vamos multiplicar! Vamos transpor, vamos ser tudo!
Precisamos ter a loucura, precisamos remexer nossas vísceras, 

"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe." Oscar Wilde



domingo, 26 de agosto de 2012

Basta olhar para perceber que não temos nada, nada a ver.
Vá colher sua pequenez.

Espelho vazio

Um dia esse meu alguém verá alguém que ame, alguém que olhe como sempre olhei, que queira como sempre quero, um dia a intensidade será feita também de outro lado.
Não estrangulo meus enganos
Jogo verdades a você
Tento mais uma vez jogar meu eu a você
Mas ele se esvai
Ele é para mãos que segurem, que amparem e valorizem a intensidade de um querer.
ATÉ QUANDO A GENTE PRECISA TENTAR MOLHAR O MEDO DO QUE SE ESCONDE NO FRIO? 
NOSSO CU PRECISA DA INTENSIDADE INVENTADA PELA PAIXÃO AFOGADA

entao engole o paralamassssssssss
mas engole
com o fígado
e mastiga com o cu
digere com o pé
e amortece com o pênis
Estou deliciando o sabor da sinceridade, da escrachada verdade, das saudades sexuais e celestiais, das felicidades e sabores.
A DELÍCIA DE SER O QUE É.

Vou e fui

Aonde está o que você quer?
Caio nas ruas e choro tormentos
Sozinha nas portas da iminência
Arrisco vídeos e jogo corpos
Cores pulsando nos meus dizeres
Prendo calores e calo unhas tristes
Abafo meu vento e colho seu cheiro
Laraiá, laraiá
Viajo pelas abstrações
Caminho em noites pálidas que jorram sangues azuis
Gostos e tudo o que não me deixa em paz
Exagero meus desejos
Calo meus dedos
Solto meu dizer
Arrisco
O depois importa tão quanto a minha feminilidade
Tão quanto minha linda aparência de boa moça
A aparência da boa bailarina maquiada
O corpo magro da pequena dançante
Todo a importância que está ali, num lixo
Que já foi útil, já foi existente, já foi presente, já foi verdadeiro
Mas já foi.

Boiando

Eu sou feita de tintas espalhadas e molhadas
Sou feita do impulso
Sou feita do abraço ali e da ligação aqui
Feita dos tempos de amor e perdas
Mornice dos meus peitos que caem como mãos cansadas
Há minutos eu deitei e olhei com sabor os corpos de morenas
Senti águas nos meus pés e desejos no meu ventre
A necessidade da exteriorização e visualidade do meu ser
Clareio meus pesadelos e abraço com sinceridade
Olho nos olhos e faço poemas ao que passa
Me estendo em amores
Corro para saudades
Sensações libertárias que fogem de mim

sábado, 25 de agosto de 2012

Algumas afirmações tão arrogantes seriam incapazes de evoluir e chegar de meu ser.
Sou sim fechada e trancada na minha liberdade.
Discussões fogem e me acusam, sentindo-se tão grande,
um ser acadêmico me olha menosprezando minha ignorância.
É preciso sorrir para a arrogância.
Sempre há os males, os bens, o que importa é só o amor que ultrapassa.
Caminho rumo ao estudo da educação.
Para onde estou indo?
Remexendo meu corpo na sobriedade curta de um sono pelado.
As maiorias investem.
Aulas que me cutucam e movimentam meu interior, aulas que me fazem escrever poesias.
O sentimento ruim me suga, mas qualquer movimentação é necessária.
Como qualquer afirmação pode existir?
Meu útero chama dores pontiagudas e escorre de mim o sangue da menstruação.
Vou me conhecendo e deixando para trás o que possa prender minha verdade, eu necessito da minha verdade e presença real.
Não possuo capacidade para discussões intelectuais,
pensamentos políticos estão abandonados.
EU SÓ QUERO TER MEDO DO MEDO.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Livre da comodidade

Eu precisei ver seus olhos ali em cena
Agora distancio de mim a vontade de você por essa distância de você com você
Essa distância sua com o amor
Essa distância sua com o olhar
Sua falta de presença
Sua falta de vontade de amar
Falta de vontade de desequilíbrio
Vontade de segurança
Segurança pequena da sua comodidade
Preciso do jogo, do desejo que vai e vem, da saudade que não cessa, do calor que multiplica
Necessito da verdade, da simples complexidade, beleza e vida da presença
Eu só preciso de real presença
E você fica parado sem andar na corda bamba, 
sem se fazer presente na cama elástica. 
E hoje eu preciso da presença incessante, da força vital, da energia pulsante, do desiquilíbrio
Então você fica aí e vou sendo mais macho que muito homem, porque meu peito não é de silicone e meu buraco é mais em cima.

