quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Família

Agitando a visão pura que repele danças e cores, os celulares vão conversando com dedos que nada aceitam se não eles mesmos. 

A mesmice tomando a forma humana.

A repressão.

Os poemas reprimidos.

Dor

Em minha garganta há metais pontiagudos que circulam numa incessante dor lacrimejante.

Água crua

Eu já não me encaixo no meu desencaixe
E não sou o encaixe

Sou a confusão da voz que canta a meditação

O desequilíbrio das cordas do meu violão feito de ilusão

Meu chão agora é o céu
E a chuva, meu cobertor

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Crepúsculo

O sol vermelho em São João da Boa Vista
O ar pintando as nuvens de cor de rosa
A beleza toma o céu

Danço e canto com Marcelo e Mallu

A esfera cresce tomando toda a imensidão das construções 
Bola de fogo que cresce descendo pelos segundos 

E se foi deixando rastros azuis rosas
Deixando raios para serem tomados pela lua

domingo, 23 de dezembro de 2012

Fim do mundo

Seu cheiro ainda colado em meu ombro
Minha saliva pingando fogo
Seus cabelos boiando em minha pele
Sua língua invadindo meu ser
Nos olhamos suspendendo o tempo
Nos beijamos clareando o céu

Morro de mosca

Me entalaram de sensibilidade e saí dançando com as pernas desenhadas
Fiz abstrações em minha pele e canto 
Com as cordas de um trompete tantra, caminho pelo carinho

Recolhi minha pele envidraçada com gotas de luz

Abstraio dançando com os pés na grama

Velejo em meu interior contemplando o céu

sábado, 22 de dezembro de 2012

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Manhã só

Acordei e eram só caixas.
Os móveis já partidos.

Abri os olhos acendendo um incenso de mel.

Li minha loucura e silenciei meus tormentos.

Quis a madrugada de poesia.

Cantei minha garganta entalada.

Saí pelos poros da leitura e explodi minha ansiedade.

Desejei um filho e cavuco a vida em busca de amor.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Pele

Jorramos água, 
pulamos poças, 
rimos sangue, 
mordemos pernas, 
sorrimos beijos, 
acariciamos arrepios, 
recordamos casulos, 
trocamos dedicatórias, 
sintonizamos desde uma união de cabeças, 
rolamos corredor, 
plantamos no ar nossa conexão, 
sua beleza molha como chuva nossas barbas.

Em vão, Cristo

Como se corresse cheirando meus pés, a vida traz a água do nosso estranho amor
Minha pulseira de vinho, minhas vestes de manhãs belas
O despertar a cobrar seus versos moles e amorosos
A estranheza de um céu de água
Sua piscina proibida
Sua irmã exalando luz
Sua tessitura de cordas que sangram genialidade
Num jardim ficamos ausentes como água e céu

O peso do descontrole

Nas costas, o peso da culpa
As escápulas murchas
A coluna sem forças para qualquer espaço por entre as vértebras

O amor aos meus pais
A culpa de menina que teima em ser mulher, que teima em ser homem, que teima em ultrapassar a meninice
O descontrole pelas ruas
Os gritos extrapolados em lágrimas

O peso
A culpa
Ainda a culpa


Lágrimas do céu

A cada lágrima de chuva, gotas caíam de meus olhos
O céu chorava em sintonia com meus olhos
Minha respiração caminhava com as nuvens e meus soluços eram trovões

Minha dor ultrapassa os músculos, meus ossos do peito doem o engasgo

Então serei minha filha
Transitarei na maternidade de meu ser em busca de amor

Brincadeira invejosa

Você pode ganhar com isso?
Perca o dinheiro e sua respiração se fará luz.

Nó quieto

A ideia de que o silêncio se faz cada vez mais vazio.
A ideia de que o vazio seja preenchido pelo silêncio.

Chuva nos homens

Aqui os homens são de casca de açúcar.
Somente casca.

Por aí, eu

Observo a realidade com a neutralidade rasa.

Uma figura molhada que canta e olha.

Figura envolta em pano vermelho e descoberta por saia de renda.

Só olha, 
passa e olha, 
olha e canta. 

Veneno dos homens

De dinheiro nos fazem,
de dinheiro fomos feitos,
de dinheiro nos pautamos,
por dinheiro brigamos.

Por dinheiro amam.

O dinheiro é lâmina que arranha nosso peito e impregna em nosso sangue.

Dinheiro.
O asco por dinheiro.
A dependência asquerosa de dinheiro.
Me tire do shopping Higienópolis, me coloque na aldeia.

Fotografia

Houve um tempo em que os lençóis da minha poesia cobriram o silêncio.
Enquanto minha mente e meu imaginário brincavam de imagem e sabedoria, 
minha caneta nem mesmo ia.
Guardei a máquina fotográfica 
mas continuei fazendo retratos da realidade.
Minha neutralidade cobria qualquer representação 
e meu corpo, por instantes eternos, não responde 
ao que não for inevitável.

Alguns tantos versos em mim, 
versos perdidos, 
versos sem palavras escritas.

Bailarinas me guiam rumo a passos perdidos.

Hoje deixo passar qualquer inimigo do eu inferior.
Hoje, como tantos, caio na armadilha dos achismos. 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Olhos de metro

Olhos fixos com o sabor de sangue escorrendo por onde pulsa o transporte público.
Olhos verdes como meu otimismo e escuros como minha angústia.

Como ossos de vidro que não articulam o movimento do amor,
vou olhando e sorrindo,
beijando e abraçando.

Quase colando uma maçã na mordida do queixo,
a respiração faz-se pausada.

E de vértebras finas, minhas lágrimas farão o contorno do rosto.

Saudando o prazer de uma menina, 
sorrimos um para o outro.
Seus dentes tortos escorriam adorando minha poesia, 
Meu cabelo bagunçado molhava sua vida.

Despertar engasgado

Meus olhos estão caindo
São mágoas pesando

Minha expressão engasgada
Na garganta, o nó da minha presença
No meu peito, a dor da minha invisibilidade e insignificância 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Repetição

Se alguém pudesse me esconder da proibição e me apresentar o amor leve,
Veria então o toque amoroso que minha alma carece.

Escondida.

Como se falar comigo fosse o cúmulo do mal
Como se eu fosse um verme da traição

Repelente da plateia

Fico aqui vibrando para que ninguém se lembre da frisa 02.
Um foco de luz na seiva da planta,
Um corte de vidro entre mim e o mundo.
Braços cruzados com a irreverência da mpb.
Guardo minhas reflexões, 
espelho meu carinho pelos olhos.

Meu corpo precisa calar a poesia por segundos de lua cheia.

Oswaldos

Caso queira cantar sua dor, eles não podem atender.
Caso queira companhia para um show, eles não podem atender.
Caso queira um texto teórico, eles não podem atender.
É o preço das outras que sou e fui.
São os 25 centavos em meu peito.
Eles nunca podem atender.
Eles estão sempre ocupados em suas gaiolas douradas.


