Os caminhos de um sorriso te colocam na madrugada dos meus pelos
Seu cheiro ainda afoga meu vestido
Seu suor ainda compõe os versos dos meus olhos
E pelas três da madrugada grito sua androgenia
Nos meus pés estão amores caídos
No meu braço levo mágoas alheias
No meu púbis coloco o abandono instigante
Com tantos beijos e pouca estabilidade,
Meu peito se prende nele mesmo
Meu pobre coração não vale nada
Nessa imaturidade eu levo a solidão
Nessas tantas companhias, meu sopro virgem
E enquanto minha língua pulsar o desejo,
Virão outros tantos olhos encantadores
Até onde vejo o apodrecer das rosas
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
De onde a terapia me olha
A poesia espera calada pelo meu renascimento,
sopros de calor me guiam cheirando cachimbo terapêutico.
Minhas vestes são derretidas como sorvete,
meus olhos fixam a luz da limpeza espiritual.
Estou de pé, em frente a ervas tão sutis quanto minha alma.
Me escondo na promiscuidade e desmistifico a culpa,
revejo meus poemas e sorrio à luz.
O espelho da sabedoria converte minha ignorância e caminho no tempo de um dragão.
Não explico meus morangos virgens e desamarro minha pele vaginal.
Solto minhas vestes com a calma da tolerância e escuto meu caminhar tão nato.
Diminuo a velocidade e espero meus deuses mais secretos.
Olho o sombrio, invoco vida pela nuca.
Meu corpo foi abandonado num sexo cor-de-rosa
Vou com olhos fechados,
canto meu silêncio.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Aqui
Danço em minha solidão
Corro para terapias que possam me salvar de mim mesma
Meus transtornos estão comendo meus pés
Mas um sorriso angustiante me guia ao céu
Corro para terapias que possam me salvar de mim mesma
Meus transtornos estão comendo meus pés
Mas um sorriso angustiante me guia ao céu
Vulto do querer
Prendo meus beijos em seus olhos infantis
Não sei amar
Ando enquadrando minha inconstância
Pairo na terra de uma carícia
Arranco barbas do quadro cubista desmembrando sobrancelhas
Encanto meu sangue em flores platônicas
Estrela
Esfregando bochechas e acariciando os pelos, nossos olhos
eram envoltos num brilho aguado
Meu colo inconstante por onde sua boca desenha arrepios e
mamilos florescem
Um olhar triste dança em minha plenitude tão exacerbada de
sorrisos
Minha pele avança na sutileza da carícia ao ar
Meu pescoço arranha sua pele de luzes pontiagudas
A estrela dos seus olhos lambe minhas narinas
Cheiro sua sensibilidade
Arrepio em seu cabelo plantado numa nuca de gelo e fogo
De mim saem lágrimas de alegria
Estou desviando
Desviando rumo ao mar sensível do abismo
O abismo do seu ouvido me engole dançando no suor
Dionísio nos guia com o pulso do beijo
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Mentira
Me afogo em cafés sem açúcar para me manter acordada
Estou pesando em mim mesma
Preciso dormir, preciso sair, preciso ir
Preciso ir
Ir
Ir
Ir
O que faço aqui se não a autodestruição?
O que respiro em mim se não o medo de mim mesma?
Estou cada vez mais longe de saber amar
Faria aulas de relacionamentos, aulas de amor, aulas de paixão
Minha intensidade está na minha ignorância
E vou indo, apenas indo
Não me acaricie, não fale de minha família, quaisquer lágrimas serão poucas, a dor não se cala.
Não sou capaz de esconder, estou cavando meu abismo a cada mentira de mim para mim.
Para onde me leva esse peso, essa mentira, esse recuo?
A lugar nenhum
À dor
Uma dor solitária
Meus sorrisos fracos estão desdentados
Estou nua,
Sentindo pequenos cortes em cada parte do corpo
Mas não há nada de errado.
Por favor, me tire de mim.
Estou pesando em mim mesma
Preciso dormir, preciso sair, preciso ir
Preciso ir
Ir
Ir
Ir
O que faço aqui se não a autodestruição?
O que respiro em mim se não o medo de mim mesma?
Estou cada vez mais longe de saber amar
Faria aulas de relacionamentos, aulas de amor, aulas de paixão
Minha intensidade está na minha ignorância
E vou indo, apenas indo
Não me acaricie, não fale de minha família, quaisquer lágrimas serão poucas, a dor não se cala.
