sábado, 31 de março de 2012

flor permanente

eu nunca vou te matar dentro de mim
nunca vou jogar num canto qualquer o que existe entre nós
podem vir outros amores, outros homens e outras mulheres,
mas você sempre ousará em permanecer em mim
em crescer em mim
em permanecer, calado, sempre falando comigo
sempre movendo meus atos
sempre atravessando meu viver
moldando meus cortes profissionais
impedindo minhas entregas sexuais
flor da paixão,
dos modos egoístas, só peço que em mim não cresça no terreno do seu ego
enraize a generosidade abrindo ao outro um espaço no meu eu
flor tão bela, tradicionalmente bela
mas não é de beleza que suas raízes são feitas
são raízes do amor,
do inexplicável caminho que te aterriza em mim
raízes da energia incontrolável
flor agora incabível ao tato,
sou incapaz de simplesmente cheirar, com o desejo chuvoso
agora permanece aqui, intocável, inabalável
tão longe
tão perto
grudada no mais fundo sentimento
flor que assim hoje me faz.

zebra

Eu quero te guardar com todo o meu carinho
Te colocar numa caixa de vidro tão doce quanto as nossas palavras jogadas uma para a outra
Um jogo de mãos que puxam os corpos para baixo quando precisam elevar-se
do fundo podemos juntas levantar
Claras ondas dos seus olhares compreensivos
Perturbada maré dos seus anseios
A você, jovem poetisa, darei uma carta de Rilke
Para que nossa atormentada solidão se transforme em arte
Ou para que nossa arte ganhe bocas que rolem as palavras, olhos que moldem expressões e corpos que pulsem o dom de viver
Vamos unir nossas mãos carregando uma passarela vermelha de desejos desamparados, de infelicidades completas
Vamos colocar calças originais nos seus braços,
vamos nos pintar de preto e branco ou de roxo,
pigando mostardas no nariz substituto da sensação perdida

Sua mente doida tão encatadora traz a possibilidade dos beijos triplos da mais sincera amizade
Da amizade de vidas passadas
Da amizade enriquecida
Sua língua traz a possibilidade das japonesas enfiadas nos órgãos genitais
Seu talento chora nos pianos da sensibilidade tão bonita e sincera
Sensibilidade sua, zebra tão amada.

Moles amores

Meu peito aparece durante a trajetória tão peculiar do seu sorriso
Seus olhos aparecem pela frente de outros tão belos quanto os seus
Olhos que eram sua mira
Olhos infelizes e expressivos

Um livro amarelo mostra os medos de um azul jogo de mentiras inventadas
O cheiro da pele adormece durante uma noite de escarrados sonhos
O seu lar me acolhe tomando meu corpo
Seus olhos me agoniam
Seu frio bege joga seus cabelos crescidos para trás
Minha rouquidão adormece na nostalgia
Meus olhos sentem saudade do futuro
Sua sobrancelha abre o parentesco com meus tapas e suas mãos carinhosas
Eu tenho aqui um amor guardado pra você
Com gotas de tristeza, esse amor vai continuar guardado

Amores guardados
Aquele amor forte, exagerado, do cheiro, da pele, do gosto, do ciúmes, da loucura, da humilhação, da traição
Ou aquele amor carinhoso, talentoso, êfemero, cansado
Ou este amor escuro
Ou esse amor tão branco, azulado na poesia

trajeto mnemônico

Buzinas jogam os ternos barbudos da Rua Augusta à uma da tarde.
O Unibanco adormece os desejos da minha imaginação.
O cheiro da pipoca corta os beijos do interesse.
Meus olhos cruzam a Antonio Carlos pedindo o frescor da garganta arranhada.
A Marias Aires faz o doce pular na infância dançante e sulista.
A Fernando chega em mim toda laranja e acalmando a ansiedade dos atrasos.
A Peixoto Gomide entra no meu cu com todo o crainho das palavras ensaiadas
 e sensações inesperadas.
A beleza do alteza traz saudades.
 Deito na Frei Caneca com o cheiro doce do suor.
Cospos correm causando ciúmes e preocupações.
Beijos afogados em choros abraçam o medo da última conexão.
A ânsia dos olhos dissipantes daquela paixão exagerada não chega.
Minhas pernas seguram malas sanjoanenses.
Meu cabelo pula na batida da originalidade e vontade de você.
Não consigo compreender para onde os botões dos elevadores querem me levar.
Puxam a bateria de um samba indiano.

