terça-feira, 30 de outubro de 2012

Coração vagabundo

Os caminhos de um sorriso te colocam na madrugada dos meus pelos
Seu cheiro ainda afoga meu vestido
Seu suor ainda compõe os versos dos meus olhos
E pelas três da madrugada grito sua androgenia

Nos meus pés estão amores caídos
No meu braço levo mágoas alheias
No meu púbis coloco o abandono instigante

Com tantos beijos e pouca estabilidade,
Meu peito se prende nele mesmo
Meu pobre coração não vale nada

Nessa imaturidade eu levo a solidão

Nessas tantas companhias, meu sopro virgem

E enquanto minha língua pulsar o desejo,
Virão outros tantos olhos encantadores

Até onde vejo o apodrecer das rosas
Estou presa em minhas rosas que iludem o amor

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

De onde a terapia me olha

A poesia espera calada pelo meu renascimento, 
sopros de calor me guiam cheirando cachimbo terapêutico.
Minhas vestes são derretidas como sorvete, 
meus olhos fixam a luz da limpeza espiritual.
Estou de pé, em frente a ervas tão sutis quanto minha alma.
Me escondo na promiscuidade e desmistifico a culpa, 
revejo meus poemas e sorrio à luz.
O espelho da sabedoria converte minha ignorância e caminho no tempo de um dragão.
Não explico meus morangos virgens e desamarro minha pele vaginal.
Solto minhas vestes com a calma da tolerância e escuto meu caminhar tão nato.
Diminuo a velocidade e espero meus deuses mais secretos. 
Olho o sombrio, invoco vida pela nuca. 
Meu corpo foi abandonado num sexo cor-de-rosa
Vou com olhos fechados, 
canto meu silêncio.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Aqui

Danço em minha solidão

Corro para terapias que possam me salvar de mim mesma

Meus transtornos estão comendo meus pés
Mas um sorriso angustiante me guia ao céu
Meu impulso para o passo é tamanho que não saio do lugar.

Vulto do querer

Prendo meus beijos em seus olhos infantis
Não sei amar
Ando enquadrando minha inconstância
Pairo na terra de uma carícia
Arranco barbas do quadro cubista desmembrando sobrancelhas
Encanto meu sangue em flores platônicas

Estrela


Esfregando bochechas e acariciando os pelos, nossos olhos eram envoltos num brilho aguado
Meu colo inconstante por onde sua boca desenha arrepios e mamilos florescem
Um olhar triste dança em minha plenitude tão exacerbada de sorrisos
Minha pele avança na sutileza da carícia ao ar
Meu pescoço arranha sua pele de luzes pontiagudas
A estrela dos seus olhos lambe minhas narinas
Cheiro sua sensibilidade
Arrepio em seu cabelo plantado numa nuca de gelo e fogo
De mim saem lágrimas de alegria
Estou desviando
Desviando rumo ao mar sensível do abismo
O abismo do seu ouvido me engole dançando no suor

Dionísio nos guia com o pulso do beijo

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Eu vou pagar a conta do analista pra nunca mais ter que saber quem eu sou.

Mentira

Me afogo em cafés sem açúcar para me manter acordada
Estou pesando em mim mesma

Preciso dormir, preciso sair, preciso ir
Preciso ir
Ir

Ir

Ir

O que faço aqui se não a autodestruição?

O que respiro em mim se não o medo de mim mesma?

Estou cada vez mais longe de saber amar
Faria aulas de relacionamentos, aulas de amor, aulas de paixão
Minha intensidade está na minha ignorância

E vou indo, apenas indo

Não me acaricie, não fale de minha família, quaisquer lágrimas serão poucas, a dor não se cala.

Não sou capaz de esconder, estou cavando meu abismo a cada mentira de mim para mim.

Para onde me leva esse peso, essa mentira, esse recuo?
A lugar nenhum
À dor
Uma dor solitária

Meus sorrisos fracos estão desdentados
Estou nua,
Sentindo pequenos cortes em cada parte do corpo

Mas não há nada de errado.