Tem ferida que fica, tem solidão que arde.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Estar



Enquanto espero conexões e o fim de um francês café,
Vejo as cores do Higienópolis,
Faço palavras do meu gosto de tédio,
E voo pela minha calma.
Então seria desprezível sentir o café aos poucos.
Numa manhã de domingo, em minha pequenez sonhadora, envolta em dinheiro.
Implorando por uma tomada que me sustente, estaciono no café.
Viajo pelas curvas da espuma e o líquido me prende como caleidoscópio.
A beleza das formas e a sutileza de luz e sombra
Como se pingos de estrelas boiassem na bebida marrom
A intensa cor que me faz inutilmente parar.

Com luvas de bilheteria e meias de academia,
Vou brincando de sentir saudade.

Tão bonito quanto dormir é olhar.
Parar e olhar.
Acariciar com os olhos.
Prensar com os olhos.

Mas tão sensível quanto olhar é fechar os olhos.
Fechar e sentir a cerca de sons.
Boiar pelos ouvidos que cruzam o espaço.
Ou apoiar os ouvidos no encéfalo.

Ainda tão colorido como ouvir é gostar.
Gustativar, lamber, comer.
Molhar o objeto para penetrá-lo pelos poros vermelhos.
Absorver com a crua caverna dos lábios e estrada da língua.

Viciante como sorrir é cheirar.
Aprofundar o gosto do cheiro.
Trazer ar das marés do cheiro.

Tão vivo quanto existir é estar.
É fazer os pelos caminharem pele.
Intuir e tocar.
Tocar para ser.


sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Juno reprovada

Em tons de cereja e apelidos de uva, faço testes frios e compassivos.
A compassividade dos meus olhos é sutil e frágil como pele de galinha.
O corpo move-se na coluna da voz boiando com colares de ostras.
Estou solta como pássaros domésticos.
Jogo fora meu tempo e costuro minha hipocrisia.
Um acordo entre minha febre e meu calor, 
um choque entre minha tosse e o silêncio.
Coçando minhas fotos de doces sonhos, 
inventei palavras inúteis 
que vão me enganando 
numa poesia sem fim.

Minha tranquilidade corre como vespas em gotas de almoço.

Estou apenas falando.

Estou apenas mentindo.

Mentir, mentir, mentir

E existir.

Meu intestino coça os círculos do meu inchaço.
Soltarei as plantas no céu do meu calor.

Em meados de primavera, minha folhas vestem-se de preto.

Brinco de palavras, 
escrevo o vento dos dedos.

Gula terapêutica

Enroscada na antecipação e envolta em desespero.
Olho em meus olhos e só vejo a minha falsidade.
Mexo meu corpo e só escuto as sombras.
Onde está minha luz?
Vou andando em busca de algum sopro sincero com meus órgãos mais internos.
Colo minhas mãos nelas mesmas.
Interrompo o descanso da mente.
Vou mentindo, mentindo, mentindo.
Minha solidão apavora todos os sons da minha respiração.

Meio

Há pausas e olhares
Pequenas concentrações de línguas inúteis
Se ninguém o vê, ele nada faz
Disparos contra toques sensíveis e sutis
Disponibilidade morena do quadril
Ouvido dançante
Os egos infantis que vibram nos aplausos
Rosto neutro tomado.
O mistério torna-se uma transparência

O niilismo assopra em meus calcanhares
E o centro não foi visto em momento algum
A fala ainda não deixa alguma sintonia chegar
Sons, sons, sons, apenas sons audíveis
e nenhum som de corpos prontos para o nada
Como se as minhas unhas puxassem meus sorrisos para longe de mim.


Me enterrei em meus atrasos.

domingo, 25 de novembro de 2012

Água lilás

Enquanto ainda restam as letras soltas em meu metaengano, vou soltando meus sopros brancos
Minhas pétalas de beijos se foram
Mas minha pele eriçada aumentou como o calor de uma virgem

Peles morenas que emudecem minha monotonia
Com pequenas gotas de carinho, seus olhos me puxaram como imã de saliva

Nas horas marcadas do banho frio, meu dedo latejante canta meu silêncio

Como se molhasse meus cabelos em fogo, minha preguiça come meus pulsos lentamente

Velejo pelas ruas

Caminho pelos neurônios

Nado pelo nada

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Lágrimas roxas


Deito minhas agulhas em encantamentos cor de uva
Nas costas do início, coloco minha reputação pobre e podre
No peito do adeus, pressiono meu passado doce cheio de lágrimas

Me amarro na impossibilidade de amores de 1980
Coloco meus pés no cimento do desejo

Se me ensinarem o que é o amor, poderei aprender a dizer "eu te amo"
Por enquanto vou distribuindo minhas balas de amor por aí
Vou cavando minhas nuvens rosas e banhando minha iminência

Como um vinho que desce mas balança na fronteira entre o vidro e o ar

O que é eterno não me serve

domingo, 18 de novembro de 2012

Eu não vou me adaptar

Aqui onde meu sangue corre é onde não posso ser eu
Aqui onde há tanto amor é onde devo fechar minhas pernas e fingir ser recatada
Aqui onde me sinto acorrentada é onde devo fingir que sou uma doce menina
Aqui onde eu não aguento esconder o que sou
Aqui onde meu corpo dói por não poder ser ele
Aqui onde querem colocar vergonha no que eu tenho de mais belo

Custaria muito perceber que meu desapego é o que tenho de mais bonito
Que minha pureza está nas minhas pernas abertas e meus peitos à mostra
Que meu amor é irrestrito a um único gênero sexual
Que meu amor é irrestrito a um único ser
Que meu amor eu nem sei onde se encontra

A dor do desencaixe

Ser normal é dolorido

Aqui onde há tanto conforto físico
Aqui onde as paisagens são das mais belas
Aqui onde um condomínio fechado de casas cheira tranquilidade

Aqui onde isso tudo é somente superficial
Somente visível a olho nu  vestido

No invisível se esconde tamanha hipocrisia
Dentro de mim toda essa mentira é expandida

ONDE ESTÃO OS CORPOS?
ONDE ESTÃO OS HUMANOS ANIMAIS?
ONDE ESTÃO AS GENITAIS?
ONDE ESTÁ A VERDADE?

Estão escondidos por de baixo dos bons costumes.
Fale baixo.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Banco distante


Pelos versos do interior, meu lugar se isola cantando liberdade
Observo as linhas do espaço
Vejo a angustia pobre de uma senhora tão vivida
Vejo a solidão da velhice
Que caminhemos construindo beleza corrompida
Que voltemos ao doce olhar de uma busca incessante
A busca de um simples alguém pra falar

Depois da sua voz

Caminho lentamente nos olhos dos deuses mais sutis.

Ao queixo que se levanta quando o elogio pulsa, minhas letras vão se fazendo sem qualquer sentido.

Estou toda de branco esperando os perigos dessa vida.
Estou deixando pedaços do meu suor para o meu próprio leão.
Minha luz não sabe ainda carregar o prazer.