Não sou capaz de esconder, estou cavando meu abismo a cada mentira de mim para mim.
Para onde me leva esse peso, essa mentira, esse recuo?
A lugar nenhum
À dor
Uma dor solitária
Meus sorrisos fracos estão desdentados
Estou nua,
Sentindo pequenos cortes em cada parte do corpo
Mas não há nada de errado.
Por favor, me tire de mim.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
cimentágua
Lhasa dança com
lágrimas em meus pulsos
Alcanço Pina com a
ponta dos dedos dos pés
Meus pés cimentados
por onde não passam ilusões
Por onde o que vibra é
somente o desejo
Ali só cabe a
iminência
O tremor das pregas
vocais não mais produz sons
Qualquer som é
empredrado nas minhas lágrimas moles
Em cortes de pedreiro,
meu peito é cada vez mais acorrentado
Sou maior que meu corpo
A adoração ao corpo é
também o aprisionameto do corpo
Eu tento
Mas eu só tento
A epiderme de pedra das
minhas tibias faz pontiagudos cortes na minha alma
Eu não caibo em mim
O aprisionamento do
cimento
Então viro a
especulação imobiliária
Então viro dinheiro
Então toda a minha
potência de vida passa a ser apenas dinheiro
E o meu amor fica no
grito que não consegue sair de mim
Minhas vontades
endurecem como cimento em mim
Quantas demolições
serão necessárias para eu existir?
Quantos desconstrutores
de cimento serão necessários para eu me mover?
Quantos banhos serão
necessários para que me deixem ser?
Água
Apenas água
Apenas me afogar na
liberdade
Apenas me aprisionar na
liberdade
Enquanto minha alma
ainda é pedra
Então me afogo em água
de pedra, em pedra de água
Então sou misturas
Misturas da minha dança
que me mata
Até ali vou querer
apenas seus olhos
Até ali ainda minhas
lágrimas serão maiores que qualquer cimento
Me traga olhos molhados
para que eu amoleça qualquer pedra
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Depois da cegueira
Quero comer os corpos que vejo, quero apropriar outras peles
nas minhas
Depois de estar cega, minha pele enxerga com outras lágrimas
e sorrisos
Uma faixa de gaze é transbordada pela gota mais bela de
cristal
Estou no êxtase de existir
Estou envolta de intensidade
Meus olhos estão na nuca e meu cabelo sorri
Minha anterior realidade me é impermeavelmente distante
Eu estou próxima do fim
Qual fim?
Ou só estou na vida
O paroxismo sensorial me aproxima dali
Estão falando de sofrimento
E eu estou vibrando de sofrimento
Se vivo, vivo apenas para querer e fazer arte
domingo, 14 de outubro de 2012
Pulso de tormento
Atormentam meus passos sua mediocridade
Você precisa deixar de olhar só pra si
Precisa ver o mundo sem seus olhos de patricinha
Sua falta de ouvido
A pior surdez é a daquela de quem pode ouvir
É a sua
Me incomoda um mesmo sangue ser assim, tão fechado, arrogante
Me incomoda meu sentimento de superioridade ao dizer isso
Mas me incomoda mais essa sua louca vontade de enriquecer
A BURGUESIA QUER FICAR RICA
ENQUANTO HOUVER BURGUESIA NÃO VAI HAVER POESIA
A BURGUESIA SÓ OLHA PRA SI
EU TAMBÉM CHEIRO MAL
Eu cheiro muito, muito mal
Mas meu cheiro não impede meu pensamento
Meu cheiro não impede que eu ignore a ganância, que eu queira pisar na ganância
SÃO CABOCLOS QUERENDO SER INGLESES
Até quando seus atos caminharão somente rumo à aparência que brilha mais que seus olhos?
Às jóias, às marcas?
A sempre aquilo que não tem?
À desvalorização da sua vida?
