segunda-feira, 27 de maio de 2013

PDD

Vi nossos corpos pelo espelho
Vi nossos corpos pela parede
Vi nossos corpos em nós

Somos dois ma(i)s tantos outros corpos
Sombras sobrepostas nas paredes fazendo das suas formas templos
Expandindo nossas formas ao tamanho do desejo
Reflexo no espelho composto em luz laranja
Tanta pele enroscada em beijo
Tantos pés num deslize e beijo
Te colo em qualquer orifício
Só pra ouvir teu pulsar
Velas guiando nosso fogo
E eu não sei não mais te querer
Depois apago com seu gozo
Pra com suor ouvir teu sono
Vou te amando
A mando do seu amor

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Sol

Chega a respiração que quer me fazer aprender a amar.
E subir.
Hoje fecho olhos e sinto azul.
Vem caminho pra abrir porta.
Encontro que desde primeiro dia,
cura de você ouvia.
Li ali e te ouço aqui,
deixar levar e em sexta tomar.

Máscara

Guardei meu telefone sem fio porque só chamava e não te ouvia
Minha carência não teve máscara que é você
Amor e paixão?
Ou te pegar de máscara da minha obsessão?

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Qual seria minha companhia se não essas minhas palavras de mim pra mim?

Agora nem elas.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Cem título

Te leio
Me receio
Vem até medo sutil
Desses passos que vida dá
Desse futuro que vida te deu
Você é outro leão cheio de vida
Queria poder te olhar
Olhos lindos esses teus
Dizer, antes de me espancar
Que ele te viu em mim
E só traia ele mesmo
Num engano sem fim
Olha ali
E encontra perdão
Volta pro teu chão
E aceita minha mão
Eu fui instrumento pra quebrar tua aliança
Mas nessa dança, fui brinquedo pra poder ser liderança
Olha sabiá 
E tira o rancor dos olhos
Volte com sua alegria
Volte com seus haikais

E se segure pra não me matar


Traço corpos

Onde foram parar meus desenhos?
Uns traços estacionaram inacabados
numa folha esquecida naquela escrivaninha.
Sou toda corpos
e por isso são assim
os traços que me seguem.

Ela gosta

Mas lembro como é gostoso ver alguém com gosto.
Energia que corre e percorre.
Acorda como sol abrindo corpo da presentificação
que vai emergindo gosto.

Vaidade clicada

Ela se exibia para câmeras fotográficas,
expelia criatividade e beleza.
Mas a ninguém chegava
e toda a potência se trancinzava
em somente vaidade.
Ela fica até horas da noite
implorando atenção do amigo.
A bagunça vai subindo pelas pernas.
E dorme mas não na hora acorda.
E o sentido que já se esvaiu
não se ressuscita
para ao menos uma conexão
com o eu ao ar livre.
No cansaço da preguiça,
ouço brechas para outra poesia.

Manhã de sexta

Meu corpo caído,
solto.
Coluna sem espaços.
Olhos pesam,
escuro me leva.
Vem algo de descrente e preguiçoso.
Enquanto aqui narram enredos de Moliére.
O cinza vai sonolando.
O sentido que falta.

Nós de elas ou Não delas ou Outra ella

Ele até amava ela.
Ela amava ele.
Ele se apaixonou por outra ela.
Essa ela amava outro ele.
Outro ele já gostou de outra outra ela.
Esta ela amava outro ele.
Ele sumiu.
Aquela outra ela
foi espalhando paixão.
Outra ela amou ele.
Mas ele era dela.
E não mais era dela.
Mas também não de outra ela.
Agora outra ela ama ele de longe.
Mas tá aí e aqui,
tentando até se amar
Esta ela quer transbordar amor
Mas é carente, carente, carente