Gostaria de olhar nos lábios de Aline e beijar os olhos de Débora, 
como se quase as amasse por tabela.
Como se eu não fosse apenas outra, mas um apêndice do amor.
Sou tão linda que só espalho sofrimento e tão cheia de pudor que vivo nua.
Me despiria lentamente a elas, beijaria seus joelhos e lamberia seus mamilos como se fosse eles.
Me faria homem para, numa hipocrisia tamanha, desculpá-las por qualquer falta de amor.

Estou só, 
só e com as mãos tateando o escuro em busca de prazer.

Irei apenas onde a vida estiver me esperando com olhos lacrimejantes.

Essa noite sonhei com você, com seu cavanhaque roçando algum pedaço de minha alma.
Com pedaços de chuva seca,  um buraco se faz no abismo do seu peito.

Vem cá, que tá me dando vontade de chorar.

Passearei pela língua de Marcelo Camelo sentindo o gosto bom de ser sensível.
Sua saliva impregnada de solidão, seu timbre doce, sozinho...

Meu amor valeria a pena apenas a algum passarinho que pousasse suas costas em meu ombro direito.

Meu coração já se cansou de falsidade.

Embrulharei minhas lágrimas e sorrisos para presentear qualquer instante presente.

Doce saudade

Estamos acorrentados pelos números em cifrões, pelo falso moralismo e pela solidão.

Vejo minha barriga crescendo como se não tivessem mais para onde ir os meus sorrisos. 

Minha letra toma a forma de uma delicadeza dos meus meus onze anos.
Os agudos do piano me puxando rumo à nostalgia. 
A saudade que levemente ainda pesa em mim.
Sua alma extrapolando sua boa forma, meu amor vai além do galã empreendedor.
Meu amor por você tomou uma leveza tão pura onde não há mais espaço para o rancor.
Vou de encontro à ingenuidade sua que restar, 
à última gota de sensibilidade ingênua que for possível lamber.
Extrapolaria o corpo para te mostrar o brilho tão doce do meu amor por você.
Como se bebesse um vinho tinto em garrafas de água, 
beberia minha saudade de você.

Queria ouvir sua vida, estar em cada ponto mínimo das suas aventuras.
Queria te dar minhas novas realidades, 
fazer sair de mim a você qualquer felicidade que em mim houver.
Na catraca da rodoviária lembrei de sábados puramente arqueados nos trilhos dos trens.
Seus poros mais abertos, seu corpo mais forte, seus olhos mais caídos 
e sua alma mais escondida.

Mas é aí, atrás do homem forte de negócios que quero estar. 
Aí onde poucos veem, no menino aventureiro que chora sozinho para que ninguém veja sua fraqueza.
Deixe-me viajar nas ilusões da minha nostalgia e fugir pra você 
quando tudo não me basta.
Quando vou sorrindo com olhos molhados 
e beijando com a alma 
que de tão leve, 
é tensa.

Caminho da noite

Minhas pobres cotias estão lançando luzes pelas paredes do cobertor pautado em doces sonhos que choram gotas de gozo quando minha mão se enfia nos lábios mais quentes por onde passam minhas costelas brancas, repletas de pus enquanto marco o tom do respiro da vida, o início ao fim, meu gozo brisado que vê olhos de costelas riscando o azul pobre dos ossos mais porosos por onde passam as fraturas por stress.
Meu gozo que me foge ao me engolir com cheiro de lua.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Costas de cifrão

Meus olhos caíram como se uma prostituta guardasse seu salário
Ainda sou uma prostituta que cobra olhares
Minha garganta se alaga ao ver minhas nebulosas relações

Então o machismo me pisa com beijos bons e macios


Como se me escondesse em véus transparentes, vou adorando seus círculos vermelhos bissexuais


Com tantos beijos e desejos, vou andando só
A dificuldade do singular pesa em mim

Meu amor a essa potência que transborda em beleza
À estrela dos olhos radiantes
Aos olhos aguados
Aos olhos infantis

Há minutos a maciez tornou quente meus olhos vermelhos

Minha vaidade beija meu orgulho enquanto dançam na luxúria dessa minha gula permanente.

sábado, 3 de novembro de 2012

RENASCIMENTO PLENO

Nasci

Nasci com a calma da sensibilidade mais pura

Otavio Donasci deu-me a vida de presente.

Minhas palavras ainda não alcançam a poesia do meu respirar

Apenas meu sorriso, meus olhos e meu corpo transpiram a poesia do meu renascimento

De um casulo, para a vida

Não me cabem palavras.
Em mim cabe apenas a gratidão, o amor e muita vida.

m u i t a v i d a

amor

a m o r 

em nosso corpo, todo o sagrado
em nós, toda a vida

um sopro de expansão

um salto na 
p l e n i t u de

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Um mais um

O que somos, se não exigências enrustidas?
Nossas mentes estão encharcadas de exigências para com os outros para com nós mesmos.

Onde está a força de uma amizade?
Deve estar na leveza desse amor.

Até quando seremos lugares em pódios uns dos outros?
Ou até quando seremos expectativas de metade da laranja uns dos outros?

Estamos todos presos, presos pelos nossos sentimentos.
Nossos sentimentos estão impregnados de possessividade e prioridade.
Nosso ciúmes nos corrói.
Nosso desejo nos destrói.

Quando o coletivo de fato existirá?
Quando deixaremos de ser dois para sermos nós?

Mas nossos sentimentos querem ser de um.
Mas nossos sentimentos querem ter um.
Mas nossos sentimentos ainda querem ser dois.

E pra que lado iremos nesse incessante mar onde boiam os sofredores por amor?
O que engole a dor
Ou o que cospe a dor?
Há sempre um lado que pesa e outro lado que flutua

Nós quatro

Esculpi meus olhos com a brisa da noite
Deslizei pelos corpos com um sorriso infantil
Pousei minhas carícias em três belos seres

Três encantos da noite passada

Três pares de olhos que em mim me deixam

Ah se eu pudesse arrastar esses três encantos em meu lar
Veria seus beijos com minhas mordidas no ar
Sorriria a três belos falos
Beijaria três gratidões
Me entregaria a três gosmas azuis

Com saias e beijos homossexuais, homens tornam-se tão mais belos...
Se os machistas da academia soubessem o quanto ficariam atraentes beijando-se e vestindo saias, nunca mais desejariam o carro tão caro.
Nunca mais fariam das moças, objetos
Nunca mais se xingariam de viado
Nunca mais seriam os mesmos








terça-feira, 30 de outubro de 2012

Coração vagabundo

Os caminhos de um sorriso te colocam na madrugada dos meus pelos
Seu cheiro ainda afoga meu vestido
Seu suor ainda compõe os versos dos meus olhos
E pelas três da madrugada grito sua androgenia

Nos meus pés estão amores caídos
No meu braço levo mágoas alheias
No meu púbis coloco o abandono instigante

Com tantos beijos e pouca estabilidade,
Meu peito se prende nele mesmo
Meu pobre coração não vale nada

Nessa imaturidade eu levo a solidão

Nessas tantas companhias, meu sopro virgem

E enquanto minha língua pulsar o desejo,
Virão outros tantos olhos encantadores

Até onde vejo o apodrecer das rosas
Estou presa em minhas rosas que iludem o amor

