quarta-feira, 27 de junho de 2012

Com Patrícia Galvão

Veio a hora da vida e eu dancei
A satisfação intelectual não me basta
Bailando pelas sombras do comunismo e indagando os corpos caídos
Garnizezinhos esganiçados e petulantes ovelhas, empanturradas do leite democrático que escorre das tetas amorfas de uma dúzia de cães da fila
O orgulho dos filhinhos de papais
E a hipocrisia da riqueza exaltada
Filhinhos de papais ricos, entufados de orgulho porque agrupados num pelotão de mil enterram-se quando acusados por uma redação de jornal desprevenida e cacarejando empáfia, quebram meia dúzia de cadeiras vazias, numa formidável valentia guerreira.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Nada, nada, nada
Porque vocês querem que exista apenas o nada

O gosto do choro é bom
Arde, prende, sufoca, mas é bom
O passeio no meu passado
A vivência das possibilidades
Fui o caminhar na vida e o morar nos próprios pés

Peguei o amor e me molhei de fascínio
Coloquei os próprios pés na cabeça e lancei os ísquios para a idade do céu

domingo, 17 de junho de 2012

Trituradora do amor

Não imagino a forma de um avestruz sendo colocado a frente de uma personagem que brinca de ser esquilo
A fome de poesia faz as preocupações se isolarem e lamentarem sozinhas, uma para a outra, e finjo ignorá-las
Objetos fálicos atormentam as risadas de uma visita inesperada que carrega um bebê e a vontade de mudança
Nosso riso envergonha o aluguel de uma família

A porta se abre
Talvez seja ela, talvez não
Um filme vai passando para uma arte dramática tornar-se palpável
Mais uma vez outra porta é acesa e o não termina as frases

Alegrias de um ar profundo engole a possibilidade de angústia presa no profissional vago e superficial
Meu corpo ainda precisa dos mais raros ensinamentos
Um dia, entregarei ao outro a riqueza artística de viver assim

Para o seu pai, só existem duas mulheres: sua mãe e todas as outras
A fome de conexões faz a busca incessante ir para um outro caminho
Atrás de uma mulher sempre há o egoísmo da carência
Atrás de um gênero sexual sempre há uma pessoa
Que bom seria se víssemos isso, as pessoas, não os gêneros sexuais
Livres de preconceitos, livres de recalques...
Quanta beleza há no bissexual
Naquele que pode se apaixonar com o corpo heterossexual, mas restringe o afeto a pessoas
Restrição tão boa que há em mim
Afinal, beijamos pelo sabor
Nos relacionamos por amor
Traímos por sermos humanos
Brigamos por nos relacionarmos
Mas o cheiro do amor não pode ser submisso ao nojo da posse
Deixemos a propriedade em outro canto, pelo menos em relacionamentos.
Somos seres sedentos de dor, de amor, mas infelizmente, de posse.

Oceano de estradas

Alguns colares cobrirão meu trapézio que domina o peso das clavículas que se acomodam nos pequenos encaixes das escápulas.
Transições que tremem no tesão em mover-se, em nadarmos em nós mesmo.

Nosso corpo é um oceano de possibilidades.

Oceano das sensações, das emoções, movimentos que brilham na sintonia de ritmos variados.

Seu abraço fez retornar em mim a beleza da plateia,
o cheiro bom do aplauso
e o gosto da arte para o outro.

Teatro, dom de ligar-se.

Ligação entre nós e nós,
nós e os outros,
outros e outros
e nósoutros e o mundo, a existência.

O existir é grande.

Minha língua começa a mover-se impulsionada pelo psíquico poder da palavra sem sentido, sem significado e profundamente repleta de significante.

Os olhos machucados de uma pele branca fecham beijos carinhosos em ruas de Oficinas, 
bebemos o leite da cabra enquanto nossa roupa é tirada 
e a liberdade nos faz bichos humanos.
A verdade se aproxima dos nossos sexos, dos nosso viveres.

Questões da pureza embriagam o peso das mochilas que trazem no ombro amigo a desconfiança injustamente sexual.

Quadrados da ignorância molham o egoísmo vestido por ratos que não são hamsters e silêncios que não são epifanias.
O canto mal feito faz do silêncio um simulacro gasto.
As mãos que passam, a desconfiança que vem.

Só eu sou assim?
Ninguém enxerga que a vida é mais que a cobrança do sexo desconfiado e da entrega pré-decepção?

