segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

X

Os vasos sanguíneos dessa minha cabeça estão se contorcendo, berrando para que eu pare, feche os olhos e relaxe até a alma subir
Mas moverei os olhos, os meus pensamentos, meus quereres ao mais sutil movimento, ao mais sutil som desse piano, arrepiando e jogando em mim uma sensibilidade tão próxima e tão distante, longa distância...
O ocidente paira nas minhas raízes, prendendo meu intelecto e colocando-o a frente a todo momento
Vem o intelecto nas intenções generosas e apenas a compreender o outro gás da vida, compreender o ar do vazio tão preenchido

Ondas severas arrumam os queixos olhando com profunda desconfiança essa voz interior
Azuis cintos de fogo
Cálices doces

Melancólicos cantos violentam a essência real do existir
Volto ao ditado tedioso
Divido tristezas com mentiras
Tiro do peito uma gota de inferioridade
Arranco de todo o corpo um balde de admiração
Sendo levada pelo sutil voar dos pensamentos
Silêncios repetitivos barrando o novo
Belos olhos mostram a sede da saliva
Deixando vir então o que realmente mantém erguida essa esfera vermelha colocada sobre meu pescoço
Deixando vir as vontades irreveladas
Os montes de gargalhadas do eu para o eu
Violo os sentidos barulhentos e tiro de ti uma molécula tão distante, molécula de essência sentida, molécula do cheiro vivo

Mistério da vida
Mistério do ar
Mistério do cheiro
Banhas xerocam os ossos apoiados em bengalas

Meus pensamentos virão a ser minhas palavras
Palavras presas e irreverentes, palavras hipócritas escravas da decepção do maldito intelecto, 
razão infernal, 
razão suja

Assistirei com o egoísmo voando pelos meus ouvidos
        Presenciarei com abertura
Entrarei com verdade, com generosidade, com dignidade, com o sentido, o preenchido
Recolherei suas vestes e te vestirei com silêncios simples e extremamente ricos, ricos de sensações, ricos no olhar
Graça do olhar
Beleza do olhar

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Junta a mim

Nos dê paciência
Para usufruir o íntimo momento, a sensibilidade do irrevelado, a pureza do descoberto, a sutileza do aprendido
Resgatar o fogo, o sangue nos olhos
Canalizar o sangue fazendo-o ultrapassar os limites corporais
Levá-lo ao outro ser que ainda sou eu
Tirá-lo do meu ser egoísta
Trazê-lo ao invisível

Peles macias
Desejos lambidos
Necessidade do abraço
Força se debruçando nos braços do inconsciente
Afundada em mágoas e sensações do eu
Mentiras sinceras
Mentiras pessoais
Sempre a pior mentira
Com um gosto bom, mas a digestão forçada, pesada e digna de barreiras

domingo, 19 de fevereiro de 2012

outra

Sou um ser em conflitos
ou simplesmente brincando de pensar
brincando de me controlar
brincando de viver.
Incomodam-se com minha diferenciação, com meu cabelo, com minha contradição, com meu tamanho, com minha assimetria, incomodam-se por minhas expressões serem apenas desiguais às comuns, às suas.
Minha alegria pode estar contida no simples olhar e ouvido ao outro, ao sentir o ambiente, no tentar captar o normalmente incaptado, o escondido por de trás do visto, ao viajar no meu eu, questionar-me onde
gritos me chocam
onde gritos são feios
são ultrapassados
são pequenos
são pontos da interrupção barata e pobre.
...

Lágrimas cinzentas

A beleza transparecendo olhares, sorrisos e tormentos
A pureza da arte feita do mais sincero interior
A alma sobreposta a qualquer meio que seja.
Afundando-nos onde o além não pode alcançar.
Terra cinzenta
fantasmas esbeltos
peles marcantes
doces sonhos
tristes decepções
voam como algodão as lágrimas do bom poeta
Jogam ao chão as tintas pretas e recolhem as roupas do prazer
Vestem a sujeira do dinheiro
Revela, da alma doce, o desejo, a força, a vontade, a importância do existente, ao social plantado em tiros.
Tão bonita a relação gay, tão belo o amor
Mas a casca começa a criar-se
A capa que me lembra que não são como parecem ser
Que a meus olhos de ingenuidade, tudo pode parecer belo, quando então eu enterro os pensamentos nos perigos das ilusões.
Repleta de temor, espanto e dor, pedindo o cuidado dos olhares, as carícias, as mãos fortes sentidas, os pés levados pela correnteza que prende um pensamento na tentativa de trazer o sublime das ideias. 