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

De onde a terapia me olha

A poesia espera calada pelo meu renascimento, 
sopros de calor me guiam cheirando cachimbo terapêutico.
Minhas vestes são derretidas como sorvete, 
meus olhos fixam a luz da limpeza espiritual.
Estou de pé, em frente a ervas tão sutis quanto minha alma.
Me escondo na promiscuidade e desmistifico a culpa, 
revejo meus poemas e sorrio à luz.
O espelho da sabedoria converte minha ignorância e caminho no tempo de um dragão.
Não explico meus morangos virgens e desamarro minha pele vaginal.
Solto minhas vestes com a calma da tolerância e escuto meu caminhar tão nato.
Diminuo a velocidade e espero meus deuses mais secretos. 
Olho o sombrio, invoco vida pela nuca. 
Meu corpo foi abandonado num sexo cor-de-rosa
Vou com olhos fechados, 
canto meu silêncio.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Aqui

Danço em minha solidão

Corro para terapias que possam me salvar de mim mesma

Meus transtornos estão comendo meus pés
Mas um sorriso angustiante me guia ao céu
Meu impulso para o passo é tamanho que não saio do lugar.

Vulto do querer

Prendo meus beijos em seus olhos infantis
Não sei amar
Ando enquadrando minha inconstância
Pairo na terra de uma carícia
Arranco barbas do quadro cubista desmembrando sobrancelhas
Encanto meu sangue em flores platônicas

Estrela


Esfregando bochechas e acariciando os pelos, nossos olhos eram envoltos num brilho aguado
Meu colo inconstante por onde sua boca desenha arrepios e mamilos florescem
Um olhar triste dança em minha plenitude tão exacerbada de sorrisos
Minha pele avança na sutileza da carícia ao ar
Meu pescoço arranha sua pele de luzes pontiagudas
A estrela dos seus olhos lambe minhas narinas
Cheiro sua sensibilidade
Arrepio em seu cabelo plantado numa nuca de gelo e fogo
De mim saem lágrimas de alegria
Estou desviando
Desviando rumo ao mar sensível do abismo
O abismo do seu ouvido me engole dançando no suor

Dionísio nos guia com o pulso do beijo

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Eu vou pagar a conta do analista pra nunca mais ter que saber quem eu sou.

Mentira

Me afogo em cafés sem açúcar para me manter acordada
Estou pesando em mim mesma

Preciso dormir, preciso sair, preciso ir
Preciso ir
Ir

Ir

Ir

O que faço aqui se não a autodestruição?

O que respiro em mim se não o medo de mim mesma?

Estou cada vez mais longe de saber amar
Faria aulas de relacionamentos, aulas de amor, aulas de paixão
Minha intensidade está na minha ignorância

E vou indo, apenas indo

Não me acaricie, não fale de minha família, quaisquer lágrimas serão poucas, a dor não se cala.

Não sou capaz de esconder, estou cavando meu abismo a cada mentira de mim para mim.

Para onde me leva esse peso, essa mentira, esse recuo?
A lugar nenhum
À dor
Uma dor solitária

Meus sorrisos fracos estão desdentados
Estou nua,
Sentindo pequenos cortes em cada parte do corpo

Mas não há nada de errado.

Por favor, me tire de mim.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

cimentágua


Lhasa dança com lágrimas em meus pulsos
Alcanço Pina com a ponta dos dedos dos pés
Meus pés cimentados por onde não passam ilusões
Por onde o que vibra é somente o desejo
Ali só cabe a iminência
O tremor das pregas vocais não mais produz sons
Qualquer som é empredrado nas minhas lágrimas moles
Em cortes de pedreiro, meu peito é cada vez mais acorrentado
Sou maior que meu corpo
A adoração ao corpo é também o aprisionameto do corpo
Eu tento
Mas eu só tento
A epiderme de pedra das minhas tibias faz pontiagudos cortes na minha alma
Eu não caibo em mim

O aprisionamento do cimento
Então viro a especulação imobiliária
Então viro dinheiro
Então toda a minha potência de vida passa a ser apenas dinheiro
E o meu amor fica no grito que não consegue sair de mim

Minhas vontades endurecem como cimento em mim

Quantas demolições serão necessárias para eu existir?

Quantos desconstrutores de cimento serão necessários para eu me mover?

Quantos banhos serão necessários para que me deixem ser?


Água

Apenas água

Apenas me afogar na liberdade

Apenas me aprisionar na liberdade
Enquanto minha alma ainda é pedra

Então me afogo em água de pedra, em pedra de água
Então sou misturas
Misturas da minha dança que me mata

Até ali vou querer apenas seus olhos
Até ali ainda minhas lágrimas serão maiores que qualquer cimento

Me traga olhos molhados para que eu amoleça qualquer pedra

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

São críticas que falam de relação isolando os atuantes do próprio meio.


Depois da cegueira


Quero comer os corpos que vejo, quero apropriar outras peles nas minhas
Depois de estar cega, minha pele enxerga com outras lágrimas e sorrisos
Uma faixa de gaze é transbordada pela gota mais bela de cristal
Estou no êxtase de existir
Estou envolta de intensidade

Meus olhos estão na nuca e meu cabelo sorri

Minha anterior realidade me é impermeavelmente distante

Eu estou próxima do fim
Qual fim?
Ou só estou na vida

O paroxismo sensorial me aproxima dali

Estão falando de sofrimento
E eu estou vibrando de sofrimento

Se vivo, vivo apenas para querer e fazer arte   

domingo, 14 de outubro de 2012

Pulso de tormento

Atormentam meus passos sua mediocridade
Você precisa deixar de olhar só pra si
Precisa ver o mundo sem seus olhos de patricinha
Sua falta de ouvido
A pior surdez é a daquela de quem pode ouvir
É a sua

Me incomoda um mesmo sangue ser assim, tão fechado, arrogante
Me incomoda meu sentimento de superioridade ao dizer isso
Mas me incomoda mais essa sua louca vontade de enriquecer
A BURGUESIA QUER FICAR RICA
ENQUANTO HOUVER BURGUESIA NÃO VAI HAVER POESIA
A BURGUESIA SÓ OLHA PRA SI
EU TAMBÉM CHEIRO MAL
Eu cheiro muito, muito mal
Mas meu cheiro não impede meu pensamento
Meu cheiro não impede que eu ignore a ganância, que eu queira pisar na ganância
SÃO CABOCLOS QUERENDO SER INGLESES
Até quando seus atos caminharão somente rumo à aparência que brilha mais que seus olhos?
Às jóias, às marcas?
A sempre aquilo que não tem?
À desvalorização da sua vida?

