quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Aí foi

Haveria o dia em que seu cheiro não  me causasse o mesmo, o dia em que um pertence seu não fosse bem-vindo, um dia em que te veria tão distante que não mais te sentiria todo verdade e beleza, e assim te sentiria como os que mais de longe te conhecem, os que só te veem, te veria só avoado por aí. Te veria sem encanto mesmo que em canto. E mesmo te vendo em mente, carregada de sua aparência, de sua energia por vezes em mim, não te amaria. Mesmo te vendo em mente, em fundo meu não mais quereria o seu. Esse dia hoje.
Penso em você,
sorrio por dentro.

Vem

Vem se colocar em mim
me contaminando do seu ser sensível,
se escorrendo no meu entre,
me abrindo num fundo de puro intocado,
de amor de (c)alma.
até que se deixe ser vir

Fundo fogo meu

O fundo do olho que me olha
é olho meu em olho de cavalo
é olho de cavalo se erguendo
é cavalo e força emergindo.
Meu coração é túnel.
Côncavo preto fundo.
Túnel leva a fogo.
Me visto do meu fogo antigo.
Aqui em coração-túnel-fogo,
mora toda força do meu ser.
Oro do fundo desse fogo,
com vela aquecendo peito.
Então venha toda minha verdade,
se faça canto meu clamor.

Seu fogo vai queimar essa vaidade.
Seu fogo vai queimar todo orgulho.
Seu fogo vai trazer do fundo teu
o amor.


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Tropeçada

O distraído diz-se traído por si próprio.
O distraído ao tropeçar, com a cara na raiz,
vê jorro de claridade doída em tropeço.
Peço que raiz se enraíze no de trás e volte atrás.
Onde tropeço balance mas não rompa.
Onde o iminente saia da mente e vá (an)dar.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

volteio

cortei cabelo
chorei sofri
andei descalça pelas ruas
descuidei do meu sexual
faltei com amor de mim pra mim
acontece que volteio
acontece que volteio
acontece que volteio
devo estar no ano passado

Suspiro

Deixemos que o vento nos guie.
Tentemos fechar os olhos do apego
e clarear o presente.

Sol tar

Já escrevi uns tantos versos só hoje pensando em você,
agora pesarei a mão na leveza
pra tentar sintonizar com o que é você.
Não te quero longe não.
Lembrar sua presença é sorrir por dentro,
seu existir exala luz, exala alegria,
exala solar.
Seu ser sensível é todo caminhar.
Seria muito te querer ao menos em amizade?
Uma vez que provem seu agridoce,
no perto é que te terão o querer.
Quando consigo fechar os olhos pro meu escuro,
pra minha culpa e pro meu lixar, sou toda gratidão.
E mesmo se longe ficar,
tomarei Sol como se te tomasse.
E a (fr)agilidade do ser humano?
É preciso saber ir.

Outra

Esse dia tão aberto, tão claro,
eu hoje tão escura, tão impura.
Já sou outra pra você,
já sou outra pra mim.
Queria voltar, te ver,
te ter em mar.

Por que tanta tristeza?

Ou será isso a próxima justificativa pro sofrer me pegar?

(lagri)mar

Fica comigo, poesia.
Me sinto fraca,
me sinto exagerada,
me sinto imatura,
me sinto só.
Poesia, me aceite assim,
mesmo inferior.
Poesia pra nem ser lida.
Poesia pra só ser transbordada,
como se fossem minhas lágrimas.
Quero o mar.
Meu consolo é o lagrimar.
Queria ser (ca)paz de (esque)ser.

Desconexa

Olho ao céu tentando ver o azul limpo em mim,
tentando recordar o Sol daqui,
tentando sair dessa mente que me aprisiona.
Por que tão cara a liberdade?
Meus pensamentos estão consumidos pelo inferior.
Peço força.
Peço amarelo pra aprender amor.

Só fria

Me sinto fraca, frágil, menina.
Menina de alma velha.
E talvez venha daí tamanha fraqueza, não sei.
Preciso sair da vitimização e da culpa,
mas permita-me chorar um pouco, está engasgado aqui.


(Es)corri

Posso ainda tentar sugar o líquido que deixamos escorrer pelos dedos?
Posso deixar secar em mim aquele sangue teu que lavei?
Eu só não quero mais (es)correr.

Agridoce

Ainda sou aquela apegada afogada no querer mais uma vez olhos que foram.
Querer corpo e barba exacerbada.
Querer seu ouvir, seu questionar.
Sua alma doce,
nosso ser agridoce.

Mimar você

Poderia cantar uma música pra semana passada?
Cantaria aquela mesma que você citou,
aquela querendo saber como ia minha vida.
Então o tempo afastou nós dois,
deixando tanta vida pra depois.
Ou nossa tanta vida foi no antes,
foi em praia, parque e casarão.

Vêla

No metrô, olhei pra essa senhora.
Nos sorrimos.
E no fundo aquoso de seus olhos, quis ser ela.
Na maciez de suas rugas, quis sua maturidade.
Quis velha assim estar um pouco mais lado a lado do lidar com vida.
Ali foi ela mais uma vez
deixando carência e orgulho
destruí-la.

Iminente ainda

Dos teus olhos veio luz.
Tua alegria me dizia vida.
Não te quero longe, nem sei mais poesia.
Sei que tua luz me fez ver todo meu escuro,
tua luz arrebentou minha ilusão.
Me vejo ainda encoberta de tanta vida sem saber viver.
Estou pisando nos destroços, nos lixos de mim, quando só falta amor.
Não soube nem aceitar tua luz, acalmar meu espírito e esperar seu vir.
A pressa toma conta de mim,
como se precisasse amanhã realizar o que talvez nunca tenha conseguido. União.
Volteio a meu passado,
ainda sou apenas a iminência.
Me desespera te ouvir noutro tom, te ver outra cor.
Ainda quero sua alegria, seu caminhar.
Ainda não sei viver tantas vidas, ainda não sei homens.
Homens, não te sei. Não te sei, relação.
O que há entre mim e homens?
Que puxo tanto, que o canal abro tanto e não sei canalizar?
Quando tudo o que é preciso saber é apenas ser.
Existir assim por inteira só. Calar a carência.

sábado, 9 de novembro de 2013

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

hoje

Hoje o mistério do o que sou? traz riso e lagrimar sutil.
Deve ser começar a ver o que sou.
Deve ser começar a te sentir, Deus.

É como se estivesse me voltando à infância.
Sou só e isso basta.
Colo-me à minha mãe,
confio,
como se dali,
o coração vibrante aberto.

Devo estar me voltando a mim.
Devo estar me voltando a Deus.
Devo estar me preparando pra morrer.
Devo estar me preparando pra despreparar e só presentar.

Um isso de domingo, um abrir de peito, um sair de voz, um lagrimar de nada, guardei os olhos dos outros e no fundo de mim se aguaram. Só resta um transbordar de estar.
Meus grandes olhos de menina talvez te puxem,
mas meu coração descabido não saberá retê-lo.
percebeu a velocidade do passo noutro tom
o tempo do pensamento quase azul
parecia até ser (ca)paz de (c)alma