Por favor, me tire de mim.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

cimentágua


Lhasa dança com lágrimas em meus pulsos
Alcanço Pina com a ponta dos dedos dos pés
Meus pés cimentados por onde não passam ilusões
Por onde o que vibra é somente o desejo
Ali só cabe a iminência
O tremor das pregas vocais não mais produz sons
Qualquer som é empredrado nas minhas lágrimas moles
Em cortes de pedreiro, meu peito é cada vez mais acorrentado
Sou maior que meu corpo
A adoração ao corpo é também o aprisionameto do corpo
Eu tento
Mas eu só tento
A epiderme de pedra das minhas tibias faz pontiagudos cortes na minha alma
Eu não caibo em mim

O aprisionamento do cimento
Então viro a especulação imobiliária
Então viro dinheiro
Então toda a minha potência de vida passa a ser apenas dinheiro
E o meu amor fica no grito que não consegue sair de mim

Minhas vontades endurecem como cimento em mim

Quantas demolições serão necessárias para eu existir?

Quantos desconstrutores de cimento serão necessários para eu me mover?

Quantos banhos serão necessários para que me deixem ser?


Água

Apenas água

Apenas me afogar na liberdade

Apenas me aprisionar na liberdade
Enquanto minha alma ainda é pedra

Então me afogo em água de pedra, em pedra de água
Então sou misturas
Misturas da minha dança que me mata

Até ali vou querer apenas seus olhos
Até ali ainda minhas lágrimas serão maiores que qualquer cimento

Me traga olhos molhados para que eu amoleça qualquer pedra

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

São críticas que falam de relação isolando os atuantes do próprio meio.


Depois da cegueira


Quero comer os corpos que vejo, quero apropriar outras peles nas minhas
Depois de estar cega, minha pele enxerga com outras lágrimas e sorrisos
Uma faixa de gaze é transbordada pela gota mais bela de cristal
Estou no êxtase de existir
Estou envolta de intensidade

Meus olhos estão na nuca e meu cabelo sorri

Minha anterior realidade me é impermeavelmente distante

Eu estou próxima do fim
Qual fim?
Ou só estou na vida

O paroxismo sensorial me aproxima dali

Estão falando de sofrimento
E eu estou vibrando de sofrimento

Se vivo, vivo apenas para querer e fazer arte   

domingo, 14 de outubro de 2012

Pulso de tormento

Atormentam meus passos sua mediocridade
Você precisa deixar de olhar só pra si
Precisa ver o mundo sem seus olhos de patricinha
Sua falta de ouvido
A pior surdez é a daquela de quem pode ouvir
É a sua

Me incomoda um mesmo sangue ser assim, tão fechado, arrogante
Me incomoda meu sentimento de superioridade ao dizer isso
Mas me incomoda mais essa sua louca vontade de enriquecer
A BURGUESIA QUER FICAR RICA
ENQUANTO HOUVER BURGUESIA NÃO VAI HAVER POESIA
A BURGUESIA SÓ OLHA PRA SI
EU TAMBÉM CHEIRO MAL
Eu cheiro muito, muito mal
Mas meu cheiro não impede meu pensamento
Meu cheiro não impede que eu ignore a ganância, que eu queira pisar na ganância
SÃO CABOCLOS QUERENDO SER INGLESES
Até quando seus atos caminharão somente rumo à aparência que brilha mais que seus olhos?
Às jóias, às marcas?
A sempre aquilo que não tem?
À desvalorização da sua vida?

Sou engolida pela hipocrisia, mas não posso suportar sua ganância exacerbada
Sua falta de amor pelo hoje
Sua falta de presentes no presente

VAMOS PEDIR PIEDADE

sábado, 13 de outubro de 2012

Meu prazer imenso em ouvir os olhos de músicos tão belos

Ao pavão

Se um dia sua falsidade viesse dar as caras, diria santa chuva a você

Mas só de longe ficarei vendo suas corridas
Sua aventura de pavão

Num domingo, meu carinho por você brotou no vinho que bebi
Tão calmo e nostálgico o meu afeto
Não se compara ao anterior
Sinto saudades da sua presença

Hoje não necessito do seu toque
Hoje não gastaria horas trocando respirações ao seu lado

Hoje só resta meu simples carinho


Mantiqueira morta

A cidade tão quieta, tão vazia
As fuligens dançam em minha caminhada
Os crepúsculos nunca abandonam nossos olhos
Corro pelas gramas silenciosas de São João
À procura de jornais, meu calcanhar não se cansa de andar

As luzes jorram cílios metálicos pelas cortinas
Numa casa branca onde bastam movimentos circulares para o cenário se fazer em nuvens