parentesco

No carnaval, fogosas rimas incandescentes 
nos legais conchais dos florais soados
jogados
de onde se assopram as areias de piscinas agridoces 
leia os saltos abertos dos pés onde se arrastam as estacionadas unhas.
Milagrosas lentidões afogam-se nas palavras desoriginais da fome dos ruídos
Tombos simbólicos e sulforosos
 risonhos pelos cortes originais.
Do cheiro de pescoços unidos pela saudade

blues

Alguns gemidos revelam o esquecimento de cheiros
Desprendimentos saudáveis formidando as veias completas que se fundem à uma barba completamente mal feita, crescida e movida a sonhos, realidades, desejos e salvações

Mas os estados de espírito são desfavoráveis, são deseducados, são acostumados.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

gotas de silêncio

No suor das laranjeiras mergulhadas em fogo, as bandeiras do amor prosperam 
As veias da existência submetida a traços finos da deselegância qualquer de um homem longe de mim
Calcanhares desequilibram os jarros da fidelidade
Bocas fogosas chamam bois e cavalos para a entrega real
Fazendo de si uma pequena e ligeira chamada ao sublime
As insatisfações grosseiras de uma pele mal amada e mal vivida
As gargalhadas de um egocentrismo convocando os pelos do seu rosto
Os braços carinhosos dormindo e respirando diferentemente
Os olhos abertos quando fechados, os batimentos cardíacos de um braço no meu rosto
Horrorosos corvos se dilatam na possível existência de um indígena
O povoamento de aldeias de tatus em um cu de tigre
Adão e Eva tão pequeninos diante ricas sabedorias
Fechamentos incoerentes com o ar que nos cerca
Me liberto
Me permito simplesmente parar, respirar, olhar o céu, sentir meu corpo, ouvir o silêncio, relembrar o interior, apenas respirar, apenas olhar, apenas ser, tão silenciosamente, quieta, escondendo o fogo que surge de maneira nada sutil, escancarando uma energia, arregaçando as verdades do meu eu

Leitura ilusória

Eu li em seus olhos alguns consentimentos
Li o que quero ver mas finjo não ver
Li sensações que não devem passar de ilusões
Um ser pleno, ser humilde, ser sábio
Me dissolverei no platônico
Ouvindo sambas e escutando silêncios
Transparecendo o invisível
Tornarei meu ser invisível
Suplicarei um outro ar dessa arte
Me amarrarei nos ares de uma existência diferenciada
Palavras bonitas brotam de uma raiz assim diferenciada
Seu pensamento, seu viver, seu ser, seu existir

Peço que não me olhe assim, que não diga palavras tão doces, que não seja assim tão doce
Belas fantasias podem ser pisadas por um calcanhar da realidade
Admiração
Olhos vivos e prontos para escutar seus silêncios
Gozos escondidos na minha imaturidade
Meu ser pequeno diante do seu
Ao mesmo tempo que não desprezado, como que por um ser tão menor que você

Jogada entre canais da sedução
Jogada por olhares e palavras afogadas em risos
Verdades afogadas em risos
Ou a realidade quase se afogando em ilusões
No meu mundinho

Apenas uma brincadeira rindo no meu interior
Apenas um remédio

Tão grande, tão colocado como igual
A alma dos outros
O carisma florescendo num galho forte

Chocada com o céu
Meu fundo de olho quer ser tão parecido com o seu
Quer ser próximo ao seu
Ser admirável
Você sim, um ser vivo.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Nesse Centro eu ainda vou estar
Quando entrar, vou realmente entrar
Vou usufruir cada gota do ar, cada imagem dos sons
Vou me afundar se preciso
Vou descascar meu eu
Vou me atirar na alma, na vida, no existir
Amo o teatro porque amo a vida
Minha sede de não compreender, mas saber o existir, descobrir o nunca visto e que sempre esteve ali, vivo ou simplesmente visível, mas principalmente o invisível, quero o que for o auge do invisível, quero a energia
A liberação de preceitos para a integração em pensamentos

luzes

Caminhos cruzados se descruzam
Talvez a luz mais antiga, a luz mais madura, a luz mais vivida seja realmente melhor
O sentimento de superioridade, quando repleto de humildade, é também repleto de generosidade
É aí que vejo o carinho, o olhar bonito, a admiração pela luz que há em mim, por menor que seja, por mais inicial que seja...
Generosos, com o desejo de me mostrar, de agradar, de fazer o bem
Mas o coração é ingrato, profundamente ingrato
Mais que ingrato, sincero
Generosidade tão bonita dessas luzes maduras, engolirei essas luzes repleta de gratidão e carinho

Mas há, em luzes mais jovens, luzes até talentosas, bonitas, brilhantes, porém luzes que buscam outras luzes, talvez maiores, e para essa lâmpada, eu não sirvo. Lâmpada que aparenta e parece ser aberta, mas está com sua luz ali, fechada, estancada... Essas lâmpadas me fazem pequena, tiram a beleza dessa vela começando a se acender...