Sou engolida pela hipocrisia, mas não posso suportar sua ganância exacerbada
Sua falta de amor pelo hoje
Sua falta de presentes no presente

VAMOS PEDIR PIEDADE

sábado, 13 de outubro de 2012

Meu prazer imenso em ouvir os olhos de músicos tão belos

Ao pavão

Se um dia sua falsidade viesse dar as caras, diria santa chuva a você

Mas só de longe ficarei vendo suas corridas
Sua aventura de pavão

Num domingo, meu carinho por você brotou no vinho que bebi
Tão calmo e nostálgico o meu afeto
Não se compara ao anterior
Sinto saudades da sua presença

Hoje não necessito do seu toque
Hoje não gastaria horas trocando respirações ao seu lado

Hoje só resta meu simples carinho


Mantiqueira morta

A cidade tão quieta, tão vazia
As fuligens dançam em minha caminhada
Os crepúsculos nunca abandonam nossos olhos
Corro pelas gramas silenciosas de São João
À procura de jornais, meu calcanhar não se cansa de andar

As luzes jorram cílios metálicos pelas cortinas
Numa casa branca onde bastam movimentos circulares para o cenário se fazer em nuvens

Minha pequena solidão tão tranquila
Sorrio de braços abertos cantando um prazer tão leve quanto o céu de São João

Há alguns anos, andava aqui com outras imagens voando no cérebro
Meu andar era outro
Minha velocidade se esquecia da poesia

Hoje vou com os peitos soltos e na velocidade do ar que dança no meu pulmão

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Antologia

Uma compilação de agosto passado, setembro passado, outubro passado, janeiro e agosto presente
Uma antologia de sebo, sabiá, pavão, ramos e outra frequência

Em você uniões se fazem
Dos vídeos musicados que jogam declarações ao vento
Das intensidades animalescas
Das conversas intermináveis
Do companheirismo sincero
Do desejo que faz brotar a paixão
Nenhum presente alcança sua sutil arte de existir
Talvez dos telefonemas vivos
Ou ainda dos pensamentos e passes livres em vontades

Antologia dos amores

Antologia da minha ignorância em amar

Ou ainda
compilação de luas misteriosas do seu cheiro
Ou ainda
sua singularidade

um braço sendo rabiscado por pelos loiros





Interrupções fantasiosas


Interrompo leituras para fazer palavras dos sons de Nelson Freire
As pulsações de escritórios cobrem os cantos recheados por tintas vermelhas
Num caminho de puro desconforto, grito por pianos que relincham agudas vestimentas
Não mais haveriam pontos nas locações cinematográficas
As confusões se fariam cada vez mais absurdas
As árvores seriam cor de mel e os rios roxos
As putas seriam saudadas com uma xícara de café
As boas moças caretas se debruçariam em taças de vinho
Os machistas dos bares enfiariam dedos no cu
Os homossexuais pintariam o céu com o umbigo

E restaria ali, num canto qualquer, nada mais que a incerteza

As cobertas da iluminação saltariam de mesa em mesa
As risadas jorrariam fones de ouvido
A limpeza seria pintada dum preto quase bege
Minha mãe pediria que eu berrasse poesias pela cidade
Meu pai pediria vinho a cada ligação
E Dionísio iria me chamar com uma voz rouca
Na liberdade da fantasia um símbolo iria se fazendo forte
E dinheiro teria o mesmo valor da culpa

E a blusa branca seria como uma dor lavada
E, as rugas no tecido, pequenos caminhos de se escrever dores novas


Ônibus da educação


Uma pausa em Paulo Freire para degustar o som da saudade de você
Nadando pelo timbre de Norah Jones, lembro-me dos seus olhos tão confortadores
Sua plenitude traz em mim o oxigênio leve que pulsa
Minha pulsação tem baterias infinitas coladas num corpo pequeno
Avisto você num outdoor laranja de Batatais

Ontem exalava lágrimas de vinho
Meu corpo queria me jogar como rosa amarela na rua

A chuva unilateral sorri como senhoras namoradeiras

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Não me atenda

Quantas irritações do meu peito farão as mágoas gritar choros maternos?
Meu injusto dizer traindo minha existência
Minha inconsequência impulsiona o arrependimento
Me afogo na minha violência
Espero que ali eu viva
Eu quero a rua
Eu preciso dormir na rua
Eu não sei o que faço nesse cubículo de tijolos
Minha ignorância vai violentando minha vagina e barrando cada vez mais minha liberdade utópica

Poetizar

Minha saliva corre para a escrita
Meus dedos não cessam ao desenhar versos
Transformo qualquer olhar em incontáveis mistérios
Circulo minha imaginação com incontáveis cores aguadas
Meus pincéis foram feitos de pedra
Mas minha tinta é de fogo
Desenharei quantos cheiros forem necessários
Cantarei minhas cordas frouxas exagerando a solidão

E numa festa pobre, vou sentar para dançar apenas os olhos arregalados

Em preto e branco

Me fale das impressões de quando meu sentir não chegava a você
Misture sua falsa ingenuidade nos poros da sua inveja
Cimente minha arrogância sublinhando minha intuição
Veja minha sede e tire minha água

Performar

Coreografias e textos serão queimados e passarão a existir como cinzas da memória
Estou falando em ser
Em existir em arte

Face

Poderia passar horas brincando de sentir
Moldar minha respiração conforme o contorno dos meus lábios
Dosar o líquido dos meus olhos
Olhar o medo dos meus olhos
Sentir uma beleza pelos lábios cortados
O cabelo caindo
A sombra do nariz contornando lentamente minha delicadeza
Meus lábios cortando rapidamente minha intensidade
Meus olhos que vibram no desespero vermelho do choro

Em cima do muro

A clareza da minha distribuição de sorrisos está no medo
O medo do abraço unilateral

Eu não sei querer pouco

Eu sei querer nas mais variadas vibrações, cores e tensões

Pra não me afogar em outros batons intuitivos da dor, continuarei a distribuir dentes

Me

me tenha como flor pra que eu ignore o diálogo
me torne amor pra que eu vibre sem dor
me torne

me olhe

me chupe

quero um salto

exigimos pobres palavras
não sei até quando meu pulso aguentará sem cuspir meu corpo pela janela de um apartamento no décimo segundo andar

necessidade

eu preciso comer com as mãos
eu preciso engolir com as unhas
eu preciso digerir com línguas de fogo

Apenas danço

Numa grama trêmula, nossos ossos eram amarelos
Seu psicologismo ainda olha com gotas de mágoa a pureza de um inferno
A hipocrisia das costelas amortecem nossos músculos
Sua família vai caindo enquanto meu fígado vai sendo apertado por uma mão cinza
A atitude triste de uma mão que corrói anjos pelas vestes pretas
Nas intuições, eu sempre soube de qualquer traição
Liguei meu corpo a uma dieta de chá verdes
Meu passado ainda me cobre como uma luva cirúrgica
Minhas pernas ainda doem
Meu ossos ainda corroem
A boca cheia de batom olha celulares de traição
As preocupações são brandas
Meu olhar é estacionado
O pior de um colar é o feixe
O melhor de um olhar é o sorriso
Ilusões
Pobres clarões
A maldade ainda é o caminho da ignorância
Digo sem saber
Ando sem querer
Quero sem poder
Posso sem amar
Amo sem pudor

Drogas dos carros de fumaças pretas

Meus dentes piscam goelas e bolhas

Há sacos de sangue no olhar

Jovens brandos e calmos fazem sexo

Preciso chorar

Preciso cuspir

Nunca serei um casal

Sempre correrei pelas plumas da solidão

E escondida, eu precisarei apenas dançar

Dançar

Dançar pelo chão, escorregar o corpo pela bebida

Danço com meu coração pulsando, abraçado pelos meus braços finos

Danço e molho

Danço

Apenas danço

E não sei mais para onde e nem a razão das minhas lágrimas

terça-feira, 9 de outubro de 2012

tosse

Não basta viver
É preciso performar
É preciso ser

Solo coletivo

A cama me espera
O sono se esconde por baixo das ondas silenciosas de mais uma madrugada

Não cabem em palavras meu choro tão cheio de felicidade, amor, um pouco de dor, muita dor esvaindo...