domingo, 12 de maio de 2013

Pega a solidão e dança

Deus só pode morar nessa sutileza da arte
Aqui, solidão que atravanca o peito
e não faz fluir respiração.
Solidão que me desloca desse possível palpável cotidiano
mas que pra mim é tão longe quanto as estrelas.
Então é nelas que me apoio.
Nelas fixo olhar e peito.
Me colo nas estrelas
pra tentar pegar dela
um pouco de brilho.
Ou então na linha infinita dessa estrada.
Ou nas árvores e matos.
Pouso o olhar na dança
que esse movimento de viagem
faz no espaço.
Fecho os olhos e vou nos ouvidos.
Nas mãos, uma dança movida por sutileza.
Os dedos que se sentiam mesmo longe
ou que perto pareciam transar
como meu corpo hoje não faz nem fará.
Então minha companhia faz-se somente a dança.
Dançar com olhos, ouvidos, dedos ou respiração.
Busco companhia nessa arte ou nesse deus.
É aqui em mim a solidão o propulsor de algum sagrado artístico.
Ser só é só o que sei.
Passou a ser quase luta
esse tentar não sofrer
na dor da solidão
esse tentar lutar
com eu inferior
ou qualquer escuridão.
Nessa solidão me deparo com tantos eus.
São alguns eus que falam comigo em mim.
Ou só eu.


sexta-feira, 10 de maio de 2013

Sabiá retorna

Me sentia sozinha nessa noite
Muito sozinha
Era choro, vela, e help de Caetano

Até que me disse cessar
Preparei camomila no chá
Lembrei que agora há voz sua gravada
Música de ontem cantada
Apertei seta e veio voz me fazendo sorrir
Lembrei que ainda há sabiá
Ah, como te amo

Dormirei e acordarei com som de canção sua
De voz sua
De presença sua
Ainda meu sabiá

Boa noite

Vamos por sono nesse sofrimento
Assim seu passo só continuará como iminência
Vai, encontra seu leãozinho
Para de se entristecer
E coloca sorrisinho aí
Pra dormir em paz

Alô

Escutei celular tocar
Mas só escutei
Nada tocava

E lembrei quando você me disse
Que o barulho do celular que não tocasse
Era você
Que o barulho de algo caindo no chão
Era você

Mas não é ninguém
Sou eu mesma querendo me tocar
Então soltarei alguma água dos olhos
Na intenção de me atender

Intervalo

Talvez você não seja um lado meu que está de olho
Mas ando procurando o lado onde está você que fico de olho

Menininha de força

É Elena,
É outro Cazuza você.

A poesia nos contorna
E só sobra cabeça sobre água
Corpo sob água
E força estranha no ar

Comprei jade pro peito
Depois de clarear toda a água desse coração
Ele me apertou pra me limpar
Ele sempre me limpando
É mais que terapeuta, é anjo

Era choro dolorido do peito
Daqueles que minhas paredes estão acostumadas
Daqueles que meus corpos já viram tantas e tantas
E com choro vinha
Aquela culpa, papai
Pai, vamos nos limpar
Em nós não cabem mais disputas
Esse passado que nem sei o que
Nos embriaga de ignorância
Me embriada de ignorância
Te embriaga de esconderijo da omissão
Mas tá aqui, pai
Vem pra esse pequeno corpo
Aquele seu choro na lavanderia
E meus onze anos de pura dança vaidosa
Te doía, me doía
Eu puxei a corda da família
E a todos desestabilizei
Como se a mim não bastasse a corda bamba
Mãe, eu sinto saudades, mãe
Mãe, eu amo amo amo amo muito você
Era assim que te dizia
Na saída pra escolinha
Ou na saída do dia
Na ida pra noite
As noites que fingia dormir
As noites que já fazia meu papel de Paguê
Esse papel perdurou, mãe
De você eu digo a falta de amor
Pra não dizer a inveja
Eu me desculparia pela sua inveja
Nossa vaidade é grande demais
Por isso combatem tanto
A sua é vaidade tímida, a minha expande e me mostra por aí
Mas somos tão medíocres quanto
Ô irmãzinha, teus olhos são tesouro
Você ainda será Petra minha
Seu cheirinho e todo seu jeitinho
Você é sabedoria divina, menininha
Só não sabe ainda onde foi que o divino se escondeu em você
Porque fora de você ele não ousa estar

E desse mesmo choro,
Vi todo esse meu medo
Medo de você não mais me querer
Medo de outro você não mais me falar
Medo de outro eu não ser centro
Medo de não receber amor
Ah quanta necessidade
Ah quanta sede
Ah quanta carência
Quanto ser amada precisa você