Independente de tempos e formas, quero ser iluminada por qualquer luz que queira me iluminar, por qualquer ponto de luz que venha surgir, luzes originais, luzes vivas.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Jogo de verdades

o bicho do egoísmo me persegue
jogo de perguntas jogando em mim as verdades
jogando em mim, me fazendo engolir meu egoísmo
jogando em mim meu aperto e a ainda presente recordação
o ainda presente desejo
um pouco inferior ao novo anelzado
entrelaçados ouros nas fatigadas peles dos meus quereres
fitando o silêncio e aguardando verdades jogadas
quanta doideira num ser tão tomado do desejo por tudo, da vontade de abraçar o mundo, de querer TUDO, QUASE TUDO, QUERER MUITO
não deram-me tamanho mas deram-me vontade de tudo, de crescer, crescer, crescer
se o físico pequeno não chega a ser um cutuco de incomodo, a mente, espírito e intelecto pequenos rodeiam todo o ser e esmagam o que poderia crescer

entrega automática

Revistas enforcadas pelos plásticos movidos a fumaça dos automóveis expulsados das caçadas
Laranjas e floridos vestidos revelando a sedução de um carinho amortecedor na chuva
Chuvosos sorrisos e doces lábios
Nojentos olhos folheados em águas pequenas e enganadoras
Couves dos dentes esgarniçados pelos jovens almoxarifados
Chupetas coloridas soltando o ar pelo fogo e trazendo os leoninos desejos fortes e vitais
Os elementos de uma natureza tão terrena e tão respirada
Montes de groselha espalhados pelos queixos de uma quarta-feira festejada e inacabada
Doces sonhos nas margaridas coloridas e bolhas do surfista
Dificuldades imensas deixando os dedos desconfortáveis e o queixo virado trazendo a indecisão e a força de uma descontade crucial afogada em palavras repetidas que nunca são ditas e estão sempre nos meus pensamentos sem saber a razão das maldias correções de um cérebro reivindicado por problemas familiares e indeciosões das continuações abandonadas onde a estudantil viagem estaria magoada pelos chuvosos e gozados esfregões na cara, pelas deliciosas línguas do codinome, pelas mãos e pescoços vermelhos, pelos colos e pernas abertas, pela indecisão da partida e da vontade de fuga, pelo esconderijo da alma covarde, pela maldição da correção, pelo desejo bretoniano, pela sede de querer a abertura do que quer que possa vir a ser relatando o eu, o simplesmente e tão forte eu, o fraco e indeciso eu, o egocentrismo do caralho não dito por gays de minutos de atenção, de desejos e recordações, de ideais relatando apenas memórias e imaginações provocantes de uma força de querer, de um boquete morto e oco, de uma língua viva e prazerosa, trazendo músicas numa batida incessante que nasce nos olhos fechados e nos toques cheirosos
Modifiquei as memórias dos cheiros, entregada ao perigo de mais uma paixão

alma circular

Lógicas dos pensamentos roubadas por jogos de prazer e satíricos medos de onde se tira o forno bestial
Liberados dos escapismos tomados pelo poder dos fones interligados ao punho febril e escancarado
Notas de gotas em telhados secos e abafados, todos arrepiados, fazendo o ritual acontecer
Às vezes sinto os galhos da sua barba ligando-se aos pós das praças internacionais
Às vezes sinto seu desejo enroscados nos meus grampos viciados
Às vezes sei o perigo no qual estou me metendo
Às vezes desejo o mal desejando o bem
Sempre não sei se desejo realmente
Sei que quero
Longe das gravações dos seus olhares tão contaminados de desejo
Dos seus gestos tão provocantes
Das suas palavras tão avançadoras e mergulhadas em selvageria
Venha comigo
Venha e me mostre o sabor da fruta mordida
Alma de vadia insiste em bater nos meus olhos
Alma de ladra
Alma de pecadora
Ou talvez apenas uma alma afogada no instável em busca de estabilidade