Minha pequena solidão tão tranquila
Sorrio de braços abertos cantando um prazer tão leve quanto o céu de São João

Há alguns anos, andava aqui com outras imagens voando no cérebro
Meu andar era outro
Minha velocidade se esquecia da poesia

Hoje vou com os peitos soltos e na velocidade do ar que dança no meu pulmão

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Antologia

Uma compilação de agosto passado, setembro passado, outubro passado, janeiro e agosto presente
Uma antologia de sebo, sabiá, pavão, ramos e outra frequência

Em você uniões se fazem
Dos vídeos musicados que jogam declarações ao vento
Das intensidades animalescas
Das conversas intermináveis
Do companheirismo sincero
Do desejo que faz brotar a paixão
Nenhum presente alcança sua sutil arte de existir
Talvez dos telefonemas vivos
Ou ainda dos pensamentos e passes livres em vontades

Antologia dos amores

Antologia da minha ignorância em amar

Ou ainda
compilação de luas misteriosas do seu cheiro
Ou ainda
sua singularidade

um braço sendo rabiscado por pelos loiros





Interrupções fantasiosas


Interrompo leituras para fazer palavras dos sons de Nelson Freire
As pulsações de escritórios cobrem os cantos recheados por tintas vermelhas
Num caminho de puro desconforto, grito por pianos que relincham agudas vestimentas
Não mais haveriam pontos nas locações cinematográficas
As confusões se fariam cada vez mais absurdas
As árvores seriam cor de mel e os rios roxos
As putas seriam saudadas com uma xícara de café
As boas moças caretas se debruçariam em taças de vinho
Os machistas dos bares enfiariam dedos no cu
Os homossexuais pintariam o céu com o umbigo

E restaria ali, num canto qualquer, nada mais que a incerteza

As cobertas da iluminação saltariam de mesa em mesa
As risadas jorrariam fones de ouvido
A limpeza seria pintada dum preto quase bege
Minha mãe pediria que eu berrasse poesias pela cidade
Meu pai pediria vinho a cada ligação
E Dionísio iria me chamar com uma voz rouca
Na liberdade da fantasia um símbolo iria se fazendo forte
E dinheiro teria o mesmo valor da culpa

E a blusa branca seria como uma dor lavada
E, as rugas no tecido, pequenos caminhos de se escrever dores novas


Ônibus da educação


Uma pausa em Paulo Freire para degustar o som da saudade de você
Nadando pelo timbre de Norah Jones, lembro-me dos seus olhos tão confortadores
Sua plenitude traz em mim o oxigênio leve que pulsa
Minha pulsação tem baterias infinitas coladas num corpo pequeno
Avisto você num outdoor laranja de Batatais

Ontem exalava lágrimas de vinho
Meu corpo queria me jogar como rosa amarela na rua

A chuva unilateral sorri como senhoras namoradeiras

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Não me atenda

Quantas irritações do meu peito farão as mágoas gritar choros maternos?
Meu injusto dizer traindo minha existência
Minha inconsequência impulsiona o arrependimento
Me afogo na minha violência
Espero que ali eu viva
Eu quero a rua
Eu preciso dormir na rua
Eu não sei o que faço nesse cubículo de tijolos
Minha ignorância vai violentando minha vagina e barrando cada vez mais minha liberdade utópica

Poetizar

Minha saliva corre para a escrita
Meus dedos não cessam ao desenhar versos
Transformo qualquer olhar em incontáveis mistérios
Circulo minha imaginação com incontáveis cores aguadas
Meus pincéis foram feitos de pedra
Mas minha tinta é de fogo
Desenharei quantos cheiros forem necessários
Cantarei minhas cordas frouxas exagerando a solidão

E numa festa pobre, vou sentar para dançar apenas os olhos arregalados

Em preto e branco

Me fale das impressões de quando meu sentir não chegava a você
Misture sua falsa ingenuidade nos poros da sua inveja
Cimente minha arrogância sublinhando minha intuição
Veja minha sede e tire minha água

Performar

Coreografias e textos serão queimados e passarão a existir como cinzas da memória
Estou falando em ser
Em existir em arte

Face

Poderia passar horas brincando de sentir
Moldar minha respiração conforme o contorno dos meus lábios
Dosar o líquido dos meus olhos
Olhar o medo dos meus olhos
Sentir uma beleza pelos lábios cortados
O cabelo caindo
A sombra do nariz contornando lentamente minha delicadeza
Meus lábios cortando rapidamente minha intensidade
Meus olhos que vibram no desespero vermelho do choro

