quinta-feira, 31 de maio de 2012

Distante

Um teste me faz relembrar as marcas de uma vida de 17 anos
O aperto corre com a simplicidade da fala fria
Os olhos são surpreendidos e os braços cruzados
Homens da cultura entrando na minha vida
Sabendo do meu eu
Sabendo do passado bom, marcante, puro e traidor
Passado do egoísmo sofredor
Passado das lágrimas bem choradas
Da pequenez explorada no movimento cotidiano
Transferências vão para o lado oposto

Falta-me o estofo para a posição da mulher revolucionária
O medo e a ansiedade me engolem e fingem estar bem
Sorriem
Falam manso
Fecham os olhos
Alongam-se
Mas estão distantes
O eu distante de mim
A necessidade do sono
A saudade da boa disposição
O cansaço me sufoca
Minha barriga cresce conforme minha incapacidade de me acompanhar
Boio na superficialidade triste

Visita CRC

A tristeza desses homens engravatados é familiar, corre no meu sangue e transborda em lágrimas doloridas que o metrô olha com as mesmas expressões de pena, quase exalando a correria preocupada do pró-reitor preocupado.
Os cinco minutos de silêncio intensificam a saudade dos meus olhos que esperam com a sede intermediária de um cartão de crédito.
O dinheiro nos sufoca e estraçalha meus pés que de longe correm para os ensaios.
A qualidade do seu sorriso traz a estranheza de sombras educadas que oferecem água e bancos ao ar livre.

Calouras japonesas brilham com o peito cheirando a gripe passada por ruas que desviam dos nossos beijos bons.
O beijo agora substitui o escuro sumido que reprova pedindo a prática intensa e pode se acabar na ansiedade amarga traduzindo obras para o corpo com tônus que ritualiza o amor pelo teatro.
O calor das filas moles avançam para o meu lado atraindo belas moças que beijo ou beijarei.
Nosso almoço seria desejado com particular presença, mas foi interrompido pelo marido na brincadeira de nos beijar cada vez mais e não dizer não aos carinhos da amizade.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Bicho

Ainda me apoiarei em barbas, 
desejando o abraço encaixado 
com mãos suaves na cabeça.
Mãos pedindo meus olhos, 
olhares, 
nariz, 
boca
e corpo todo.
Dou o pedido e fico sem a posse de nem mesmo o carinho e apego.
Caio na ridicularia bêbada que envia frases poéticas e verdades mal ditas, 
estraçalhando as poucas considerações do belo talentoso.

Belo que me tirou superficialmente do desprezível pavão.

Não, você não se importa comigo, 
você não se importa com ninguém.
Você não pede desculpas sinceras, 
você está afundado em falsidades, 
em aparências pobres.
Mas eu não me arrependo de você.
Não, nada irá nesse mundo apagar o desenho que ficou em nós.
Você não me devia maldizer assim.
Vi você me fazer crescer além de mim
Seus erros, meus erros não irão te apagar em mim
Nada, nem que a gente morra desmente o que agora chega à minha voz.
Fique aí enriquecendo, 
cresça e desapareça, 
eu não fiz nada disso e você fez um bicho de sete cabeças.

Vou

A vitrine da dança me olha 
e mostra a gordura tomando conta do meu corpo.
Eu não quero o sofrimento passado do físico russo, 
mas ainda quero a dança em mim.
E ela foge.
A flexibilidade, 
força, 
equilíbrio
e domínio
fogem do meu corpo.

Agora vou respirando o nada
e expiro pensando ser tudo.

Na ignorância do meu ser

Ridicularia incabível.

Pequenez cansativa.

Onde vou parar, eu também não sei.

Não sei se paro ou se fico.
Não sei de me movo ou se ando.

Vou indo.
Vou beijando.
Vou me apegando à solidão.
Vou brincando de ter convicção.
Vou ouvindo e indo...

