quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Insisto

Quanta insistência e demência
Num instante me envergonha
Noutro alivia

Insisto insisto insisto

sinto o gosto
preciso engolir
já não basta a degustação


Obstinação

A vontade é gritar
Te sacudir
Enfiar meu amor no seu
Quem me amarrou assim?
Será mesmo só eu?
Ando sendo filha da obstinação.

Visualizada

Queria invadir seu silêncio
Colocar saudades suas nele
E transformá-lo em um aviso de encontro

Enquanto isso
Nem sei se rezo ou se te esqueço

domingo, 25 de agosto de 2013

Fusão

E se ainda for solidão,
que se tente as altas temperaturas do fogo
para fusão.
Que em água
nada de tão sólido ainda reste.
Que em água
nade em vão sólido que ainda resta.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

peço

e se ainda couber fé,
fé.

se eu ainda aguentar a verdade,
a verdade.

se existir só aqui,
ficar só aqui.
Às vezes parece que não vai acabar.
Que a angústia só consegue no máximo máscaras pra dissimulá-a.

Onde peço proteção?

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Sopro de sangue

Como líquido de ode
Sangue escorre
Pelas minhas pernas faz pintura
Vermelho brincando de ser veia pintada

Brotando desse nosso entre
Todo gozo que for pétala
Todo respiro teu sendo acalento
Engulo esse teu ar
Lacrimejando tua beleza

Só flor

Se pudesse universo respirar só íntimo e só beleza
Faria de nós sós
Para então adentrarmos flor
Flor 
só 
flor

Desaniversário

Idade passa
Eu fica.
Eu fica só com flor.
Fazendo então brotar amor.
É no miolo que toco o pólen do meu ser
Pólen essência solidão
Nessa solidão onde mora amor
Só dessa solidão brota amor.
Fico só
Só e flor
Adentro flor e descubro amor
Em mim e só
É só que vou
Num fundo só
Só tão só
Que de tão só

Choro e rio num só tempo
Esse tempo de me amar
Para então verdadeirar qualquer instante
Qualquer
É do fundo daqui
Algum verdadeirar

Então hoje solto
Hoje solto-os
Hoje não escrevei a ele
Hoje não quererei ele
Hoje sei só do só
E da flor

Como se pudéssemos marcar no íntimo o fim do velho
Aquele mesmo me adentra
Como se cravando no íntimo o novo
O virar do ciclo
Todo beleza e todo poesia
Cabelos de sopro e melodia
Ele vem de novo

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Desequilibra

E faz desse chão e dessa terra
os mesmos galhos daquela árvore 
que o pássaro branco se apóia.
Vento bate e desequilíbrio vem.

Pássaro lembra que vive,
então esse desequilíbrio curte, 
levanta asas, 
volta asas, 
segura-se.

Pássaro lembra que vive,
então desse desequilíbrio,
voa.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Janelas da alma

É nesse silêncio que aprendo a ver
Que faço desses olhos todo corpo
Que faço desse corpo todo olhos
Por eles passam
Passam, só passam
Deixo entrar
E já entro no mundo

Aqui

Quanto mais diverso vejo
Mais solidão percebo

domingo, 11 de agosto de 2013

Exo

Elas, mulheres trabalhadoras da Santa Cecília,
uma vende frutas, outra, meias.
Elas, as duas,queriam ter estudado.
Estudado.
No EJA, a mulher volta a estudar porque morreu marido.
Estudar.
É só isso,
só nisso a complexidade dos seres me olha.
Só.
Olha fundo nos olhos.

Transborda

Contorna as costas alguma sensibilidade do que é o mundo.
Desses tantos estares,
tantos seres que são um,
entre si tão, tão diversos.
E complexo.
Exo.
Exo.
Escrevo por não mais cabem em mim.
Chega um instante em que não cabe só em mim.
Precisa sair.
É o instante em que a lágrima sai.
É o instante em que preciso escrever.
Pra então respirar com a poesia que sai,
quando sai de mim por tanto ter entrado.
Então devolvo essa intensidade pro mundo.
O ser humano.

entre-vista-r

Agonia numa vista
querendo entrar em vista de alguém.
Até querer entrar
em tantos ou em poucos.
Visto outra vista
mas ainda não é esta vista
que quer entrar em minha boca.
Receio essa.
Corro pra outra
e outra
e outra.
E abre pra entrar e ser entrada.
Até vicia querer entrar nas vistas.
Perfis, valores, amores.
Querem até morrer igual.
Mas nada como tal.
É diverso, diverso, diverso.
Ser humano, ô bicho maluco.
Sendo por aí o que a existência tem de louco.
O que a mortevida tem de

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Onde

Engole o tempo
Feito saliva seca

Ou ele me engole

Montanha russa

Tropeço no vai e vem

Chega de vir, dor
Tenta vir, amor
Tenta.


Colhe
Exaspera
Chora

Acalenta o ritmo
Obedece o lento
Desafoga o medo
Queima a paixão
Encara o real
Esqueça-os
Firme-se
Força.

Durma
Só durma
Talvez sonhe
Durma
Esquece a dor

Esquece a descrença
E se solte em só
Em só




Indo

vou calar os pensamentos
e só deixar estar
vou sentir a voz que me guia
colorir no tom desse amor

Penas na cabeça

Nhamnhu
eu to aqui
vim te entregar
o verde
(paz)sou!

8

Tentou-se unir o X.
Desenhou-se o infinito.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Cara valente

Hoje eu rio
Rio depois de voltar do rio
Rio ao ouvir cara valente
Rio dessa sua cara
De tão bonita que é
Esse sorrisão aí que muitas vezes se esconde
Esses olhos aí que muitas vezes caem
Deixa de ser bonito!
Ô bicho bonito!
Fico rindo dessa minha paixãozinha
Olhos brilham ao lembrar dele dormindo
Chega de ser bonito, bicho, chega!
Onde vejo tanta beleza?
É no mistério dele?
É no negar dele?
É no rejeitar dele?
É na liberdade dele?
Deve ser.
É na liberdade dele.
Ele não é de nada.

Horação

Às vezes a vontade é dormir e só.
Esquecer tudo.
Descansar.
Ficar em paz.

Barriga dói.
Estômago,
em baixo do estômago
e mais abaixo ainda,
como cólica.
Parece bem fundo.
Às vezes movimentos, movimentos.

É, tá só em mim.
Eusimeusimeusimeu preciso ser forte.
Eu pedi.
Eu pedi ao Universo o Universo,
a luz,
a profundidade da existência,
Mas, calma.
Mais calma.

Quanta arrogância nesse coração,
mesquinha que sou.
auptelinzzvumtuniotausiitaustasfundtaustaustaustausd.
Cada pedaço desse meu lado de negação
vai doendo ao se afrouxar bem devagar.
Vai doendo mas é pra aceitar.
O passado lá ficou.
Encara.
É horação,
hora de ação.

Desconfio desse choro,
desconfio dessa dor.
Desconfio.
Alinho a coluna pra pelo menos isso me firmar.
Como menos.
Rejeito carne.
E o sexo ainda tormenta.
Ainda em sonho
sua mensagem vem negando sua presença
ou aliviando saudade do seu corpo, do seu cheiro, do seu.
É preciso me deixar você ser seu.
Ainda.

Um vômito que aponta,
um cagar que finalmente vai.