Continua me apertando
Que engato esse choro
Num riso de gargalhar e limpar
Era riso daquele passado
Riso daquela criança

Ah, vamos deixar lá essa criança que há tanto em mim
Essa criança agora vai ser amparada
Essa criança cheia de família
E cheia, cheia, cheia de solidão
Esse criança, essa mulher, esse ser de solidão
Mas é ser sozinha o ser caminho da luz
E se dói, Platão já um dia nos avisou

Mas compro Jade pro peito
É leão, dragão, sapo e cão
Unidos num só bicho
Que se agarra em mim
Purificando toda a dor desse peito
Dessa garganta
Desse expressão
Calma, menina
Calma...
Você é nova.
É assim que te dizem.
E essa menininha aí que é mulher em você
Essa mulher que é menininha em você
É só você
Mas é você num amplo círculo
Você boiando em arte
Sendo arte
Vidarte
É o que vai te movendo
Toda essa força estranha

E pra menos sozinha sentir-se
Para e escreve
Escreve
Vai, escreve muito
Já que é só você quem vai escutar suas letras
E é só você quem não vai te abandonar
Vem aqui menina, é você quem te ama

É a mesma
A mesma menina sozinha bailando no sul
Aquela que chorava de saudades
É essa mesma que dança agora pelas ruas
Que se movimenta inventando textos
E brincando de relação com o mundo
Essa que usa corpo pra existir
E usa existência pra ser corpo
Então pode chorar
Mas não se perca num sofrimento
Já basta toda sua dor que precisa ser acalentada

O cuidar ainda soa
Olha esse sol do teu peito
E canta com o sagrado da natureza
E dança com Deus
Ou com céu, sol, lua e mar

domingo, 5 de maio de 2013

Cadê

Essa noite a acordar passou a ser até espera
O dia passou a ser saudade
Me amarro em laços que desatar não é meu gosto
Essa presença que marca mesmo se ali dormindo quieto
Ou me fazendo correr em energia pulsante

sábado, 4 de maio de 2013

Solidão de união

Pousei a toalha nas costas
Acolhendo-me depois de um banho de dança com a água
De filtrar os braços dançantes por entre os raios aguados

Ela então sabe que o único não trair e não abandonar
Só pode vir dela mesma
Que só tem a ela
É uma solidão até bonita de ver
Solidão que aquele bicho faz amor transbordar
Solidão que é busca
Ela é de busca
Agora quer integridade
Não sabe ver artista separado de gente
Ela quer ser genteartista
Ela agora brinca de orar por união
Por união interna
Por união familiar
Por união com bicho


quarta-feira, 1 de maio de 2013

É você meu pedido

Você dormia
Deitei ao seu lado
Os corpos apoiados de lado
A boca aberta
Os olhos semi cerrados 
E já nem sabia mais se dormia ou se me olhava como te olhava
Numa serenidade depois de meditação e reza que foi choro de fé
Deixava pensamentos pra qualquer outro segundo
E só te olhava
Os olhos vazios que acordados dormiam
Lágrimas me transbordaram num lento
Como se simplesmente não houvesse mais espaço nesse aqui lá dos meus olhos pra suportar minha água
Só pousar olhos que boiavam em você
Vela rosa que já se apagou
Horas no sofá que nos amou

Interrompi essa poesia pra te ouvir
E rir de te amar
Rir com nossa união
Te carregar nesse teu me carregar
Irmos entrelaçados
Pulsando liberdade
Juntos como crianças brincando de ser gente que ama
Brincamos de silenciar nossa cabeça que faz pipipi 
E nessa brincadeira, sexo emerge em luz

Vou só rindo esse coração
Águo minha vida se você do lado



Comer

Ô Deus, você que inventou a boca
Só pode ser o Deus da Alegria

Língua que envolve envolvida em sabor
Comer comer comer
Vai sem palavra nessa alegria que me chega
Só de na boca pousar e lá dançar
O alimento ou a sua saliva
Ou líquido de vida

Boca essa minha é porta do prazer
Dessa vez fica aí poesia
Porque vou tocar língua
Onde só o sabor sabe morar