Julgamentos

São arrogâncias pobres nos dentes loiros que saem da forma carente de circunstâncias corporais.
De onde são essas meninas tão escuras que se ocupam em desejar mal aos outros?
Meus olhos de fora podem extrair más interpretações
Não aguento as competições desses pensamentos
Tento colocar meu ego no lugar mais baixo, retraindo o preconceito do olho crítico.
Fechem essas bocas que fedem o pensamento podre da ganância
A ganância destrói o homem.
São traições atrás de traições e tudo perde o sentido da existência

domingo, 27 de maio de 2012

Ameixa

Colos de ameixa trazem as lágrimas nostálgicas
Lembranças infantis
Imagens futuras
Pensamento dotado de poder
Olhos tristes nas mágoas de vidro
Amores que vão e traições que ficam
Cabanas na primeira classe de bebês perdidos
Abortos violentos amargurando a vontade de fuga
Os pelos pretos da classe da rua
Rua maltratada
Rua mal querida
Colares de pedra mordem os olhos que caem em sopas da velhice

terça-feira, 22 de maio de 2012

Angústia

Qual é esse deus que nos esconde das verdades?
Quem faz tudo acontecer?
O que movimenta a corrente dos acontecimentos?
Me diz, existe a verdade nas palavras de alguém?

Meu âmago vai andando sozinho
Contraindo a solidão
A solidão que não aguenta mais essa existência alheia

Coroa de sangue que povoa minha pele
Expande os poros e sente o sobrenatural
Sinto a sobrevida
Me invado de mistério
Aceito a vida
Questiono o existir

Mas continuo estacionada.

domingo, 20 de maio de 2012

Agasalho

Alguns laranjas gritam da rua à espera de ajuda quente
Abro a janela e jogo pelos unidos que farão adormecer o frio
Queria era me jogar para a vontade quente

Não cuspi um cubo de gelo
Não engoli caracóis suspensos
Adormeci o cansaço que cobria meus cílios moles
Esqueci as vestes jogadas no ralo da saudade

sábado, 19 de maio de 2012

Grande passado

Mãos vermelhas apertam meu crânio esmagando qualquer vontade de manter os olhos abertos
Meus choros recaem em pedaços do cérebro
Choros doloridos que arrastam mãos em paredes de chuveiro
Minhas mãos arranham minha dor
Dor do possível arrependimento
Arrependimento que era adormecido
Dormia fingindo não existir
Mas sempre ali, aquecendo o sofrimento de um futuro próximo
Meus pés doem
Pés agora não mais flexíveis
Minhas pernas não chegam aos mínimos graus da beleza aberta
Minha barriga cresce
Meu aberto se fecha
Meus joelhos se fecham
Eu não sou mais a dança fluindo pelo corpo
Eu não sou mais a expressividade corporal que aqui dominava
A viva dança que acordava meus olhos
Aqui ando para trás
Com a conformidade calçando meus pés não mais repletos de bolhas
A oportunidade estava lá
A contemporaneidade estava lá
Poderia ter incorporado-a
Visto o teatro ali com a encantadora atriz-bailarina
Mas não
Eu não me permiti
Eu me suspendi
Eu me tirei do grande
Do grande dito sem fins lucrativos
Era o grande que dizia estar enraizado em acompanhamento total, psicológico e físico
E eis que a menina pisou no próprio físico, esmagando em seguida o psicológico tão fraco
Psicológico que aparenta força e coragem
Sim, é a coragem que está em cima de mim
Agir com o coração entra pelas minhas genitais e minto para mim mesma
Minto a intensidade
Agora minto para mim o que antes era tão verdadeiro
Eu joguei fora toda a grandeza da arte
E agora é o que mais quero
Agora não caminho
Apenas olho querendo pensar
Apenas penso e falo
E não faço nada
O que você está fazendo?
O que é você?
Você sou eu e somos a tão indizível busca por não sei o que

terça-feira, 15 de maio de 2012

Eu te amo, belezinha

Eu te amo, belezinha
Você é luz como o sol que nasce sempre belo
Você é o talento da força que vem dos olhares
Você é beleza por inteira

Eu te amo, belezinha
A você eu quero dar todo o amor que existir no mundo
Que você seja o que há de mais belo
Que receba o que há de mais profundo

Eu te amo, belezinha
Apertarei as partes tão fofas que sorriem com o abraço do cheiro de travesseiro babado
Seus braços amigáveis
Sua maturidade tão infantil
Sua calcinhas tão dotadas de senso de humor
Seus doze anos de beleza, amor, alegria
Você é linda