Riscos da vontade

Trilhos dos sorrisos disfarçados permeando sons irreversíveis durante o fedor de um improviso que completa a necessidade do corpo
Completa a necessidade da existência
O poder da movimentação unindo-se ao sexo repleto de comidas espalhadas pela sua boca que cheira aquele homem que fez dos sorrisos, mágoas e dos olhares, lágrimas.

Ainda seu tom de voz reflete a inteligência que pulsa no seu peito magro, peito escondido na escuridão.

Carinhos me agarram e adormecem um rancor ciumento
Ciúmes que me alerta, 
Pisca os olhos das sensações amorosas ou mais uma frustrada paixão.

Vou dançar com você, 
atingir a exaustão, 
até morrermos abraçados,
pulando de um prédio que uma bala nos fez atingir. 

Será que seus olhos mentem?
Acredito que seus olhos e gestos apenas brincam e pulsam na batida sincera do seu coração.
Colocarei um pé na paixão
e outro num degrau abaixo dessa escada, 
degrau que me afasta das ilusões e idealizações.
Assim já vejo sua humanidade, 
seus feitos e defeitos.

Me aqueça com sua barba molhada de inteligência
Me coloque contra a parede de microfones socados nos dedos secos pela sua baba relaxada

Menino

Avistei ao fundo imagem esbranquiçada
Senti cheio de tudo
Vi o mundo de nada
De súbito, um menino em minha direção
Vem correndo
Serelepe
Com um bastão
A desconfiança sempre sonâmbula
Dentro do meu ser
Desperta a minha fúria
O matar, o morrer
Mas permito ao tempo
Ocupar-se de minha impaciência
A criança é um demônio
Ou um anjo em minha crença
Perto chegando
Notei que não era um bastão
Era somente as cordas que seguravam o seu coração
Com um abraço sincero
Ele me acolheu
E de perto enxerguei
O menino era eu
Entrão percebi
Que todo tempo que perdi
Penasndo no tempo
podia ter usado
simplesminete feliz
tal qual o menino correndo

Raphael Gama

terça-feira, 27 de março de 2012

cheiro molhado

Encoste sua barba mais uma vez na minha bochecha
Misture mais uma vez nosso suor
Abrace-me mais uma vez com palavras de desculpas
E venha com um beijo inesperado
Suas expressões tão duras, tão sérias
Seus questionamentos são encantadores
Seus pensamentos fluem para cima
Seu método aguarda uma coletividade atraente
Seu peito tem um encaixe simples e bom
Você possui uma indecifrável riqueza
Seus olhos possuem um contorno misterioso
Um fio de sua nuca chama meu olhar
Seu silêncio acalma o meu sentar
Livres pretos surgirão nas minhas vontades
Mas acariciarei com meus pés o que vier sem um abraço
Com o calcanhar, plantarei meu queixo no seu peito