Em cima do muro

A clareza da minha distribuição de sorrisos está no medo
O medo do abraço unilateral

Eu não sei querer pouco

Eu sei querer nas mais variadas vibrações, cores e tensões

Pra não me afogar em outros batons intuitivos da dor, continuarei a distribuir dentes

Me

me tenha como flor pra que eu ignore o diálogo
me torne amor pra que eu vibre sem dor
me torne

me olhe

me chupe

quero um salto

exigimos pobres palavras
não sei até quando meu pulso aguentará sem cuspir meu corpo pela janela de um apartamento no décimo segundo andar

necessidade

eu preciso comer com as mãos
eu preciso engolir com as unhas
eu preciso digerir com línguas de fogo

Apenas danço

Numa grama trêmula, nossos ossos eram amarelos
Seu psicologismo ainda olha com gotas de mágoa a pureza de um inferno
A hipocrisia das costelas amortecem nossos músculos
Sua família vai caindo enquanto meu fígado vai sendo apertado por uma mão cinza
A atitude triste de uma mão que corrói anjos pelas vestes pretas
Nas intuições, eu sempre soube de qualquer traição
Liguei meu corpo a uma dieta de chá verdes
Meu passado ainda me cobre como uma luva cirúrgica
Minhas pernas ainda doem
Meu ossos ainda corroem
A boca cheia de batom olha celulares de traição
As preocupações são brandas
Meu olhar é estacionado
O pior de um colar é o feixe
O melhor de um olhar é o sorriso
Ilusões
Pobres clarões
A maldade ainda é o caminho da ignorância
Digo sem saber
Ando sem querer
Quero sem poder
Posso sem amar
Amo sem pudor

Drogas dos carros de fumaças pretas

Meus dentes piscam goelas e bolhas

Há sacos de sangue no olhar

Jovens brandos e calmos fazem sexo

Preciso chorar

Preciso cuspir

Nunca serei um casal

Sempre correrei pelas plumas da solidão

E escondida, eu precisarei apenas dançar

Dançar

Dançar pelo chão, escorregar o corpo pela bebida

Danço com meu coração pulsando, abraçado pelos meus braços finos

Danço e molho

Danço

Apenas danço

E não sei mais para onde e nem a razão das minhas lágrimas

terça-feira, 9 de outubro de 2012

tosse

Não basta viver
É preciso performar
É preciso ser

Solo coletivo

A cama me espera
O sono se esconde por baixo das ondas silenciosas de mais uma madrugada

Não cabem em palavras meu choro tão cheio de felicidade, amor, um pouco de dor, muita dor esvaindo...

As palavras não me cabem
Engulo o cimento para mastigar minhas pedras
Pedras de culpa, de dor, de ilusão, de realidade, de matéria, de corpo, de voz
As pedras se amolecem ao sentir olhos de um coletivo
Sinto a beleza de um desvio

Ah, viver...
Eu, com a cara limpa e sentindo o gosto de um jato d'água, tentando dizer que é preciso viver.

sábado, 6 de outubro de 2012

Outro arcano

Rasgando e moendo carnes, minha dança luta contra o desejo
Acordo com os olhos pesando outros carinhos
A janela me abre com gosto de eremita
Meu corpo repousa nos braços belos de um mar de olhos
Instalo meus pés em rugidos de leão
Subo meu olhar enraizado em cabelos de Villa Lobos

Métodos


O olhar acadêmico confunde as vestes de um dragão
As conquistas humanas incoerentes nas rotinas americanizadas
A sistematização da palavra impulsionando e barrando

Vejamos a criança suja de Alberto Caeiro
Leremos com a intensidade da curiosidade
Viveremos com a vontade de fazer pra ser