Eu te amo, belezinha

Não se deixe ser engolida por esse mundo precário
Esse mundo que fará dos seus olhos maquiagens e do seu corpo marcas superficiais
Sorria para a vida, Sophia
Você carrega o som da alegria
E a cor da sabedoria
Meu coração é apertado pela saudade e pela graciosidade dos seus olhos

Eu te amo, belezinha

domingo, 13 de maio de 2012

Crítico som

Os restos de barba acariciam notas pretas sutis
Uma parede de vidro me envolve tanto quanto estilhaço com um chute o que me impeça de nadar em sentimento e relação.
Energias correm dos sons para meus dedos letrados.
O amadorismo charmoso o fará, ainda encantador, mudar ou desistir.
Agora, tons graves pisam e aparecem em meio às brancas belas e sonolentas.
Ainda falta espiritualidade no corpo do pianista, 
falta sabor e cor, 
um pouco de sensibilidade.

Homem

Flavinhocarlosfelipeguilhermebrunowilliamkanansueantonioeduardoandrélucasmarceloalexandresérgiothiagogustavopedrojoséjonasdiegoraphaelivangustavoguillermomartinluísaugustoluísfernandoleediegohenriquefabiodouglasarthurarthurjamesandréandréandréerickdeniscaiocaiojonatasfeleipediegodaviddavidjoãomateusgustavogustavocésarflaviolucasgustavohenriqueluanlucasthaleslucasmigueldanielandersonagenorpacoigorantonio


Alguns olhos amigos,
outros amantes, 
ainda os ensinadores 
e por vezes apenas beijos marcantes. 
Ou então olhos carinhosos, 
olhos indecisos, 
curiosos e medrosos.
Homem que exala e engole amor, 
dele pra mim, 
de mim pra ele, 
esse homem que trouxe tantos choros, tantas mágoas e angústias, 
tantos sorrisos, gargalhadas, desejos, prazeres, satisfações, graças, admirações, 
muitas admirações.

Homem que amo

Que venha mais intensidade e comprimento ao seu nome tão quase completo

Cílios imãs

Meus olhos começam a pesar no livro da tão encantadora forte Patrícia
O violão chega acordando as palmas para um ritmo diferenciado
As explicações das pálpebras também carregam a escravidão do tempo
Abro as pálpebras pesadas e vejo a vontade do beijo em todo o corpo da mulher
Acordo para ouvir o Fritz Dobbert

sábado, 12 de maio de 2012

Losangos amorosos

As lágrimas surgem em meus olhos em noites de surrealismo
Lágrimas que carregam em mim a sensação de vida
"Não tenha medo, você pode amar", foi o que me disseram
Meu peito foi apertado pelo gosto bom das lágrimas
Olhei pelas frestas e fui observando o amor do prestígio

Relato o indizível com palavras duras, nada moles como meus sentimentos

Colagens de sonhos são inauguradas pelos meus joelhos 
Camundongos passam invadindo a oficina de atores
Meus cabelos diminuem e estilizam a personalidade acordada
Manhãs pretas me divertem com fones brancos pendurados no pescoço
Bocas encostam-se na minha sorrindo com loiros olhos
Sinto a energia do abraço bom encostado no rancor adormecido




Jogo de produtos

A vida é um jogo de uso
Jogo de produtos que são utilizados e jogados fora, ignorando a memória do carimbo sensorial e sentimental
Você me abraça mas me usa como um brinquedo orgânico que exala a energia do encaixe

Correndo sozinha

As mães não existem no telefone
Ninguém existe no telefone
Apenas a minha voz me acompanha
Olho as pessoas
As pessoas não continuam me olhando
Apenas uma criança tão viva que traz água nos olhos e energia no corpo.
Passo e o gosto da sinceridade infantil encanta meu paladar
Você estava tão verdadeiro
Mas não é absolutamente nada.

O couro das linhas faz a elegância sentir a temperatura da dança expressiva.