Sabiá

Se o mundo for desabar sobre minha cama, 
e o medo se aconchegar sobre o meu lençol, 
e se eu, sem dormir, tremer ao nascer do sol, 
escuto a voz de quem ama, ela chega aqui.
Eu posso estar tristíssima no meu quarto, 
que você sempre terá seu jeito de consolar.
É só ter alma de ouvir,
e coração de escutar, 
você nunca se cansa do uníssono com a vida.
Você é meu sabiá, 
não importa onde for, 
vai me catar, 
vai me cantar,
 vai me, 
vai me dar, 
me dar, 
me dar, 
me dar...

http://www.youtube.com/watch?v=HAWJmlFLN0c

Bastam bilheterias e olhares expelindo poesias e reflexões.



Distante conversa

Preste atenção querido,
suas mãos em testa agora não mais me convencem.
Meu choro é guardado onde a claridade não chega.

Sem promessas

Pra quem não sabe o que cobre um peito engasgado e coberto de choro, 
eu peço piedade, 
me coloco num lugar medíocre, 
abaixo meu ser amando e fingindo amar.
Apavoro meu peito com a dor pequena de um bebê que chora preto as unhas do rancor.
O que somos nesse emaranhado de loucura, 
nesse cotidiano tão normal?
Dentro de mim está tudo maior e mais movimentado que minha simples existência.
Nunca acordarei com beijo de namorado ou pódio de chegada.
Então por que continuo fantasiando minha própria existência?
Já não é lixo o que permanece colado em mim?
Já não sou uma existência pobre chorando invenções?
Cala o meu peito e fala minha genital, meu sangue é absorvido enquanto o choro é corrosivo. 
Minhas letras estão afundadas na escuridão escondida da busca.
E o que sou?
O  mar de vozes coloridas chocando meus cabelos masculinos.
Minha guerra dos sexos é tão crua.
Minha saudade é tão nua.
Aprender com a vida ou com a poesia?
Ainda prefiro a poesia o choro, o pulsar e o escorrer. 
Vou escorrendo.
Escorro pelos dedos da moral tão impregnada.
Escorro pela paixão e simples utilização de mim mesma.
Não olho para outros amores, mas meu peito ainda pula e vibra cheirando o gosto amargo e nojento das convicções e crenças tão bem construídas.
Será demais existir?
Será medíocre existir?
Prefiro estar onde meu peito pula e a realidade não o deixa sair.
Prefiro o lugar pulsante da angústia. 
Assim eu não posso causar mal nenhum, a não ser a mim mesma.

Acomodado num jogo

De nada adiantarão presenças em estreias se seu orgulho molhar e seu simples desejo escorrer.
A falta de comprometimento te faz procurar desculpas para tempos infinitos.
Virá então me procurar quando a saudade e solidão brotarem, não quando a minha existir.
É um jogo?
Um tabuleiro que machuca enquanto os pinos arranham minha ingenuidade.

Chuva de espera

Pode ser que eu esteja inventando saudades e sentimentos, mas meus olhos param ao ver nossa indiferença
O tempo corre enquanto ando para você, 
enquanto chego, 
enquanto como, 
enquanto subo.

Parada vou ouvindo o silêncio e desvendado sensações
Rádios pifam e epifanias surgem

Bebês do metrô me chamam com as mãos,
 meu pensamento voa em materno,
Afrodite está pulsando em mim.

Revejo minhas opções,
analiso a infância sexual,
cabelos jogados imitando Gal me puxam pelos vestidos floridos.

