sábado, 21 de dezembro de 2013

ainda cheia de espinhos vou no caminhar
ainda apertada em falta de amor exclusivo
ainda aqui rodeando os orgulhos de mim
ainda sem saber dizer amor maduro


O Palhaço

eis que o absurdo do à nossa volta é expandido em arte
eis que toda vida é matéria de reinvenção
eis que o fundo belo que cabe em ser aparece
mesmo fundo belo de meu pai e de meu amor
eis que pureza encontra estrada de terra a percorrer
eis que no rosto aguado salgado cabe riso sincero

"O gato bebe leite, o rato come queijo, eu sou palhaço."
E como posso continuar sendo ainda o que não sei de mim?

atraversar

Era pico de hora na sexta-feira da Paulista. Rumo brinco de pedra de capim dourado com pena e pedra da lua, rumo banco, encontro três. O andar se faz acompanhado, o abraço colore o corpo e vou sendo adentrada de quilos que pesem em (de)cisão.
Paro no meio.
Fico entre os que vem e os que vão.
Aqui.
Olho bando que dança o padronizado passo nas faixas brancas coladas em chão de cinzas.
Bando alvoroço pro almoço.
Olho bando. Sou bando.
Sou a menina ainda assim aqui humana atravessando. Ando.
Fico sendo a impermanência. Fico sendo o ir e vir. Fico sendo o caminhar.
E onde só andam, paro.

Hanami

caberia em ar ser arte
caberia em dança existir de mortos
caberia em vida com trato de amor 
assinado pelo eterno efêmero
Só não deixe-a esquecer que o que leva ar(te) não se vê.
que futuros amantes possam se ter em amor assim chamados amantes trazendo no fundo de si toda a entrega de traição sendo assim só em dois sem se (dis)trair.

traição - do latim traditione, entrega.
é como se semente se mentisse ao se tomar como início
mentira mortal seria fugir de dor.
é onde há própria dor, 
que brotará o jogo da verdade
em amor.
Quando a poesia deixa de ser de um poeta e passa a ser do encontro.