Sou engolida pela hipocrisia, mas não posso suportar sua ganância exacerbada
Sua falta de amor pelo hoje
Sua falta de presentes no presente
VAMOS PEDIR PIEDADE
sábado, 13 de outubro de 2012
Ao pavão
Se um dia sua falsidade viesse dar as caras, diria santa chuva a você
Mas só de longe ficarei vendo suas corridas
Sua aventura de pavão
Num domingo, meu carinho por você brotou no vinho que bebi
Tão calmo e nostálgico o meu afeto
Não se compara ao anterior
Sinto saudades da sua presença
Hoje não necessito do seu toque
Hoje não gastaria horas trocando respirações ao seu lado
Hoje só resta meu simples carinho
Mas só de longe ficarei vendo suas corridas
Sua aventura de pavão
Num domingo, meu carinho por você brotou no vinho que bebi
Tão calmo e nostálgico o meu afeto
Não se compara ao anterior
Sinto saudades da sua presença
Hoje não necessito do seu toque
Hoje não gastaria horas trocando respirações ao seu lado
Hoje só resta meu simples carinho
Mantiqueira morta
A cidade tão quieta, tão vazia
As fuligens dançam em minha caminhada
Os crepúsculos nunca abandonam nossos olhos
Corro pelas gramas silenciosas de São João
À procura de jornais, meu calcanhar não se cansa de andar
As luzes jorram cílios metálicos pelas cortinas
Numa casa branca onde bastam movimentos circulares para o cenário se fazer em nuvens
Minha pequena solidão tão tranquila
Sorrio de braços abertos cantando um prazer tão leve quanto o céu de São João
Há alguns anos, andava aqui com outras imagens voando no cérebro
Meu andar era outro
Minha velocidade se esquecia da poesia
Hoje vou com os peitos soltos e na velocidade do ar que dança no meu pulmão
As fuligens dançam em minha caminhada
Os crepúsculos nunca abandonam nossos olhos
Corro pelas gramas silenciosas de São João
À procura de jornais, meu calcanhar não se cansa de andar
As luzes jorram cílios metálicos pelas cortinas
Numa casa branca onde bastam movimentos circulares para o cenário se fazer em nuvens
Minha pequena solidão tão tranquila
Sorrio de braços abertos cantando um prazer tão leve quanto o céu de São João
Há alguns anos, andava aqui com outras imagens voando no cérebro
Meu andar era outro
Minha velocidade se esquecia da poesia
Hoje vou com os peitos soltos e na velocidade do ar que dança no meu pulmão
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Antologia
Uma compilação de agosto passado, setembro passado, outubro passado, janeiro e agosto presente
Uma antologia de sebo, sabiá, pavão, ramos e outra frequência
Em você uniões se fazem
Dos vídeos musicados que jogam declarações ao vento
Das intensidades animalescas
Das conversas intermináveis
Do companheirismo sincero
Do desejo que faz brotar a paixão
Nenhum presente alcança sua sutil arte de existir
Talvez dos telefonemas vivos
Ou ainda dos pensamentos e passes livres em vontades
Antologia dos amores
Antologia da minha ignorância em amar
Ou ainda
compilação de luas misteriosas do seu cheiro
Ou ainda
sua singularidade
um braço sendo rabiscado por pelos loiros
Uma antologia de sebo, sabiá, pavão, ramos e outra frequência
Em você uniões se fazem
Dos vídeos musicados que jogam declarações ao vento
Das intensidades animalescas
Das conversas intermináveis
Do companheirismo sincero
Do desejo que faz brotar a paixão
Nenhum presente alcança sua sutil arte de existir
Talvez dos telefonemas vivos
Ou ainda dos pensamentos e passes livres em vontades
Antologia dos amores
Antologia da minha ignorância em amar
Ou ainda
compilação de luas misteriosas do seu cheiro
Ou ainda
sua singularidade
um braço sendo rabiscado por pelos loiros
Interrupções fantasiosas
Interrompo leituras para fazer palavras dos sons de Nelson
Freire
As pulsações de escritórios cobrem os cantos recheados por
tintas vermelhas
Num caminho de puro desconforto, grito por pianos que
relincham agudas vestimentas
Não mais haveriam pontos nas locações cinematográficas
As confusões se fariam cada vez mais absurdas
As árvores seriam cor de mel e os rios roxos
As putas seriam
saudadas com uma xícara de café
As boas moças caretas se debruçariam em taças de vinho
Os machistas dos bares enfiariam dedos no cu
Os homossexuais pintariam o céu com o umbigo
E restaria ali, num canto qualquer, nada mais que a
incerteza
As cobertas da
iluminação saltariam de mesa em mesa
As risadas jorrariam fones de ouvido
A limpeza seria pintada dum preto quase bege
Minha mãe pediria que
eu berrasse poesias pela cidade
Meu pai pediria vinho
a cada ligação
E Dionísio iria me chamar com uma voz rouca
Na liberdade da
fantasia um símbolo iria se fazendo forte
E dinheiro teria o mesmo valor da culpa
E a blusa branca seria como uma dor lavada
E, as rugas no tecido, pequenos caminhos de se escrever
dores novas
Ônibus da educação
Uma pausa em Paulo
Freire para degustar o som da saudade de você
Nadando pelo timbre de
Norah Jones, lembro-me dos seus olhos tão confortadores
Sua plenitude traz em
mim o oxigênio leve que pulsa
Minha pulsação tem
baterias infinitas coladas num corpo pequeno
Avisto você num outdoor
laranja de Batatais
Ontem exalava lágrimas de vinho
Meu corpo queria me jogar como rosa amarela na rua
A chuva unilateral
sorri como senhoras namoradeiras
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Não me atenda
Quantas irritações do meu peito farão as mágoas gritar choros maternos?