Faltam tempos nos espaços onde a areia é pesada e minhas energia vibra.
Eu só precisava ver você.
Exagero meus sentimentos, ficciono os fatos e estou submersa em realidade

Minha vida resfriada é banhada em  beleza.
Caio num desvio fascinante que coletivamente conquista minha vida, minha arte, meu respirar.
O amor é o que me move.

Meu corpo não é capaz de esperar que a chuva passe e eu não me molhe.
Preciso que chova em mim, 
preciso beijar na chuva e acolher envelopes xerocados.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Seu ignorar

Então um tempo é o profundo silêncio?
É o ignorar os olhos e chegadas?
Não consigo entender a distância tomada de rancor
Não consigo te ver tão mole colado em desejo de seguranças
Ou simples desprezos rancorosos
Engolido pelo ciúmes inútil
Envolvido pela caretice e babaquice
Você não me ensinou a te esquecer
Você cria distâncias vazias
Eu continuo andando desejando tiros explosivos de claros beijos, abraços, sexos, olhares, músicas, pensamentos e pequenas palavras
A indiferença faz de você a gota de covardia que faz transbordar
Não vou mudar meus desejos, minhas opiniões e atitudes
Sou abraços, sou aquilo que te quer
Aquilo que te gosta
Mas você só vê a mediocridade do ciúmes
Ou simplesmente não aguenta mais esse alguém tão promíscuo
Vou me perdendo, buscando em outros braços seus abraços
Vou me afogando em contradições

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Iminência

Indefinitivos pensamentos rondam meu ar
Ainda a culpa vibra nos meus atos
Mesmo sabendo que você não quer mais um único sorriso
Sentindo a falta da corda que me cobre eu vou jogando seu rosto no meu corpo
Como flores que cercam ônibus em meados de agosto, vou andando pelas ruas, vagando e amando
Agora a sede de lágrimas amortece meu peito vazio
Desisto do amor
Acredito no amor
Ainda faço calar meus pés e levo mãos ao ar
Atraso com a saudade de você
Entristeço com o seu desprezo por mim
Nossa incompreensão
E eu caindo como que jogada em pistas de dança escorregadias
Vou bailando e escorregando pelas relações
Vou sempre caindo
Sempre tropeçando no amor e caindo na iminência de alguma profundidade
Músicas em intensidades elevadas fazem meu corpo dançar mais que qualquer companheiro
Ou fazem meu corpo parar diante da companhia que faz de mim apenas um objeto
Não sou tanto sexo aberto
Não sou tanto beijo sem sentido
Meus atos mal vistos me isolando cada vez mais
Me distanciando de minhas intenções
Incompreensão
Sentidos enganosos
É preciso estarmos afogados em desconfiança
Nossos sentidos vão nos enganando quanto mais olhamos
Luzes trazendo sombras ilusórias
Meu grito por verdade
Meu choro por saudade
Meu silêncio por solidão

domingo, 19 de agosto de 2012

Desaniversário

Eu canto pedindo sabor
Olho nos olhos de desconhecidos
Minha voz treme na rouquidão
Fumo deitada em malas que se chocam

Vivo ao sabor do acaso
Pego ônibus com destinos desconhecidos
Ando nas marés dos morros até bares desconhecidos

Vou imaginando um amor à semelhança
Imagino nossa força unida, nossa energia colada
Seus cabelos trazem a vontade de algum toque meu

Uni cervejas a diversões
Colhi sonhos das plantações

Preciso do alguém junto a mim
Preciso da paixão contínua
Preciso deixar de ser só eu
Preciso descascar minha espontaneidade
Preciso desafogar meus anseios
Preciso sair daqui, não sou daqui

Sou a recusa do sexo vazio
Sou a recusa do amor sem dor
Sou a recusa da falta de olhos nos olhos
Sou olhos boiando em silêncios indecifráveis
Seus mistérios agora farão de minha face apenas choro
Eu sempre esperei

Volta a doer o corpo que chora de vontade de amor
O corpo que faz dos toques, saudades
Meu choro alto, minha angústia nada rasa
A garganta vibra buscando abraços
Poderia ter ido para a rua abraçar um alguém
Saído da casca triste que move nossa madrugada