Carlos corpos que vibram na intensidade de uma Helena boiando em Antônios de corpos diferentes e sensações alheias semelhantes.
Sérgios molham o choro na força angustiante da pré-saudade, da abertura da gaiola de onde Zuleide caiu pela sombra psicológica do destino mitológico.
Sophia range a espiritualidade que cobre coxinhas da felicidade e palavras bonitas de uma alma sábia.
Lígia olha deixando as bolsas mal amadas e as restrições bem vistas.
Adriana confunde o viver com o brincar e dela transborda a beleza de viver, Adriana anjo que nos faz viver.
Nós, Isabellas pequenas que podem crescer aos olhos corporais e sentir o escaldante gosto de viver, de se aprofundar nos olhos e correr na escura estrada de uma busca sem fim.
Em cada pedágio, uma nova sabedoria pessoal que molha o auto-conhecimento na busca incessante de viver artesando,
caindo na arte
e jogando no infinito onde esvai a moralidade falsa dos homens que se acham o auge de inteligência, integridade e cidadania.
Não passam de hipócritas que afogam toda a sua vontade de vida que vem de dentro do corpo.
Criam convenções sujas todas apoiadas nas aparências baratas.
Deixem de comer a culpa!

Nos pelos de uma ingenuidade comprada, minha virgindade coça e sorri para seres estranhamente vivos, que possuem o milagroso poder de respirarem, e com isso, fazer do corpo, movimento.
Vida-pró que está anelada num bem querido, caminha para minha estrada sem fim.
Vou andando, pagando pedágios e querendo chegar. 
Chegar ali, no fim.
Fim que é um oceano de estradas sem fim.

Claro

Cel mil nuvens enfeitam o céu azul enfeitado por pontas de prédios
deles, sombras diagonais que interpelam janelas retas
O trabalho de Pedros faz chocolates lembrarem do mar de uvas brancas.
Trotes nas esquinas revelam a saudade biológica do professor amigo,
tão fora do destino da bela passarinho.
Tão dentro do interior, tão próximos na existência, tão unidos pelo amor

Montes de sobrancelhas pintadas jogam a beleza nos cachos de Camilas tão radiantes.

Acordo e deito no peito da poesia banhada por músicas brasileiras da energia tão dançante,
mar de pérolas poéticas.
Virtude embebida em sangue de vergonha emocional
Que se esconde em montes de sombras, de véus mundanos, mergulhados em lágrimas falsas de choros marcados por falas televisivas destoadas em holofotes frios de um amarelo sufocante
Quem dera a atriz pudesse se atirar por cima de seu papel
Quem dera o ator pudesse comer suas falas e as saborear como um doce deleite.
Quem dera fossemos mais nós, mais os outros, mais o mundo.
Quem dera fossemos ímpeto, paixão, suspiro e calma de alma.
Quem dera fossemos mais Isabella.

Raphael Gama

domingo, 10 de junho de 2012

Facilmente

Se acaso me quiseres, sou dessas mulheres que só dizem sim.
Me conquiste facilmente, me apaixono facilmente, vou usar das mãos e abusar do meu amor.
E depois cairei na desilusão da solidão
Mas existe beleza maior do que a presente na paixão?
É de paixão que meus olhos são cobertos

Teatro amor

O mundo precisa de teatro.
O munda precisa de pessoas de teatro.
O mundo precisa de amor.
Amor.
Sutileza artística do amor.
O mundo precisa de teatro.

Eu preciso de teatro.
O amor já está em mim.

Interior apertado

Não compreendo as intenções da minha constante tristeza, angústia que vem e vai. Insatisfação que cobre os atos. Às vezes o riso vem, a alegria prazerosa momentânea é sutil, é rarefeita.
Hoje estiveram acompanhadas pelos seus olhos que sorriem torto passando a barba da carícia nos dedos da esfinge preta da sua vestimenta. Um cigarro é aceso e me apego a um desejo para fugir da angústia.

Talvez tal angústia seja somente a solidão. 

O silêncio vazio, tão pobre quanto a hipocrisia.

Onde está o querer?
Penso fugindo. 
Não quero se não me atormenta o pensamento.
Ainda me vejo onde não estou.
Sinto falta da incessante vontade e seriedade posta no teatro.

Olhos ingênuos os meus. 
Agora são olhares frios, feios e tristes.

Não sei o que me acompanha. Não sei para qual deus rezar. Não sei onde foi enfiada minha religiosidade.
Moinho triste que engole meu sopro de vida entusiasmado. Volte entusiasmo, a mesmice cansa a existência.
A falta de beleza em meu olhar vai lentamente em direção a um moinho.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Hipocrisia da abertura que cobre seus olhos arrogantes
A relação entre o sutil e o grosseiro sabor oleoso
A culpa vem e fura os órgãos sensoriais que empurram a imagem
Jogos brancos envolvem a agonia de uma camiseta simples
A simplicidade bonita que combina com seu olhar que ainda continua molhado
Olhar sensível
Olhar bonito
Sorriso encantador
Outros olhos são a experiência artística
Admiração pelo ser belo
Ser expressivo
Arte elevada que toma o corpo acariciando a voz diferenciada
Senhor das belezas
Moço do caminho, de olhos lindos, de olhos que sorriem