sexta-feira, 25 de outubro de 2013

dança

cabelo cresceu
libertinagem desceu
casa floresceu
só não muda
minha (mu)dança

impuro

há de existir algum puro?
Algum verdade,
algum essência?
Puro.
Há puro?
Há pura luz?
Há um higienizado?
Há um branco?
Há?
Aqui, nos humanos, há?

Ou poderia eu enxergar o puro dos seres,
o puro de mim?
Sorrio e sinto um puro.
Mas já logo desconfio
E nesse nosso ser,
qual razão de ser?
Há razão de ser?
Ou apenas levado ser?
Quem leva ser?
como um e outro em rede
comum
para ser
commundo

sábado, 19 de outubro de 2013

bonito

é que nos acho bonito. nosso nós faz-se bonito. vejo assim bonito nosso encontro. nossos olhos num cruzar. nossas pernas em outro. vi lá bonito sua presença em cena, suas sutileza em corpo em movimento, sua carícia no ar, seu gosto pela vida, seu sereno estar. achei bonito seu amarrar de cadarços em escada. bonito ainda mais primeiro abraço que senti bonito o já te conhecer. bonito te achei de espectador com coluna ereta e poucos movimentos quando ainda ali, sutis. bonito teu dizer de deixar sol me guiar. bonito ainda nosso sentar em noir como se fossemos apenas colegas espectadores a discutir vida e arte. quando fez-se ainda mais bonito nosso aventurar. bonito seu ir. bonito até meu medo. bonito nossas mãos unidas guiadas pela aventura do desconhecido. bonito adentrar em casa abandonada. bonito beijo materializando o pulsar de meu coração bombeado. bonita a mistura de tensão e tesão ali. bonitos sustos e medos. dança em folhas foi traçando mais bonito. bonito o presente chuva que nos encharcou. bonito nosso canto, nosso berro, nosso passo, nossa dança. bonito eu em seu colo encantando cartola. bonito eu aqui relembrando nosso ser bonito. bonito o transparente em nossas roupas brancas molhadas de benção. bonito nosso sorrir. bonito teus olhos. bonito o violão em manhã de sol. bonito o fotografar em sua pele, seus membros, nosso enlace, nossa trace. bonito nosso criança. bonito nossos banhos. toda mescla de bonito nos guiando. bonito ainda o divino cantando pra nós em parque. nosso bonito ler peças. bonito ainda nosso olhar a pássaros que tem como chão folhas de árvores. bonito sol. bonito sóis. bonito incessante fotografar. bonito sua bichice toda. ai de bonito você é. bonito choriso meu ao lampejar acordar divino. bonito ouvir em seus olhos. bonito cochilar seu. é de bonito todo nosso abraço todo nosso beijo. tão bonito que nem sei. tão bonito que presente vem com você. bonito nanairar, comer, babar, sexyar. bonito guiar de aventura que te coloca entre mim abaixo de câmeras. nossa cidade ainda tão bonito. bonito te sinto a meu lado e coração faz-se em tom bonito. bonito te sinto presente. bonito sinto presente em ti. bonito mais bonito é praia em madrugada. é maré gozada. bonito é esse nosso a andar em areia de praia. bonito mais é nosso dançar em beira de mar. bonito até nosso tentar capoeirar. bonito nosso cantar. bonito nosso olhar, olhar, olhar. bonito nosso despudor. nosso xingar. bonito esse não medo da chatice. bonito nosso trato em chatice. bonito esse à vontade. bonito esse poder dizer o que for. ah que bonito teu massagear em manhã de ônibus. nosso esgotado cansar é até bonito. bonito nosso desnudar. bonito estarmos nus em quaisquer instâncias. bonito nosso dizer, dizer, dizer. bonito o compreender e o ainda querer. bonito nosso sangue assim transbordado. bonito nosso querer o todo. bonito quando te ligo e fico. bonito é mesmo o dom de achar bonito. ou só de te achar. assim, bonito.

bruta flor do querer

insatisfação é bicho que come essa nossa sociedade. esses nossos humanos. essa nossa existência. come sem mastigar. engole digerindo em cenário de gastrite. insatisfação que nos faz refém. refém da droga. refém do fumo. refém do pó. refém do álcool. refém da gula. refém do sexo. refém da sedução. refém da vaidade. refém da traição. refém da mentira. refém até do sorrisinho bonito. refém do sofrimento. refém da paixão - não do amor. seria preciso satisfação para ser refém do amor. mas chega hora que vida implora fim da insatisfação. que fundo vida. que além vida. vida que de tão vida tem morte como apenas coisa de vida. e vida em tal implorar te dá tranco. vê aí o tranco. olha tranco da vida. e se dá tranco. só compactuando com tranco de vida é que insatisfação pode passar fome. e tranco te traz presente fé. fé te leva. é quando o fazer se faz. quando o acreditar na partilha ganha água pra se reproduzir. água que é fé. e passa a acreditar na partilha de suas meras ideias. seus meros ideais. suas meras criações. suas meras fantasias. suas meras danças. seus meros teatros. suas meras músicas. seus meros desenhos. suas meras fotografias. seus meros filmes. suas meras poesias. que meros assim, em fé materializam macro. em macro chamo o outro. pra que possamos esfomear insatisfação e partilhar pulsação.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

transpiro

Quem foi que nos mergulhou em nós?
E se em mergulho nus afundam
que em água aprendamos
a mar
a liberdade
que amor
aspira
tanta pira
limpando
nossa ira.

Aspalavrasmecomerammastigadasedigeridasasletrasnadandonessamarédecor...
Já brincou com as letras da maré.
Já versou as gotas do que amar é.
Mas a maré nos levou a nós
ao querer amar.

Lensol

Sangue em gozo a molhar 
algum início de amor.
Se hoje não há maré
haja hoje vermelho.
Se em minhas pernas sol-tão vermelho, 
em ti fica solto um palhaço com nariz derretido.
Não sei se gozo ou se sangro
só sei que em teus olhos me chamo.




Chovê

Gotas iniciavam chuva 
enquanto conversava com (d)eus
trazendo só sol em solidão
e pra arrogância o perdão.

Em rua, falou em força divina
falou em limpeza divina
falou em emoções de Iemanjá.

Foi então que chuva fez-se 
potência de limpeza
banhando aguando desabando.

Desabou água em voz
pra lavar o que tem que limpar.

Foi então que chuva 
com ela conversou.
E resposta divina
era água
água
água.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

o mesmo
que te distrai
te guia.

Piro

Só posso ter certeza
do ar
que entra aqui.
Só pode me acalmar
o respirar.
Respiro
ao começar a pirar.
Respiro
buscando acalentar.
Respiro
buscando me salvar
do louco em mim.
Ou da verdade em mim.
Eu não sei.

Eu não sei se essas questões são loucura ou chão da verdade. Não sei. Essa questão. Essa questão incabível em palavra, essa questão ser eu. Coube. Coube nessa tinta saída de caneta cheia de valor de trabalho, uso e troca. Ser eu. Como pode? Mundo vasto. Mundo múltiplo. Mundo infinito. Mundo complexo.
E sou eu.
Querendo entender mundo ao buscar entender eu.
Me afundei aqui.
Respiro.
Volta.
EsqueSer as questões ao invés de pensá-las.

Respiro.