A nós


Veja você aí, Isabella
Aí onde não há mais ninguém
Aí onde só existem você e seus olhos
Seus olhos que lacrimejam
Seu sorriso que colore pequenas lágrimas
Veja seus pés que imploram por movimento
Veja sua frustração
Veja sua inutilidade
Apalpe sua fé
Apalpe seu passado
Aperte seus olhos ao lembrar-se da família de ovelhas brancas
Aqui só existe você e um café
Aqui você descansa os olhos escrevendo versos nostálgicos
Você banha sua vida numa grande improdutividade da qual se orgulha
Você vive o orgulho da sensibilidade
Você muda
Você vai andando e transformando
Ou apenas para em você mesma.
Você escreve poesia a você mesma.
Seu egoísmo está te corroendo.
O sabor dos seus olhos serve de composições a Thiago
O cheiro do seu sorriso serve de escrita a Paulo
Seu dormir em lua serve de versos a Outro
E aí vai você descendo ao abismo
E aí nos vejo circulando pelo moinho
Ouço-nos vendo Cartola
Escuto-nos sentindo Cazuza
Preste atenção, querida, continue a andar na vida, continue cavando seu abismo, mas nunca, nunca pare de dançar.
Nunca adormeça em si seu movimento.
Nunca deixe seu corpo te acorrentar.
Suas inevitáveis correntes de pele, osso e carne um dia cairão
E quando esse dia chegar, sua alma verá o outro lado do amor.
Seu corpo não mais reduzirá suas ilusões
Sua realidade nem mais existirá
Aí sim você verá a fuga da vida
Aí sim você sairá do seu caminho de fogo

Projeto de Lars


Nossos traços melancólicos chorariam árvores
Nas cobertas do mundo, nossa existência só sente frio
Nos ossos do ar, nossas genitais vibrariam
Escorrendo olhos pelo mundo
Daríamos presentes sexuais aos nossos pais

Em escola de atores tudo o que fazemos é fingir vida.
Falamos de angústias e fazemos o cotidiano nadar em nós.

De que adianta viver?

Que a vida nos engula, nos afogue em amor.

Repetido trajeto


Um leve pousar das patas do tigre nos meus dedos
Corro para alcançar meus enganos
Engulo-me ao andar em círculos
Jogo-me nas pausas cobertas por atabaques
Por isso não apareço.
Num momento em que uma aulinha não cabe mais em mim.
Na Marechal Deodoro meus impulsos apavoram o músculo da minha face.
O incenso que impregnou nos meus pertences.
Quero desviar da mediocridade
Vou desviando...
Caminho em função do amor.
Só o amor consegue me impulsionar
Só sei andar se amando.
Só sei ir se apaixonando.
Paixões, amores, desejos, olhos.
Na madrugada ouvi um pássaro tão solitário como eu.
Escrevia a alguéns tentando conter saudades suportáveis.

Novamente naqueles mesmos trilhos de trem...
Nesses trilhos que seguro o mesmo caderno
Nesse caderno que carrego outros sentimentos
Nesses sentimentos que fazem outra poesia

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

"Se eu estou, eu sou, se eu sou, eu posso ser de quem eu quiser"
Antonio Januzelli



Um querer

Pauloalbertooutrothomascarlosfelipeantoniojoãosissiflorthiagohenriqueangelaattonprimarcosmarcelo

Uno o desejo para melhor andar em amor
Um toque quente para molhar a vida

Brincar de ser, sorrir pra existir

Acordo com o cheiro de máquinas gritando meu atraso
Travo as respostas na bacia da solidão

Colori a poesia com pausas de correspondência
Acordo meus sorriso cantando Tim Maia e Chico Buarque
Minha tosse ronca num nariz congestionado e implora por tranquilidade
Meu sorriso se faz cada vez mais e mais inevitável
Meu presente me dando presentes cada vez mais bonitos
Lágrimas escorrem pelo meu rosto
Lágrimas calmas
Lágrimas de amor
Lágrimas de saudade
Fios de felicidade
Gotas de alegria
Pingos de vida

Não consigo pausar meus beijos
Meu corpo é abraçado e abraça na mesma frequência que sorri
Como agradecer tanta beleza, tanto afeto, tanta sensação?
Tanta
Tantabão
Me permito risadas solitárias de um humor pobre e tão pulsante

Chamo por ser 
Abomino o pensamento enroscado que acorrenta o amor


"Me olhe,  pelo amor de deus, pra eu saber que eu existo"
"Me toque, pelo amor de deus, pra eu saber que eu sinto"


Antonio Januzelli aumenta o meu sorrir e me empurra para toda presença e potência de vida
Marcos Bulhões me ergue fazendo meus pés respirarem prazer
Me amolecem os músculos
Me encaixam pelas articulações
Nos unem por ossos
Nosso corpo vai brincando de ser
E trazendo toda a potência de viver