Meu injusto dizer traindo minha existência
Minha inconsequência impulsiona o arrependimento
Me afogo na minha violência
Espero que ali eu viva
Eu quero a rua
Eu preciso dormir na rua
Eu não sei o que faço nesse cubículo de tijolos
Minha ignorância vai violentando minha vagina e barrando cada vez mais minha liberdade utópica
Poetizar
Minha saliva corre para a escrita
Meus dedos não cessam ao desenhar versos
Transformo qualquer olhar em incontáveis mistérios
Circulo minha imaginação com incontáveis cores aguadas
Meus pincéis foram feitos de pedra
Mas minha tinta é de fogo
Desenharei quantos cheiros forem necessários
Cantarei minhas cordas frouxas exagerando a solidão
E numa festa pobre, vou sentar para dançar apenas os olhos arregalados
Em preto e branco
Me fale das impressões de quando meu sentir não chegava a você
Misture sua falsa ingenuidade nos poros da sua inveja
Cimente minha arrogância sublinhando minha intuição
Veja minha sede e tire minha água
Misture sua falsa ingenuidade nos poros da sua inveja
Cimente minha arrogância sublinhando minha intuição
Veja minha sede e tire minha água
Performar
Coreografias e textos serão queimados e passarão a existir como cinzas da memória
Estou falando em ser
Em existir em arte
Face
Poderia passar horas brincando de sentir
Moldar minha respiração conforme o contorno dos meus lábios
Dosar o líquido dos meus olhos
Olhar o medo dos meus olhos
Sentir uma beleza pelos lábios cortados
O cabelo caindo
A sombra do nariz contornando lentamente minha delicadeza
Meus lábios cortando rapidamente minha intensidade
Meus olhos que vibram no desespero vermelho do choro
Em cima do muro
A clareza da minha distribuição de sorrisos está no medo
O medo do abraço unilateral
Eu não sei querer pouco
Eu sei querer nas mais variadas vibrações, cores e tensões
Pra não me afogar em outros batons intuitivos da dor, continuarei a distribuir dentes
O medo do abraço unilateral
Eu não sei querer pouco
Eu sei querer nas mais variadas vibrações, cores e tensões
Pra não me afogar em outros batons intuitivos da dor, continuarei a distribuir dentes
Me
me tenha como flor pra que eu ignore o diálogo
me torne amor pra que eu vibre sem dor
me torne
me olhe
me chupe
me torne amor pra que eu vibre sem dor
me torne
me olhe
me chupe
quero um salto
exigimos pobres palavras
não sei até quando meu pulso aguentará sem cuspir meu corpo pela janela de um apartamento no décimo segundo andar
necessidade
eu preciso comer com as mãos
eu preciso engolir com as unhas
eu preciso digerir com línguas de fogo
eu preciso engolir com as unhas
eu preciso digerir com línguas de fogo
Apenas danço
Numa grama trêmula, nossos ossos eram amarelos
Seu psicologismo ainda olha com gotas de mágoa a pureza de um inferno
A hipocrisia das costelas amortecem nossos músculos
Sua família vai caindo enquanto meu fígado vai sendo apertado por uma mão cinza
A atitude triste de uma mão que corrói anjos pelas vestes pretas
Nas intuições, eu sempre soube de qualquer traição
Liguei meu corpo a uma dieta de chá verdes
Meu passado ainda me cobre como uma luva cirúrgica
Minhas pernas ainda doem
Meu ossos ainda corroem
A boca cheia de batom olha celulares de traição
As preocupações são brandas
Meu olhar é estacionado
O pior de um colar é o feixe
O melhor de um olhar é o sorriso
Ilusões
Pobres clarões
A maldade ainda é o caminho da ignorância
Digo sem saber
Ando sem querer
Quero sem poder
Posso sem amar
Amo sem pudor
Drogas dos carros de fumaças pretas
Meus dentes piscam goelas e bolhas
Há sacos de sangue no olhar
Jovens brandos e calmos fazem sexo
Preciso chorar
Preciso cuspir
Nunca serei um casal
Sempre correrei pelas plumas da solidão
E escondida, eu precisarei apenas dançar
Dançar
Dançar pelo chão, escorregar o corpo pela bebida