futuro do seu pretérito

Carros atropelam as bandeiras cortinadas de uma máscara infinita
o jogo da sedução adormece em olhos atormentados pela bebida
a manga de um coqueiro nunca mais será roxa como o caqui brotando das parreiras
seus olhos não irão brotar mais as pegadas que mandam as costas para o sorridente sonho
os pés irão passar por bambus e jogar toda a tensão pra uma janela barulhenta
os jogos irão pular pelos ônibus cuspindo fogo e jogando vento
a janela nunca mais intentará um simples sono naqueles que choram amarelo
as portas abrirão depois de longas tentativas frustradas
assim abertas, farão as lágrimas tornarem-se vermelhas azuladas
um sangue irá subir para a cabeça quando o amor morrer pelos braços fortes
os seios irão murchar quando a preguiça chegar nos seus olhos claros
o mel irá cair pelas pernas enquanto uma ligação pede para irmos embora
e os órgãos genitais nunca mais serão os mesmos
nossas bocas nunca mais irão tocar-se
e você cairá num moinho
e eu caminharei rumo ao mesmo moinho
não
eu seguirei outro caminho
não me deixarei servir dos ódios e amores do dinheiro
não me acolherei pelos sucos da comodidade
não me casarei fugindo do voo
não transarei os laços vermelhos que se tornarão rosa desbotado

Sem cortinas

E quando a chuva acaba de descer pelo cabelo que penetra o pescoço, 
surge um aviso em negrito que transforma a interioridade
que joga gritos de alegria
que amanhece o inesperado riso
uma iniciação ao aprofundamento
abrir o poder da história
sugar o que há de arte pelo mundo
o que há  de teatro pela vida
o que há de vida pelos tempos

interrogações

Até quando procurarei motivos indecifráveis e desconhecidos para meus atos?
Até quando me deixarei andar pelos pés e não pela cabeça?

Horror a pensamentos ocidentais que intentaram há pouco o meu ser.
Devo ser agradecida por deixar-me andar com os próprios pés, 
por acreditar na superioridade dos ares reais, 
por não colocar-me à frente do fluxo vivo.

Os ditos amigos querem sempre amarrar correntes nos meus pés e substituírem-nos pela cabeça ocidental tão pobre.
Seus seres foram moídos, 
mas ainda é cedo, 
mal comecei a conhecer a vida, 
para que poupar os pés que poderão até me cavar e me levar a um moinho?

E o meu tão querido senhor, ainda bem que ali existe, 
e aqui lembra meu ser da realidade existencial.

Diferencie, por favor, deixar-se viver de imaturidade.
Eu não sou capaz de entender e viver tal diferença.
Talvez não passe de uma menina imatura.
Menina que não sabe relacionar-se.
Distancie-se enquanto pode, 
ela chorará sozinha, 
mas que assim seja, 
pois ela só tem ela mesma.

Representação da liberdade

Minha vida é simplesmente minúscula para suportar tamanha personalidade
O que estou fazendo com você, olhos moles?
Guardo o medo de estar deturpando o que foi,
medo de transmitir o que não foi,
medo de ser o que você não é.

No entanto, levarei força a algum lugar,
para que ao menos a anergia esteja ali.

Personalidade tão marcante,
mortes tão vividas,
seios tão deixados,
bocas tão beijadas,
úteros tão frequentados,
mãos tão pressionadas,
pensamentos tão livres,
línguas tão ousadas,
pés tão viajados.

Tenho em mim algo de você,
algo como o movimento,
o desejo de liberdade,
a busca pelo que ao menos sabemos o que seja,
esse não-pertencimento,
essa solidão.

E no entanto, isso transparece em mim frente às luzes do surreal?

Isso pertence aos meus olhos e todo o existir?

Sou tão carente de informação,
tão afundada em ignorância,
que peço desculpas sinceras se estou te transformando num mero personagem alheio à vida,
alheio à sua vida,
alheio a ele mesmo.

Belas do Higienópolis

Essas lindinhas poderiam enrolar suas bocas repletas de gloss com o cabelo hidratado que foi mergulhado em chapinhas e entrelaçado em óleos para as pontas duplas do seu tédio musicado pelo dinheiro que enfiam nas bocetinhas tão simpáticas que seguem a forma da riqueza, 
riqueza miserável que fecha os olhos para a vida.
Quero ter contato com suas futuras marcas de expressões e arrebentar os botox,
 plásticas, 
lipos,
silicones 
que esconderão o corpo tão verdadeiro.