As palavras não me cabem
Engulo o cimento para mastigar minhas pedras
Pedras de culpa, de dor, de ilusão, de realidade, de matéria, de corpo, de voz
As pedras se amolecem ao sentir olhos de um coletivo
Sinto a beleza de um desvio

Ah, viver...
Eu, com a cara limpa e sentindo o gosto de um jato d'água, tentando dizer que é preciso viver.

sábado, 6 de outubro de 2012

Outro arcano

Rasgando e moendo carnes, minha dança luta contra o desejo
Acordo com os olhos pesando outros carinhos
A janela me abre com gosto de eremita
Meu corpo repousa nos braços belos de um mar de olhos
Instalo meus pés em rugidos de leão
Subo meu olhar enraizado em cabelos de Villa Lobos

Métodos


O olhar acadêmico confunde as vestes de um dragão
As conquistas humanas incoerentes nas rotinas americanizadas
A sistematização da palavra impulsionando e barrando

Vejamos a criança suja de Alberto Caeiro
Leremos com a intensidade da curiosidade
Viveremos com a vontade de fazer pra ser

A nós


Veja você aí, Isabella
Aí onde não há mais ninguém
Aí onde só existem você e seus olhos
Seus olhos que lacrimejam
Seu sorriso que colore pequenas lágrimas
Veja seus pés que imploram por movimento
Veja sua frustração
Veja sua inutilidade
Apalpe sua fé
Apalpe seu passado
Aperte seus olhos ao lembrar-se da família de ovelhas brancas
Aqui só existe você e um café
Aqui você descansa os olhos escrevendo versos nostálgicos
Você banha sua vida numa grande improdutividade da qual se orgulha
Você vive o orgulho da sensibilidade
Você muda
Você vai andando e transformando
Ou apenas para em você mesma.
Você escreve poesia a você mesma.
Seu egoísmo está te corroendo.
O sabor dos seus olhos serve de composições a Thiago
O cheiro do seu sorriso serve de escrita a Paulo
Seu dormir em lua serve de versos a Outro
E aí vai você descendo ao abismo
E aí nos vejo circulando pelo moinho
Ouço-nos vendo Cartola
Escuto-nos sentindo Cazuza
Preste atenção, querida, continue a andar na vida, continue cavando seu abismo, mas nunca, nunca pare de dançar.
Nunca adormeça em si seu movimento.
Nunca deixe seu corpo te acorrentar.
Suas inevitáveis correntes de pele, osso e carne um dia cairão
E quando esse dia chegar, sua alma verá o outro lado do amor.
Seu corpo não mais reduzirá suas ilusões
Sua realidade nem mais existirá
Aí sim você verá a fuga da vida
Aí sim você sairá do seu caminho de fogo

Projeto de Lars


Nossos traços melancólicos chorariam árvores
Nas cobertas do mundo, nossa existência só sente frio
Nos ossos do ar, nossas genitais vibrariam
Escorrendo olhos pelo mundo
Daríamos presentes sexuais aos nossos pais

Em escola de atores tudo o que fazemos é fingir vida.
Falamos de angústias e fazemos o cotidiano nadar em nós.

De que adianta viver?

Que a vida nos engula, nos afogue em amor.

Repetido trajeto


Um leve pousar das patas do tigre nos meus dedos
Corro para alcançar meus enganos
Engulo-me ao andar em círculos
Jogo-me nas pausas cobertas por atabaques
Por isso não apareço.
Num momento em que uma aulinha não cabe mais em mim.
Na Marechal Deodoro meus impulsos apavoram o músculo da minha face.
O incenso que impregnou nos meus pertences.
Quero desviar da mediocridade
Vou desviando...
Caminho em função do amor.
Só o amor consegue me impulsionar
Só sei andar se amando.
Só sei ir se apaixonando.
Paixões, amores, desejos, olhos.
Na madrugada ouvi um pássaro tão solitário como eu.
Escrevia a alguéns tentando conter saudades suportáveis.

Novamente naqueles mesmos trilhos de trem...
Nesses trilhos que seguro o mesmo caderno
Nesse caderno que carrego outros sentimentos
Nesses sentimentos que fazem outra poesia

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

"Se eu estou, eu sou, se eu sou, eu posso ser de quem eu quiser"
Antonio Januzelli



Um querer

Pauloalbertooutrothomascarlosfelipeantoniojoãosissiflorthiagohenriqueangelaattonprimarcosmarcelo

Uno o desejo para melhor andar em amor
Um toque quente para molhar a vida

Brincar de ser, sorrir pra existir

Acordo com o cheiro de máquinas gritando meu atraso
Travo as respostas na bacia da solidão

Colori a poesia com pausas de correspondência
Acordo meus sorriso cantando Tim Maia e Chico Buarque
Minha tosse ronca num nariz congestionado e implora por tranquilidade
Meu sorriso se faz cada vez mais e mais inevitável
Meu presente me dando presentes cada vez mais bonitos
Lágrimas escorrem pelo meu rosto
Lágrimas calmas
Lágrimas de amor
Lágrimas de saudade
Fios de felicidade
Gotas de alegria
Pingos de vida

Não consigo pausar meus beijos
Meu corpo é abraçado e abraça na mesma frequência que sorri
Como agradecer tanta beleza, tanto afeto, tanta sensação?
Tanta
Tantabão
Me permito risadas solitárias de um humor pobre e tão pulsante

Chamo por ser 
Abomino o pensamento enroscado que acorrenta o amor


"Me olhe,  pelo amor de deus, pra eu saber que eu existo"
"Me toque, pelo amor de deus, pra eu saber que eu sinto"


Antonio Januzelli aumenta o meu sorrir e me empurra para toda presença e potência de vida
Marcos Bulhões me ergue fazendo meus pés respirarem prazer
Me amolecem os músculos
Me encaixam pelas articulações
Nos unem por ossos
Nosso corpo vai brincando de ser
E trazendo toda a potência de viver

sábado, 29 de setembro de 2012

Metodologia da expectativa


O gosto de questionar, mesmo que as reprovações queiram te engolir
A ironia levanta sobrancelhas com a fuga de si mesmo
Minha dispersão me joga ao positivismo
A memória faz tampas nadarem em coletivos acadêmicos
Pinceladas de lua me querem em cima de você

Quais as minhas expectativas?