Um tempo

Não sou capaz de abrir minha boca, não sou capaz de falar
Sou a trava da vontade incendiando o ciúmes

Vou desconstruir toda e qualquer poesia, meu peito já treme a poesia, já é demais sofrer assim
Doer o ridículo do meu ser
Em quatro estações eu vou passando distribuindo beijos e corpos
Desvalorizando meu amor, meu querer estar com você
Eu fico esperando alguém que queira caber na minha realidade
Minha realidade está aqui, meu querer, meu pulsar e respirar você
Mas o você está sempre sendo perdido
Não sou capaz de abrigar comigo um ser que me ame
Perco amores
Desfaço amores
Sempre querendo amar
Em nome do amor, eu mato o amor

Dispersão do amor

Chegará o tempo em que meu corpo não suportará meus passos vermelhos
Minhas pérolas lacrimejam com a solidão
A profunda solidão
Me vejo amarrando cordas nos meus pescoços
Meus tantos amores
Minhas únicas entregas
Minha sede, minha saudade, meu amor
Não passando mais uma gota de saliva por mim que não pense em você a cada instante
Precisei olhar aos carros com corpos humanos
Precisei beijar, enfiar o fundo da garganta na recusa do olhar, para saber que realmente gosto de você.
Que preciso de você, agora.
Sua lentidão marca meus passos que correm em círculos infinitos
Não sinto seu amor chegando me mim
Não sinto suas angústias coladas nos seus olhos
Não sinto você comigo
Não sinto seu desejo comigo
Sinto a nossa incompreensão
Sinto nossas falhas de comunicação
Sinto meus desejos incabíveis em mim
Sinto sua hipocrisia da possessividade
Sinto sua distância

Jogo minha intensa vontade de você
Não canalizo os desejos
Minha verdade se esvai por poros incompreensíveis


Caminha caído

Pagamos o preço da emoção, do talento, da paixão
Meus olhos caídos dançando o corpo da bebida.
Sorrisos do LSD cruzam a vaidade que excita nos bares paulistanos
Amplifiquemos São Paulo levando à vida.
Valorizemos plumas profundamente tristes no metrô Barra Funda.

Santanas perdidas

Caminho buscando o nada nas avenidas da paixão.
Vivo como se o gás estivesse ressecado no meu seio.
Gosto do atropelamento insensível e negro do acaso.
Ah, o sabor do acaso!
Atormento caronas em praças onde deitaria no meu tempo do nada tenho.
Sou Pagu, sou paixão, sou o intenso sabor da dor.

Teto de céu

Vai cansando a podridão da existência que me cerca
Não consigo acompanhar o fluxo, vou na onda da tristeza existencial
Meus cabelos vão fora exorcizando qualquer aparência estereotipada
Faço sapatos em minha feminilidade

Hoje minha escrita é mais lenta, minhão mão não corre apavorada pelo papel.

Talvez seja a calma chegando na poesia
A calma chegou no sexo e me engoliu com o gosto bom da vida.

Dinheiros arrecadados por cartazes que carregam sentidos, histórias, desprezos, más impressões e más arrecadações.
São sim bons olhos.

Mas nem nesses eu consigo me encaixar.

Eu fujo.
Agora sim eu poderia ser Pagu dizendo que a fuga é o flagrante teatral
As palavras de Pagu deveriam ser valorizadas, 
são sutis, 
carregam uma existência tão peculiar que nossas vozes não são capazes de suportar.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Processos ilimitados

Faço pautas de melões e doces ilusões
Faço poemas sonolentos e amores em eventos
Faço olhos no metrô, faço universos oníricos no curso das ruas, faço risos cinematográficos, faço enganos internos, faço atrasos vermelhos, faço desvios performativos, faço arcanos desconhecidos, faço mar e ar da respiração

Desconfio de suas verdades e gosto de seus tons, seus silêncios, seus sabores com anéis pendurados nos risos egoístas

João acorda Recife com máscaras de mistério

Imagens boiam na abertura da tinta mole escorregando pela irresponsabilidade sorridente