Essa incapacidade em ver beleza no não padronizado envenenará por completo suas jóias que brilham mais que seus olhos.

segunda-feira, 26 de março de 2012

nuvens apertadas

Novo país das palavras sábias ordenadas por melodias
A miséria do amor
Os cantos do meu choro nunca serão explicados

Ai passarinha,
eu existo para você existir para mim.
Só você é capaz de espremer meus olhos molhados,
de me tomar por inteira,
só assim sei o que significa amizade.
Tenho pena daqueles que riem de sua estranheza tão bonita, tão viva.

O movimento é apenas o que nunca nos abandonará.
O céu, 
sua beleza, 
símbolo da vida, 
nunca nos abandonará, 
sempre em movimento
sempre.
Nunca o mesmo desenho,
infinitude da vida,
espontaneidade,
singularidade.

A ovelha negra joga água pelos olhos e aperta o coração olhando o rebanho.

Sempre haverá o mistério daquilo que os prédios escondem, 
daquelas neblinas escondidas

Quero sua respiração, 
saudades da sua modificadora presença.

Gosto do cheiro da sua boca, 
e da originalidade dos seus gostos, olhos, palavras e movimentos.
Vou acender o cigarro desta chuva de sensações.

rouquidão

Hoje está difícil me colocar no mundo, amortecer meu corpo no chão real, nas esferes gulosas que nos tomam fingindo nos convidar.
Não nos convidam, apenas nos engolem,
rompem meus dedos sujos,
rasgam minhas unhas tortas
para simplesmente adentrar em mim,
atormentando minha nuca com meus olhos tão abertos

Nas horas do reggae as perguntas irão virar fumaça,
 o efêmero balanço da existência nos acompanhará,
e ficaremos fixos,
impedindo o jogo líquido do existir.

Vou pedir um tom reto que me force a morar longe de mim.

Metades nunca mais serão aquilo que transborda,
serei a completa combinação dos seres invisíveis.

Solidão não deixará que me tome algo longe de mim,
quando ele pode mesmo é estar me puxando contra meu íntimo ser.

Elogios e carinhos farão a conquista de um pequeno leão.
Na concretude dos pés, 
as costas arrepiarão e olharão de longe esse ar que sai do outro.
Misterioso outro.
Ou surpreendente outro.
Outro que guarda em si o poder da decepção
Todos outros guardam o poder da decepção,
ou todos nós jogamos a fraqueza das esperanças.

sábado, 24 de março de 2012

Bárbaros olhares

Às vezes medindo as palavras das comunicações contentes
O desfecho de um começo iniciado desde o final
O desgosto armado em latinhas mendigas
Eu não posso ser a insatisfação do momento
Sinto meu eu observador distante deste mundo, parece que aqui tudo vê e nada entende,
ou nada vê.

Como são belas as luzes refletidas nas nuvens.

Num chuveiro de marfim, boiará o meu joelho doído, rompendo o suor do meu peito.
Insatisfeitos repetidos lugares para sempre implorariam meus ombros.

Voltam as lembranças serenas.
Lembranças desta menina tão adorável que se vai, talvez guardando o rancos do momento.
Pedintes daquilo que não deve ser meu
Exigindo uma provável inveja
Mas não vou me submeter a esse sentimento tão desprezível.

Sento e espero o tempo chegar quando este já se foi e logo irá, desperdicado como o vento, utilizado como o amor.

Não me encherei de perguntas incorretas,
perguntas afogadas na angústia de viver.

Também não responderei aos pequenos dotes de amor.
O que será esse mundo?
O que sou eu?
O medo se dissolve na vontade de sugar a vida.

Aos ouvidos

Não vou negar que eu adoro
esses olhares me chamando e
pedindo alguma iniciação

Não molho os olhos por peixes coloridos

Não sorrio por caladas sensações

Não abraço fogos que já se
apagaram há muito.