Qual é o estudo dessa correria?
Corro para esperar
Espero para correr
Corro esperando e espero correndo
Corro nem sei porquê
Mas corro,
a vida corre por mim,
acompanho-a com passos largos.

domingo, 6 de maio de 2012

Pianos

Nos últimos minutos, surgem tatuagens que entristecem os lábios do piano de cauda.
Meus dedos voltam-se ao saber verde das orquídeas mortas pairando no desejo de moleques tristemente tolos
Moleques cobertos por bonés e falando sobre a escatologia que é o cotidiano.

Meus olhos são soltos pelo rio rosa que contém os escritos mais desenhados e menos pensados,
é aí que se encontra a felicidade.
Na libertação do pensamento,
da programação,
da posse,
da cobrança

Trazem queixos molhados que machucam o amor peculiar de negros pianistas que saltam dessa mesa repleta de céu e mar para os olhos arrogantes dessa criatura desprezível que reclama dos tons belos do piano.
Esqueço que a simplicidade desses estereotipados pedreiros é encantadora
Paro para ver como os dedos flutuam e deslizam pelo branco som da negritude do Fritz Dobbert

Mas dali me olham
me notam
talvez me desejem o fim da ingenuidade

Talvez seja isso o que o mundo nos pede
O fim da ingenuidade
Para que não vivamos, 
não acreditamos, 
não sonhamos, 
não ponhamos olhos e bocas que sorriem pela luminosidade bela da existência

Dissipado

Todo o meu amor poderia ter sido enviado a você
Mas toda a invenção exagerada e imaginária irá para o belo horroroso que possui seu grande toque impossível.
A você não colorirei as peles das vestes,
ao menos beberei dos pratos que você prepara com olhos fechados

Desfeita

Mais uma vez meus olhos molhados focam na superfície
Minhas mãos não encontram outras para acompanhá-las à profundidade
Abraço minha solidão com a angústia da vontade
Nos trilhos vou jogar toda e qualquer esperança
Esperanças que amargam o gosto bom do sorriso

Essa delicadeza prevalecerá nos seus passos
Sua fuga me afasta
me fazendo engolir esse desprezo que fica em suas pegadas

Suas vestes sujas trazem a saudade da sua vontade

Quero de volta seus sorrisos colados e apaixonados
que desenham corações com os pés

Agora plantarei meu amor que guardo para ti e outros nos meus próprios olhos

Transformarei essa dependência em amor próprio
Mas assim estarei apenas fechando minha possibilidade tão boa de tocar, conhecer e viver em outra alma
com outra alma

Não sou capaz de coordenar e direcionar meu viver
serei sempre essa alma tão solitária com vontade do outro.

Viro

Minhas mãos precisavam desses encontros morenos
Dessa harmonia bonita
Das almas simples que se aproximam como o pássaro pousa nos fios compondo a melodia

Vim só olhar o que os mares trariam para nosso peito raso e manso
Calos das escadas esperam com fones de ouvido
Gilberto Gil aparece como uma lua cheia que transborda beleza
Seus sons batucam
Uma garrafa de vinho me persegue com fios grisalhos transmitindo o charme do desconhecido

A vida nesse meu lugar é o que há de mais louco

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Quanto desrespeito com nós mesmos
Quanta ignorância ao nosso corpo
Não olhamos para nossos olhos
Não escutamos nosso corpo

Ouvimos apenas o relógio
A merda do relógio


terça-feira, 1 de maio de 2012

Crepúsculos

Meus sonhos se repartem pelas nuvens cortadas por cortinas mal humoradas
Grandes beijos de amor me gritam de longe pedindo mais observações respiratórias
As travas dos amores irão
Meu hálito ecoa no céu claro

A especialidade dos olhares molhados brilham nas mesas repletas de pizzas e cervejas mal bebidas
Canto com máscaras rosadas no rosto
O bolso é partido pelo coração amansado
Abraços surgem e desviram todo o ser
O frio chega como fuga
Meu braço abraça ainda mais forte

Meus olhos irritados não querem partir

Minha hipocrisia me guia

Meus pensamentos voam, andam e param para simplesmente olhar

Seu egoísmo chega a ser bonito
Egoísmo colorido pela paixão
Paixão por ser vista
Paixão pelo exibicionismo
Não deixa de ser amor

Amo o amor