Nossas imagens socam fones de ouvido na necessidade solitária de ser e ver

Meus pães jogam vermelhos espirros em cervejas mal resolvidas
Sítios nus dançam exalando hortelã
Cactos andrógenos jorram água doce em câmeras acampadas
Interesses azuis arcando com a poesia de um coletivo

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Andar com fé

"Eu sustento que a única finalidade da ciência está em aliviar a miséria da existência humana."
Bertolt Brechet

O mundo é um constante nem lá, nem cá, o degradê entre otimismo e pessimismo.
O poder interior do nosso sangue,
do nosso corpo se contrapondo aos tiroteios, à miséria da existência humana.
Não podemos nos encaixar no pessimismo fechado,
na unilateralidade da miséria.
A vida é mais que um, mais que o fechado, o reto,
a vida tá rodando, a vida tá ciclando, a vida tá aí, a vida é.
Não é nada.
Simplesmente é.
Verbo transitivamente intransitivo.

Eu acredito no corpo,
eu acredito em nós.
Eu acredito na nossa existência
Eu acredito na nossa respiração 
A felicidade me toma mesmo vendo a miséria da existência humana, 
ah como torno-me miserável, 
mas não me torno nada.
Me torno.
Sou, somos.

domingo, 12 de agosto de 2012

Injusto céu

Se nós, no interior das nossas gaiolas trancadas do primeiro andar, soubéssemos a beleza que pulsa lá fora, a pulsação da luz, do ar, da lua que aparece pela manhã, não seríamos capazes de chorar pela solidão mais interna, 
pela incompreensão, 
pelo tormento que treme dentro de mim.

Validade do choro

Volúvel vou acolhendo o oposto.
Acolho o choro quando, pela manhã, ria e sorria à vida
A miséria de Brecht aqui, na vida.
Minha hipocrisia,
minha facilidade,
minha poesia.
Quanto vale a respiração do vento entrando em mim?
Quanto vale a vida saindo de mim?
Quanto vale a reencarnação?
Quanto vale minha capacidade de ser o erro?
O erro da cor inundando o distante.
A miséria servindo de base para a beleza.
Ainda nosso mundo não passa de um moinho.

Miséria da traição

Sim, somos miseráveis
Nossas relações são miseráveis
Eu sou sempre a carne que corta o amor com dor
Sou o gole de catarro no vinho requintado
Sou a mentira com o maior desejo de verdade
Sou o choro dolorido observado nas gramas ensolaradas
Sou a mancha amarela na recusa da maconha
Sou a falta de amor molhada na dor
Sou o desejo, apenas o desejo, tão somente o desejo.

Merecerei ser traída,
merecerei a mentira quando o que o que eu mais quero é a beleza exalada da vida,
quando o que eu mais quero são as palavras e ações sinceras, verdadeiras.
A sensação é sempre suprema, é sempre existente, só o que se sente existe, só a sensação existe.

sábado, 11 de agosto de 2012

Deixar sair, é preciso sair todo o nosso sangue vivo do desejo,
nossa igualdade de sorrisos palestinos e israelitas,
juntos,
sorrindo,
olhando o amor e beijando o calor.

A prontidão da maçã que nos envolve como abraços noturnos acordando para o amor ao pensamento científico quando este está molhado de subjetividade, amor, reflexão, sentidos, 
bichos humanos recheados e envolvendo as sensações.
A fruição dos corpos vivos, acordados para o prazer do simples viver.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Mariana desviada

Minhas mãos saboreiam peles desconhecidas com os olhos fechados
Entreabertas as pernas para ver qual mão se esconde em meu cheiro
Fascínios de pétalas rosadas beijam bocas desconhecidas
Bocas docentes assustam a pele cheirando camisetas brancas
Amargos gostos interrompem a beleza do beijo
Macacões enrolados trazem pelos que sugam a noite

Meus olhos choram parafusos que miram seu corpo
Suas pintas espalham sorrisos pelos cavalos
Nossos braços amortecem líquidos plastificados
Meu seio aquece notando o pó do amor
Minha voz esvaindo com o som do caminhão de lixo
Meu suor se espalhando com o seu
Sons ecoam pela rua
Músicas se espalham entre nossos corpos
Seu corpo mergulha em calma
Sua voz espera o ouvinte
Seu espírito bonito cavando a não dominação