Penso que não sou ao menos
o que penso ser

Marcas de batom não mais
transpareciam minha indecisão

Aos sons argentinos, eu olho
pras nuvens e lembro que
serei sempre sua, mesmo você não me tendo.

Lembro que virão oolhos, sorrisos
e braços mas nunca virão seu
peito, suas costas e suas
línguas.

O eixo perdido se transfere para
meus pesadelos

As têmporas doidas revelam
a minha falta de





Sou tão pequena que
adoro roer os marcos
dos pecados.

terça-feira, 20 de março de 2012

noite fria

Meu subconsciente agora me atormenta toda noite
Finalizando toda a brincadeira às cinco e quinze da manhã
Finalizando as sacolas plásticas onde se encontram todos os meus órgãos
Os olhos maquiados e atormentados
As combis barulhentas
Os horários perdidos
As barras fundas de um dentista
Os atrasados das ocasiões
Os estupros das colisões
Os gozos dos xingamentos
A negritude da ovelha
A negação familiar
Os gritos que atordoam
Pesam esses duelos
Que venham sonhos substituindo tais momentos

batuques

Juntas que se ajoelham pendendo para a direita uma torção inesperada
Dores nos mais íntimos espaços
Peso que pende todo um líquido para cima do corpo, abaixando a cabeça
Peço água na esfinge
Molho as jóias de mal amados

De longe, corre a criança pedindo um cisco para que atormente o ouvido de um cachorro manso que amadurece pelos cacos da boa esperança
De matar estará toda essa história repleta de confusão
Urgindo o seio feroz de uma nome libertação
Que esconde as manifestações que mais se aproximariam da realidade do viver
Ainda fico presa nas amarras humanas
Ainda não exteriorizo os círculos conflitantes existentes no meu interior
Ainda sou uma pobre dependente
Quero esse seu olhar para matar a minha agonia

Não caia nos pés de uma pobre moça aparelhada
Não caia nas amarras que saem das bocas falsas de uma morena
Não caia nos dotes maléficos que adormecem nesse seio triste

Brincando de passar por cima, imaginando as correntes do pensamento sombrio
De uvas serão feitas as nossas vestes
E alimento do corpo virá

Lembra, lembra, lembra
Lembra destes versos sorridentes
Destes olhos que me abraçam
Olhos que me procuram
Olhos que me encontram
Olhos que sorriem
Ah como eu amo olhos

segunda-feira, 19 de março de 2012

inútil

Estou nessa estase aguardado o desejo da segregação
Aposto nos pirulitos seguros de pães valendo oitenta
Olhos puxados para a expressividade volúvel
Corpos de bonecos que roçam sua barba
Vontade escondida nas armadilhas chutadas
Doces subidas apavoradas e atentas
Ouvidos que vão para o que querem ouvir
Olhos que se movem sem explicações
A existência nunca nos irá dizer a razão disso tudo
Isso tudo ao menos possui razão
A razão está datada e indo ao encontro dos mágicos dos números
Mágicos que enganam seu próprio ser deixando de olhar silenciosamente, pausadamente e despretensiosamente à vida
Estou jogada na inutilidade do viver
E entre o inútil prazeroso e a utilidade comum, padronizada e nojenta, vou continuar envolvida na inutilidade do viver
À espera das flechas que hão de se encontrar
Temendo o distanciamento dessa deliciosa amizade repleta de sabor, cheiro e cor

Segundo olhar

Cortes nas vésperas de um cinema repleto de chocolates amassados nos cabelos
Colares fabricados com a maior originalidade exalando o sabor da natureza
Vou fazer dessas entradas, os abraços mais lindos
Os sorrisos mais sinceros
A gratidão que vem do pé
O olhar atento transparecendo o amor por suas palavras, seus olhares, seus gestos
Amor simples
Amor sincero
Amor sereno
Amor carinhoso
Amor pingado num mar de admiração