Quais as minhas forças?

As crenças ali escorrem pela arrogância
Sibilam silêncios colando os ouvidos na África

Nada é óbvio
Nada é claro assim

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Onde

Onde está minha falsidade
Meus olhos são fechados lentamente pelas forças das lágrimas
Minhas profundas saudações leoninas se escorrem pelo meu rosto simétrico
Ainda meus olhos jorram com a intensidade de um leão a salvação pura da invenção
Sou abordada por amores e inventada por dores
Repito as meras ponderações e acolho as repetidas repartições
Ainda jorro meu gosto ao que mais intensamente sugar minha pela enquanto canto a dor
Meu peito ainda quer expulsar a ansiedade
Ainda sou apenas o desejo
Ainda desenho iminências
Ainda não ando nem paro
Ainda sou o muro infeliz da repartição aristotélica
Minhas mentes não mais suportam sua antipatia de teatro
Não quero um teatro que só queira expor algo
Não me move um teatro que só queira o elogio
Eu quero a dor latente da doença escorrendo pela performance
Busco o sabor da verdade quando uma identidade revela arcanos e dores reais
Não admito seus bicos moles que me enganaram por tanto tempo
Me afogo em outra ilusão
Não sou mais que a cerveja entupindo a garganta
Ainda boio em mentiras
Ainda não sei existir.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Voltei ao amor

Desperdicei versos em telefonemas de monotonia
Calei minha poesia nas águas do rancor
Viciei meu cansaço nas noites não dormidas
Ceguei minha pele na bagunça da minha vida
Cantei incômodos sangrando a valorização dionisíaca
Escravizei meu espírito só pagando com ansiedades frustrantes
Não acolhi minha força nos ossos da condução
Onde estive correndo no amor, a desorganização nadava em mim
Adormeci num pau eterno de Electra
Colori minha sexualidade com Édipo
Em degrade fiz o meu desejo pluricelular
Expulsei o amor de mim e distribui beijos
Mantive olhares fixos na vontade exótica de seus cabelos
Por onde eu ia secar minha faringe, um corredor de línguas me puxou
Seria sua se não fosse do mundo
Quero seus olhos enquanto a introdução extasie nosso amor
Em você minha mente pousa
Quero você em mim, nos quero ardendo em amores livres
Provaria só de você se nossos pelos trançarem tanta pulsação
Hoje apenas abro meu ser sorrindo lentamente ao ler seus poemas
Voando eu vou pescar aquilo que acariciar meu rosto com a suavidade de um olhar verdadeiro
Banho minha imaginação numa faca florida em vestido de menina
Construo uma paixão platônica pela doce flor de cabelos caídos
Flor com vestido azul dançando pontos de tempo ao amar Caetano
Sorrio àquela moça em minha imaginação de Gal
Faço do timbre de Zélia o meu platônico pela moça flor
Da memória uso a atração que um dia pousou em mim
"Eu me aposentei dessa vida e dirijo empresa de sonhos"
Invento traições
jogo com a heterossexualidade
beijo a perdição
Pauso a escrita e ouço o gosto do sorriso lacrimejante do mundo

sábado, 22 de setembro de 2012

É um misto de impotência com felicidade
Caio nesses olhos suados com cheiro de bichos engolindo babas
Me arrasto em seus pelos arrepiando a cor da respiração ofegante

Nó conceitual

Não adormeci pelas horas de nova primavera
Em quadros metodológicos minha mente cantava Zélia Duncan
O bem estar pulsando em chás de hortelã que me carregam pela noite

Sem saber ao certo a cor do sono, 
meus olhos fixam pesquisas 
Enquanto ontem exalava o bom do amor, 
hoje calo a saudade nos estudos


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Azul voar

Brinquei de inventar outra paixão nas ruas da saudade
Acordo olhando ao cinza
Me perco em sorrisos leves 
Pelos quadris da laranja está minha vontade de você
Ouço bloqueios na poesia enquanto raciocino meu sorrir
Ficarei degustando o sorrir ao inventar outro balão 
Me elevarei nos céus de uma escada escura da paixão
Escolho você para chorar no imprescindível voar

Lili em 22


Em um quadril recheado de recalques, o peito amolece em amor
Nas vestes puras e delicadas, o corpo se desfaz em dor
Nas purezas de um constrangimento se esconde todo o seu desejo
No mal entendimento da poesia se esconde sua respiração
Na vida você esconde o amor
Nos gritos escondemos o amor
Que a exaltação da vida passe além das mentes quadradas
Que a sua vida seja molhada em animais, plantas e olhos
Que olhos te levem ao amor
Que olhos te tirem do preconceito
Que olhos aceitem as diferenças
Que você ame as diferenças

Em pipocas jogadas debaixo do sofá, nossos carros corriam pela garagem
As buzinas cobriam árvores de natal
Éguas corriam fazendo o choque desmaiar
E em lágrimas, fez-se Danada
Nos chutes de cadelas que te faziam segurar a inocência
Nas lipoaspirações adormecia seu sorriso

Eu te amo
Abrace suas vergonhas, vamos respirar as rejeições familiares
Vamos nadar em amor
Vamos unir nosso sangue

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Árvore da madrugada

Esfrego vinhos enquanto jogo ao alto a Major Diogo
Sou espremida em meio a bagunças arranhadas
Minha cama possui uma faixa de ideologias
Vou necessitando da madrugada bem vivida
Vou pulsando conversas, 
sentindo notas excitantes 
e jogando sabão nas estrelas

Gato babado

Eu sinto as falas sendo feitas enquanto cigarros cobrem minha vontade de Teatro Oficina.
Olhares desprezíveis me lateralizam molhando barba e cuspindo meus líquidos brancos.
Ainda sou o que distancia a voz da garganta, o corpo da pele e a palavra da língua.
Sinto conhaques em meus olhares e só preciso de um abraço que cubra minha existência com poesia.
Fingirei virgindades recalcadas que sorriem falsas palavras
Jogo apenas memória de Teatro Oficina.
Danço no ritmo da cor africana
Molho meu seio com passos escuros.
Deixo os olhos irem até a gordura que cansa os afastamentos falsos.
Não sei qual a razão da arte.
Apenas preciso fugir da vida com um sorriso indeciso.
Quero jogar meu corpo na rua, colorir minha vagina com folhas de fichário anônimas e abandonadas.
Minha rouquidão me prende em urinas tristes.
Ainda sinto o cheiro da solidão plantada na delícia de ser quem eu sou.
Pra que serve o teatro?
Por que vivo?
Preciso ser meu corpo antes de qualquer instância paroxista do meu ego.

sábado, 15 de setembro de 2012

Lágrimas pesadas

Sorrio enquanto meu peito morde minha existência
Caminho com passos pesados cantando minha dor na cidade
Cidade sem o fim do som que me atormenta por aqui estar.

O que é esse mundo?