Violões engolem nossos ciúmes
Nossa angústia colorindo telefonemas na madrugada
Você ama o inimigo, e se torna inimigo do amor
Em quartos de estrelas cênicas nosso silêncio espeta a dor
Minha fuga é fraca
Meu desejo é forte
Você olhando para o alto
Você brincando de ouvir sociedades
Sendo sua comida e admirando nossa pequenez


domingo, 5 de agosto de 2012

tem gente que nasce poesia.
e por mais que isso não se evidencie tão bem, não é raro, com um pouquinho de jeito, reconhecer.
às vezes o tom da voz, a maneira como os olhos se fecham num sorriso e o olhar, por instantes, inquieto
dão a sensação de que a paz existe.
nessas horas o que de mais sincero é possível fazer?
calar, observar e, quando as palavras fugirem, agradecer através da alma.



Adriana Miranda Martins

sábado, 4 de agosto de 2012

AN

Eu não tive tempo para ouvir suas respostas
Não precisei de perguntas quando bochechas encostaram-se
Levo de você a subjetividade
Arranco de mim a nossa indiferença, a nossa liberdade, o nosso falso querer

Ali vejo corações quebrados e gargantas arranhadas
Vejo carinhos e músculos bonitos
Abraços com olhos bonitos
Marcações puras de alguns beijos
Vinhos jorrados ao vento
Caronas iluminadas pela lua
Clarão misterioso atrás da casa noturna escondendo e chamando a beleza da lua

Esquina do cavaquinho

Tocam sambas com gosto de oxi
Calo a garganta e seco o marrom do ar
Fumaças pretas engolem meu sangue de agonia
Meus pés atormentados revelam a pureza da dor
Banhos calados na solidão de um amor defumado
Meus olhos revelam o tormento da dor
Meus cotovelos vão sendo moldados de acordo com o desejo
As peles pretas de um peixe clareiam a monotonia das caras cansadas

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Ninguém vai nos perdoar

Você faz minha alma amplificar, poeta do exagero
O volume de dentro de mim cria extensões pela pele, meu sangue vai correndo mais quente
Os ossos suspendem, nós vamos caminhando fazendo shows
Vamos fazendo poesias do que a gente vive
A loucura da vida corre em meus músculos que sobem e sentem o olhar verdadeiro
Tudo fazendo parte do nosso show, meu amor
A monotonia vai engolindo a burguesia onde cheiramos mal
Nosso espírito anda com o tempo
Nossa sede de vida
Nossa loucura por viver
Nosso tudo ou nunca mais
Nossas invenções
Meus apertos doloridos pela sua alma rica
Meus choros vão a lugares intocáveis
Tocam a poesia do presente
Os museus de grandes novidades inventando amores e criando dores
Dedicando o show hoje a você
O espetáculo da vida
A dança da morte com cara viva
Você engolindo bocas no Madame Satã, tirando sangue nas pedras e espelhos
Nós sugando todo o amor que há na vida
Batidas em portas evocando sua voz
A rouquidão dolorida gritando para engolir sua presença
Ah Cazuza, já que eu não posso me levar, quero que você me leve
Com sua verdade, sua arte, sua existência em mim
Estremeço em arrepios, sorrisos maternos afogados em amor

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Sou contradição, contra de são joão, contra ação, somos contradição cobrindo as mãos

Thamires


  • Uma mancha loira clareia a pele de uma árvore rica em amor pra dar
    As costas de um leão brilha em cactos de julho
    Meu companheirismo te segue cheirando família
    Nossa dor se cala engolindo a saudade
    Telefonemas errantes
    Chegadas distantes
    Aniversários passados
    Amores sem presentes
    Amor sempre presente

  •  Eu te amo.
  • Sorriso de bondade na pele da católica colorida por arco-íris
    A verdade pulsa nos meu deus que exalam amor e saudade
    Exalam a pureza da amizade e a clareza de íris
    Thamires, Thamiris...