Jogado nos ventos do gelo seco, seus braços irão refletir a natureza selvagem de uma borboleta saindo daquela árvore entre uma oficina que gira e torce os pés
Na sua boca foi enfiada uma groselha cheirando a amargos espinhos
Nos seus olhos eu vou enfiar um cheiro verde que arrepiará até os tímpanos
Na cera molhada abrirei as janelas
E mostrarei aos binóculos a feiura da abertura

Uma coçada na sua virgem barba
Uma tirada num anel triunfante
Uma cuspida nas armações penosas
Um beijo nos olhos carentes

Amassam os cérebros dos pequenos seres rodopiantes
Aumentam as barrigas dos pequenos seres viajantes
Crescem os peitos dos pequenos seres eletrizantes
Amolecem as coxas dos pequenos seres amantes
Curvam as unhas dos pequenos seres despreocupados
Abraçam os cabelos dos pequenos seres carentes

terça-feira, 13 de março de 2012

Com Caetano

Deixe-me ser engolida por tamanha ilusão
Ilusão de que vou tirar você desse lugar
A primeira vez respingou o vinho nos seus lábios, me obrigando a me entregar
Seus problemas cravados nas mãos que se encaixam 
Nos corpos que se encaixam 
Olha, eu preciso do seu carinho
Eu me sinto tão sozinha
Já não posso te esquecer
Eu quero me tirar desse lugar
Eu quero me amarrar aos seus pelos

No seu medo, no seu passado, na nossa diferença
Ainda está a imensa saudade
Quando o amor existe, não existe tempo pra sofrer
Então que sofremos já que apenas a paixão existe
Então sofro e deixo de incluí-lo

Eu sei que vou te levar por toda a minha vida
Eu sei que estarei na eterna espera, espera infinita, espera amarga, espera...

Eu não acredito nas suas saudades, mas eu amo seu simples sinal de vida

Me jogarei ao lado oposto já que deste tão correto eu nunca serei unida
Ideais presos irão arrebentar
Essência brotará

Levarei a vontade da sensação nos pés
Da umidade
Do desejo
Do calor
Do amor
Amor unilateral
Paixão mútua

segunda-feira, 12 de março de 2012

Saudades do cheiro verde, dos braços grossos e peles morenas.
Saudade das preocupações tão amorosas 
Do companheirismo escondido.

Ponto da solidão

Sozinha no mundo 

Merecendo por egoísmos baratos

Abandono

Deixei o que é meu, o que está em mim

Para buscar sempre o mais longe e tão próximo a mim

Aguardando ônibus

Pensando no nada

Exalando lágrimas calmas

Lágrimas sem explicações sem motivos

Insatisfeita com a realidade

Parada

Imóvel num canto qualquer

Sendo observado por desconhecidos

Pois só eles aguentam e vão querer continuar olhando

De que adianta a pressa?
Pra que o tormento?

Vou passando pela vida, vendo-a passar por mim
Se distanciando de mim, com os olhos de nostalgia.

sinestesia do querer

Noites atormentadas pelos sorrisos de paus enfiados nos fiascos da sedução
A solidão de uma saída amortecida e atormentada onde não se há nem ao menos um pingo de incandescente prazer
Na rua aquilo não é mais visto
Aquilo se esconde por trás do sol acenando uma beleza das vivências pessoais, dos valores humanos, da à vida humana, amor ao humano, amor ao homem, amor à vida, à vontade de provar, provações dos mais variados sexos
Saindo só por aí, provando o que a vida quiser me oferecer, não estou por aí pedindo uma moeda de amor
Estou por aí buscando o cartão infinito do amor, estou procurando a vida cada vez maior , a vida cada vez mais intensa
A saudade de olhares nunca mais iguais
A obviedade da personalidade de cada ser