Danço com meu coração pulsando, abraçado pelos meus braços finos
Danço e molho
Danço
Apenas danço
E não sei mais para onde e nem a razão das minhas lágrimas
Seu psicologismo ainda olha com gotas de mágoa a pureza de um inferno
A hipocrisia das costelas amortecem nossos músculos
Sua família vai caindo enquanto meu fígado vai sendo apertado por uma mão cinza
A atitude triste de uma mão que corrói anjos pelas vestes pretas
Nas intuições, eu sempre soube de qualquer traição
Liguei meu corpo a uma dieta de chá verdes
Meu passado ainda me cobre como uma luva cirúrgica
Minhas pernas ainda doem
Meu ossos ainda corroem
A boca cheia de batom olha celulares de traição
As preocupações são brandas
Meu olhar é estacionado
O pior de um colar é o feixe
O melhor de um olhar é o sorriso
Ilusões
Pobres clarões
A maldade ainda é o caminho da ignorância
Digo sem saber
Ando sem querer
Quero sem poder
Posso sem amar
Amo sem pudor
Drogas dos carros de fumaças pretas
Meus dentes piscam goelas e bolhas
Há sacos de sangue no olhar
Jovens brandos e calmos fazem sexo
Preciso chorar
Preciso cuspir
Nunca serei um casal
Sempre correrei pelas plumas da solidão
E escondida, eu precisarei apenas dançar
Dançar
Dançar pelo chão, escorregar o corpo pela bebida
Danço com meu coração pulsando, abraçado pelos meus braços finos
Danço e molho
Danço
Apenas danço
E não sei mais para onde e nem a razão das minhas lágrimas
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Solo coletivo
A cama me espera
O sono se esconde por baixo das ondas silenciosas de mais uma madrugada
Não cabem em palavras meu choro tão cheio de felicidade, amor, um pouco de dor, muita dor esvaindo...
As palavras não me cabem
Engulo o cimento para mastigar minhas pedras
Pedras de culpa, de dor, de ilusão, de realidade, de matéria, de corpo, de voz
As pedras se amolecem ao sentir olhos de um coletivo
Sinto a beleza de um desvio
Ah, viver...
O sono se esconde por baixo das ondas silenciosas de mais uma madrugada
Não cabem em palavras meu choro tão cheio de felicidade, amor, um pouco de dor, muita dor esvaindo...
As palavras não me cabem
Engulo o cimento para mastigar minhas pedras
Pedras de culpa, de dor, de ilusão, de realidade, de matéria, de corpo, de voz
As pedras se amolecem ao sentir olhos de um coletivo
Sinto a beleza de um desvio
Ah, viver...
sábado, 6 de outubro de 2012
Outro arcano
Rasgando e moendo carnes, minha dança luta contra o desejo
Acordo com os olhos pesando outros carinhos
A janela me abre com gosto de eremita
Meu corpo repousa nos braços belos de um mar de olhos
Instalo meus pés em rugidos de leão
Subo meu olhar enraizado em cabelos de Villa Lobos
Acordo com os olhos pesando outros carinhos
A janela me abre com gosto de eremita
Meu corpo repousa nos braços belos de um mar de olhos
Instalo meus pés em rugidos de leão
Subo meu olhar enraizado em cabelos de Villa Lobos
Métodos
O olhar acadêmico confunde as vestes de um dragão
As conquistas humanas incoerentes nas rotinas americanizadas
A sistematização da palavra impulsionando e barrando
Vejamos a criança suja de Alberto Caeiro
Leremos com a intensidade da curiosidade
Viveremos com a vontade de fazer pra ser
A nós
Veja você aí,
Isabella
Aí onde não há mais
ninguém
Aí onde só existem
você e seus olhos
Seus olhos que
lacrimejam
Seu sorriso que
colore pequenas lágrimas
Veja seus pés que
imploram por movimento
Veja sua frustração
Veja sua inutilidade
Apalpe sua fé
Apalpe seu passado
Aperte seus olhos ao
lembrar-se da família de ovelhas brancas
Aqui só existe você e
um café
Aqui você descansa os
olhos escrevendo versos nostálgicos
Você banha sua vida
numa grande improdutividade da qual se orgulha
Você vive o orgulho
da sensibilidade
Você muda
Você vai andando e
transformando
Ou apenas para em você
mesma.