Vou sendo feita pra acabar
Nua com a mão em qualquer arte que me salve da vida.
Meu deslocamento nesse tempo-espaço me alivia na loucura de uma falsa paciência
Eu não caibo em mim.
Eu sou pouco pra existir com minha alma.
Minha alma me bate e acorrenta meus músculos cansados.

Dou pausas para sentir a dor prazerosa do meu choro dolorido.
Não ouvirei cobranças em meu peito.
Meu sujo distribuindo amor.
Me afogo nas minhas mentiras.
Não consigo ser mais que uma falsa existência.
Vou buscando quem eu sou fugindo da verdade que tanto amo.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Pecado apolíneo

A escrita me chama enquanto o estômago arranha o som da madrugada
Meus olhos caem como gotas de chuva em dias de paixão
Bocas se esfregam em olhos quentes
Beijos arranham o peito da noite
Eu sou do imediatismo que me der amor
Eu abomino a organização que me tire a dor

opa
oba
quando até as letras se beijam
Pegue na parte de fora da minha alma
Vamos tatear o amor

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Deslocada

Não houve ao menos pianos cantando hoje.
Estou mais sem graça que uma top model magrela na passarela.
Chego a sorrir grosserias.
Sinto dificuldade de sorrir.
Onde estou?
Onde está minha essência.
Então vejo minhas verdades me engolindo, estou coberta de mim mesma, estou cansada de mim.
Minhas isabellas me cansam, não sei mais ser eu.
Sou a estátua da iminência.
Sou a tentativa.
Sou o início de tudo e nenhum fim.
Não possuo caminhos, sou só desejos.
Me dê um gole de vida.
Sinto que nem a morte seria capaz de me tirar de mim mesma.
Poderia morrer.
Sentir a frieza, sentir o ser parado ao parar na vida.
Qual o sentido de viver estando parada?
Eu sou o nada.
Nada.
Não digam o nada gritado, o nada irônico, 
não matem a dor do nada, 
não ignorem a solidão do nada.
Estou então colhendo minha irreverência? 
Colhendo a rebeldia?
Me lembro das minhas alegrias agora que estou só no mundo cheirando a monotonia.
Não sei como olhar para outro ponto de vida.
Preciso sair do frio que me consome.
E ninguém sentirá minha falta, 
nem mesmo a solidão, quem nunca me abandona.
E se eu saísse dessa existência?
ME DÊ UM GOLE DE VIDA.
Só me sinto deslocada, 
deslocada de tudo, 
sou a estrada do mar, 
o poste do sol 
ou a janela da lua.
Sinto minha lágrima fria e lenta que aquece minha angústia.
Cadê o amor?
Não há limite no anormal.
Nua com a minha poesia, pobre poesia.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Amizade

Nós nos ensinamos o desapego
Nós nos modificamos como fariam os loucos
Entregamos as reflexões
Fui buscando recordações
Entrando em escuros sonos
Quando você me ligou e o conforto banhou minha solidão
Cantaremos liberdade aos desejos
Traçaremos ciências sociais nos seus caminhos
Ou caminharemos leve pelo inesperado
As ruas te esperam, vá.

Janela de todo dia

Estou parada andando a 30 km/h.
Tenho um corte profundo onde passa a rua Fortunato em mim.
Novos anos arremessam mochilas que engolem chaves e guarda-chuvas emprestados em dia de sexo.
Há sempre um mistério na minha voz, no meu profundo diálogo comigo mesma.
Não ouço mais as gasolinas sendo introduzidas em meninas loiras.
Ouço o lixo das repetições chovendo.
Mas engulo minha incapacidade de fazer no mundo.

Fogueira da zona

A realidade sempre me cansa, 
realidade que eu gosto de chupar pelas vértebras, 
respirar a natureza 
e ter o que o amor mais estiver pronto a molhar.

Não há ninguém que mereça a mediocridade e ignorância.

Um lugar que chega em mim como luas cortadas por nuvem esfumaçadas que cheiram o incenso da falsidade.
Minha insegurança é do tamanho dos tantos beijos que damos aos outros.
Meu sexo está lento e cheirando hortelã com banana madura.
Minha escrita cria rédeas e a isso, todo o meu desprezo.

Minha constante insatisfação, 
minha constante comodidade, 
meu inconstante ser.

Eu preciso sentar ao lado de fogueiras 
e receber todo o calor de José Celso Martinez Corrêa, 
mergulhar no amor das terras e torres.
Banhar-me em espelhos que cortam troncos de árvores.

A existência está sendo carregada morro abaixo.
O que faria a infelicidade exacerbar?
O corte da ilusão, o fim das minhas tantas invenções.
Fui tatuada pela hipocrisia,
fui jogada na ignorância,
estou deitada no esquecimento
e só sou capaz de roncar solidão.

Árvore inglesa

Em campos de memórias inatingíveis, 
meus olhos escutam fantasias 
e voam por cubos que andam pelo céu com árvores nos interiores de teatros.
O ar de uma camisa se choca com a água que cobre a maconha de São Paulo.
O amor jogado por seres incabíveis aos próprios corpos.

Os impulsos são barrados e coloco meu ser julgador à frente das possibilidades de belas poesias.

Mal compreendo o calor que escorre por microfones.

A língua inglesa me tira de cadeiras vermelhas e leva idosos ao choro da dor com a solidão pequena que corrói cada gota de unha.
As atmosferas de livros e encontros teatrais trazem a incompreensão emanada pelos meus olhos que algo querem exalar.
Voltam as vestimentas brancas e em 775 gemidos as mãos vão até o joelho como que calando os balanços estralados.

Nada sai a não ser a incompreensão.

O automático movimento se vira como que coreografado enquanto eu continuo 
falando de nada para o nada.
Não há mais questões para molhar minha ignorância.

Quero ouvir a fluidez do velho sábio, sugar seu amor e colher sua arte.
A frieza dos ingleses está me cansando, porém suas traduções riem cheirando Dionísio.
Deus surge nos ouvidos enquanto pulam palmas no meu colo.

domingo, 2 de setembro de 2012

Professores De Teologia

Voltaria dessas noites em festa pelo resto da vida
Assovio ao asfalto e jogo ar nas molduras dos corpos
Sinais de trânsito me atravessam sem piedade
Círculos vermelhos interrompem o fluxo
Não haveria outra maneira de embebedar a cidade de madrugada
Apenas riscando sangue em nossos dedos e joelhos dos corpos jogados e beijados na rua
Sua cabeça se inclina no horizonte
Seus olhos cruzam luas
E você já sabia todos os caminhos antes mesmo de conhecê-los
Fechei os olhos enquanto a boca se abria ao caminhar nos impulsos azuis da sua barba
Pequena camponesa que atravessa a floresta
Colando sambistas deslocados pela tecnologia
As fontes se revelam sobre o ventre
As danças voam nas costelas
Quando uma harpa sustenta a tarde com a precisão do corte
E as cordas da plebe arrebentam com cheiro de hortelã
Os lábios renascem de madrugada no exato minuto em que o bem-te-vi dá as mãos ao tigre de bengala.

(Isabella Dragão & Paulo Sposati Ortiz)