O amontoado de cerejas enfiadas nas orelhas mal limpadas
Não atormento o que possa ser um arroz nos potes da salvação
Mas adormeço nos ombros da traiçao
Adorando estar ali ao sei não possível
Adorando o que não me cabe
Amando o que já está preso

Destino implacável que me joga, me puxa, me prende ao que já é preso
Não entendo o começo da vida nem ao menos o meio da liberdade
Aqui chego ao ponto em que apenas repito palavra se divago sobre elas
Em que briso nas apresentações que se libertam do pensamento ocidental
Se libertam do pensamento fechado, todo regrado, todo didático, todo bonito e bem educativo

Mando para um lugar nada menos que deplorável a vontade de você
meSMO AMANDO ESSA VONTADE DE VOCÊ
dESPREZANDO ESSA INSATISFAÇÃO CRÔNICA
iNVENTANDO MAIS AINDA OS AMORES TREMENDOS

Instável amor

Deliciosos olhares contados na provocação da vontade
Olhos de vontade, olhos de conhecimento, olhos de sinos
Quanta vontade de você
Cabelos semelhantes
Caspas da vergonha escondida nessa incessante vontade

Abrirei meus olhos recheados de lágrimas
Meus braços molhados de saudade
Meus pés enfiados na ilusão
Meu corpo afundado na carência

Onde está você agora?

Não olharei para as sombras que correrão por detrás dos seus braços
Não beijarei as carícias dos seus pés
Não molharei os olhos com suas costas pintadas em lama

Num corpo repleto de palavras, as letras ficam pequenas
A vida vai indo pra um lado da solidão
Lado do eu ali entristecido
Dor da entrada sem saída
Dor da barragem
Exagero da linguagem
Mentira das palavras
Distração do viver

Magos homens florais nos peitos de traidores eternamente sonhadores por entre as gargalhadas de idosos imensos brincando por entre as areias da salvação eterna
Seu açaí me traz algo ali escondido
Algo que ali quero que se propague

quinta-feira, 8 de março de 2012

gama

Na maneira gostosa da morte secreta
Em rezas delicadas de uma personalidade marcante
Jogos de sedução, jogos de pena, jogos de atenção
Inteligentes olhos falam um mistério

No fim da noite a existência se afunda no inexistente

Distância peculiar entre o desejo reprimido
Espera a hora da solidão de outrora, que remenda os bons costumes de um relacionamento sério
Estradas do jogo do amor me remetem ao cheiro humano, cheiro respirado
Lições da escolaridade superficial confundida com os cacos da selvageria anoitecida
Assombros aguados repletos de luzes amarelas e roxas que jogam para baixo todo o poder do olhar sutil
Enroladas no seu queixo, as purezas da solidão não são mais as mesmas e fingem não existir
Força que vem do centro de um corpo branco e macio

domingo, 4 de março de 2012

Presa

Surgirão os dias em que o sentido nascerá da terra caminhando ao céu
São sujas as suas mãos e seus olhos
São sujas as suas palavras
São limpos os meus desprezíveis atos
Meu desprezo tão insensível, tão verdadeiro
As pernas estão presas ainda
E jamais se desprenderão
Ainda estão lá
Ainda choram de saudade
Ainda gritam de vontade
Ainda se chocam, uma com a outra, tentando se desprender
Mas amando estarem presas
Contradições do acaso
Bolhas de sabão são engolidas por essas bocas egoístas
E a sede do prazer é cuspida por minha boca amante
Não quero nada que não venha de dentro, que não venha intenso, que não venha como as correntes das minhas pernas
Porém preciso do desprendimento tão utópico
Utopia da paixão
Utopia repleta de solidão
Eu espero que chova em minha cabeça e a realidade é aquela que me grita que ainda sentirei o toque das amarras
Por que é tão difícil te esquecer?
Me acostumo com meus abraços e aguardo a verdade de um outro, a verdade recíproca.