Você escreve poesia a
você mesma.
Seu egoísmo está te
corroendo.
O sabor dos seus
olhos serve de composições a Thiago
O cheiro do seu
sorriso serve de escrita a Paulo
Seu dormir em lua serve de versos a Outro
Seu dormir em lua serve de versos a Outro
E aí vai você
descendo ao abismo
E aí nos vejo
circulando pelo moinho
Ouço-nos vendo
Cartola
Escuto-nos sentindo
Cazuza
Preste atenção,
querida, continue a andar na vida, continue cavando seu abismo, mas nunca,
nunca pare de dançar.
Nunca adormeça em si
seu movimento.
Nunca deixe seu corpo
te acorrentar.
Suas inevitáveis
correntes de pele, osso e carne um dia cairão
E quando esse dia
chegar, sua alma verá o outro lado do amor.
Seu corpo não mais
reduzirá suas ilusões
Sua realidade nem
mais existirá
Aí sim você verá a
fuga da vida
Aí sim você sairá do
seu caminho de fogo
Projeto de Lars
Nossos traços melancólicos chorariam árvores
Nas cobertas do mundo, nossa existência só sente frio
Nos ossos do ar, nossas genitais vibrariam
Escorrendo olhos pelo mundo
Daríamos presentes sexuais aos nossos pais
Em escola de atores tudo o que fazemos é fingir vida.
Falamos de angústias e fazemos o cotidiano nadar em nós.
De que adianta viver?
Que a vida nos engula, nos afogue em amor.
Repetido trajeto
Um leve pousar das
patas do tigre nos meus dedos
Corro para alcançar
meus enganos
Engulo-me ao andar em
círculos
Jogo-me nas pausas
cobertas por atabaques
Por isso não apareço.
Num momento em que uma
aulinha não cabe mais em mim.
Na Marechal Deodoro
meus impulsos apavoram o músculo da minha face.
O incenso que impregnou
nos meus pertences.
Quero desviar da
mediocridade
Vou desviando...
Caminho em função do
amor.
Só o amor consegue me
impulsionar
Só sei andar se amando.
Só sei ir se apaixonando.
Paixões, amores,
desejos, olhos.
Na madrugada ouvi um
pássaro tão solitário como eu.
Escrevia a alguéns
tentando conter saudades suportáveis.
Novamente naqueles
mesmos trilhos de trem...
Nesses trilhos que
seguro o mesmo caderno
Nesse caderno que
carrego outros sentimentos
Nesses sentimentos que
fazem outra poesia
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Um querer
Pauloalbertooutrothomascarlosfelipeantoniojoãosissiflorthiagohenriqueangelaattonprimarcosmarcelo
Uno o desejo para melhor andar em amor
Um toque quente para molhar a vida
Uno o desejo para melhor andar em amor
Um toque quente para molhar a vida
Brincar de ser, sorrir pra existir
Acordo com o cheiro de máquinas gritando meu atraso
Travo as respostas na bacia da solidão
Colori a poesia com pausas de correspondência
Acordo meus sorriso cantando Tim Maia e Chico Buarque
Minha tosse ronca num nariz congestionado e implora por tranquilidade
Meu sorriso se faz cada vez mais e mais inevitável
Meu presente me dando presentes cada vez mais bonitos
Lágrimas escorrem pelo meu rosto
Lágrimas calmas
Lágrimas de amor
Lágrimas de saudade
Fios de felicidade
Gotas de alegria
Pingos de vida
Não consigo pausar meus beijos
Meu corpo é abraçado e abraça na mesma frequência que sorri
Como agradecer tanta beleza, tanto afeto, tanta sensação?
Tanta
Tantabão
Me permito risadas solitárias de um humor pobre e tão pulsante
Chamo por ser
Abomino o pensamento enroscado que acorrenta o amor
"Me olhe, pelo amor de deus, pra eu saber que eu existo"
"Me toque, pelo amor de deus, pra eu saber que eu sinto"
Antonio Januzelli aumenta o meu sorrir e me empurra para toda presença e potência de vida
Marcos Bulhões me ergue fazendo meus pés respirarem prazer
Me amolecem os músculos
Me encaixam pelas articulações
Nos unem por ossos
Nosso corpo vai brincando de ser
E trazendo toda a potência de viver
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