    Suas vestes verdes plantando flores em faustos
    Shows arenosos beijando julhos de alguns anos
    Mares de saudades
    Dores dos quereres 
    São Paulo das contradições
    Verdes paixões

O jardim

Nossos ouvidos não passam de telefonemas pequenos que dizem tudo bem para tudo
A nostalgia da presença vai nos engolindo até a dor fazer tremer os olhos
Os peitos vão engolindo mãos que atormentam o ser paterno
Haverá um dia em que a morte engolirá o movimento
Mas nunca o amor
O ser paterno é sincero, escondido, frio ali, porém repleto de amor aqui
O ser paterno é dor, é amor, é choro, é perda, é saudade
O ser paterno é lacuna, é incógnita, é escondido

O jardim é sugado pelo medo da voz alta
Fotografias revelam os gritos do amor
Idosos carecem de movimento e mulher
Atrizes longes
Atrizes não presentes ao pais
Atrizes desgostosas aos pais
Atrizes correndo atrás do amor deixando para trás o amor

Beijos forçados apertam mãos que se desdobram em danças ritmadas
Gritos ofegantes jogam caixas que soltam bexigas enquanto a memória chora pequena e dolorida
Fotos exibem a solidão
Cores transportam o verde à mudança
Caixas deixadas como casas em rios de alma doce
Peitos claros mofando como relógios a dor do futuro lembrado

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Vida leve

Uma babá de longe sorri para mim, abre sua alma e colore meu sorriso.
Eu buscando o tempo, ela apenas sorrindo.

Ah, se todos fôssemos vivendo com almas e corpos despidos...
Ah, se os sorrisos moles e sinceros permeassem todas as vidas...
Vou fazendo da minha um poço de sorrisos sinceros e almas abertas,
mas tocando sempre a dor que chora com gosto, a angústia colada em meus pés.
Meu sabiá rompendo azuis sons prorrogados até a alma não poder mais.

Buenos Aires daqui

Qual é a cor da respiração que vai carregando o céu num sopro?
Os carros correm enquanto uma formiga verde caminha do meu peito à minha mão.
Árvores escuras brilham enquanto finjo ter paciência, 
deitada na grama com braços abertos, 
braços, pernas e olhos.
Respiro o som da água batendo e movo a coceira de um cheiro limpo. 
As noites de poesia esperam o momento em que a doação seja completa.
Ouço meu corpo e vou falando com os olhos até ouvir que o céu ainda pode cair sobre nossas cabeças.

Grito

A liberdade é pequena.
Gaiolas nos prendem até termos vergonha de quem nós somos.
O sopro de vida que pulsa nas nossas genitais não pode ser sufocado e escondido.
Vou arrombando portas e mostrando quem realmente sou, 
a dor e a delícia de ser o que é.

Fácil é aceitar meu eu, minhas ideias, gostos e pensamentos, 
escancará-los escondendo os olhos, 
fechando e cobrindo com véus o rosto da verdade.
Basta que o verdadeiro seja escondido e fingido.

Eu e nós precisamos pulsar verdade, 
despudorar olhos e ouvidos, 
amar por amor, 
não por reputação e aparência de boa moça.

Amor é pra quem ama.

Nosso sangue carrega amor, por que sufocá-lo como se amor fosse restrito?
Romper as restrições do amor ao que está aqui, 
o amor à família, 
infinito amor à família que não cabe em suas ideologias e olhares.
Sou a gota do desgosto, 
mas sou o que explode em mim.
Sou a cara no lixo, a frustração e o telefonema silencioso transportando mensagens performáticas.

Não basta ser. 
É preciso jogar longe o que possa esconder e mascarar o ser.

Coloquemos amor nos olhos para quem anda na rua, 
sorrisos e bons dias a senhoras desconhecidas.
Coloquemos poesia na vida, falemos poesia à rua.

A febre do rato grita e canta exaltando amor e liberdade, mas acaba jogada e em mortes afogadas.
A boa partida, que exala amor, dor e vida é maior que qualquer placar injusto, 
placar que prende e mata 
quem 
grita 
por 
vida.