Respostas derrubadas pela vida

Se compreendessem a tamanha pureza que existe em mim, minha gratidão pela simples existência, minhas recordações, minhas palavras somente sinceras, sem mil e uma intenções e desejos ali escondidos. Se forem péssimas, são apenas as palavras do meu coração, do meu ser, da minha vivacidade, apenas isso. E ao esconder essa sinceridade da vida, sua realidade escondida vaza pelos poros dos olhares, das ações, ou estouram em palavras inesperadas. Eu prefiro a exposição sincera do sentimento, do que se passa desde a cabeça aos pelos mais secretos, gosto da verdade esgarçada, gosto do escondido desaparecido.
Mas estou apenas colhendo o que planto, se ninguém dá a mão a ninguém, darei as mãos, os pés e todo o meu corpo à poesia e sinceridade, darei a mão ao mais simples e sublime sentimento, às imagens que tomam nossos corpos, sem indagar o porque, sem a busca do entendimento tão minuciado que nada mais é que superficial. As palavras seguintes ao porque são apenas a superfície da verdadeira vida, do que projeta ar ao outro, do que sorri com olhos transparecendo o sentimento, do que é tomado por lágrimas, amargas ou não, são lágrimas, lágrimas, sorrisos, ou simplesmente a verdade, é o que quero nos meus olhos, é o que quero que todos queiram, viria então o mundo da verdade, a sincera relação, use as palavras apenas para mostrar, não explicar e querer entender o que só o coração, os arrepios e o interior sabe. E que fuja de qualquer ordem ou método esse saber interior, que o saber seja apenas o existir.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

voltas incompatíveis

Olhos bonitos, sorrisos enérgicos, casal tão agradável, casal tão bonito, casal tão incendiado, casal tão surreal

                                                          A saudade corta onde o que antes era sensação, agora é recordação
A saudade brota nos meus olhos internos com gostos de selvageria, com gostos de chuva, gostos de amor, gostos de ilusões, gostos de vida
Vida, a ilusão que vai se passando até ser aquecida pelo cobertor da realidade

Eu não sei o que sou e muito menos o que estou fazendo aqui

Só sei que preciso sentir o que o ar quer nos passar por meio de tantos cutucos repentinos, tantas sensações
Loucura da solidão
A companhia do mais puro eu
Da ingenuidade do eu
Aberta ao imaginário, ao incerto brilho, à loucura do imagético, às cores dos seus poemas, às sensações das minhas solidões, aos fogos do vivenciado, aos segredos dos interiores, aos sorrisos dos olhos brilhantes

Não mais os seus, já não falo mais dos seus olhos, 
De ti não quero falar nem ao menos do talento
De ti quero uma mordida na ilusão
De ti quero a abertura das diferenças
Quero a perda do fogo
Sem o jogo, apenas com a vida, o ar, a mais simples e existencial respiração
Tão simples, tão belo, beleza da simplicidade refletindo a beleza do existir

Inferior ingenuidade

O poder de palavras bonitas e ditas em momentos diferentes dos esperados 
Minhas decepções se intercalam e tomam por completo as minhas lágrimas
Minha ingenuidade corta os orifícios do olhar
Mundo cruel
Pessoas cruéis
Que veem apenas uma parte do existente
Ou eu sou tão pequena que vejo o inexistente
Como tenho pena de mim mesma
Por ser assim, 
tão ingênua
tão acreditada do amor
na sinceridade
no interesse inexistente
Eu infelizmente acredito nessa existência suprema
Ou felizmente
Felizmente
Pois assim, diferente de você, eu estou vivendo aberta ao que me vem
Oh solidão que me consome
Aperta com toda a força minha endoderme repleta de sangue doído que exterioriza gotas de sentimento, as lágrimas tão sinceras
Sinceridade das minhas fantasias
Ingenuidade do meu viver
O vermelho dos meus olhos jorram sorrisos sinceros
Sorrisos julgados por outros
Sou tão pequena, sou um nada, sou um pó, apenas um pó, sensível ao sopro, sensível ao toque, sensível a uma energia trazida de ti, sou o pó da gigante fraqueza, sou o pó da gigante angústia, sou o pó da sede de viver
Como pude me apaixonar por um ser tão incompreensível?
Um ser tão superior?

Um ser que acha estar quase ao topo, ou pelo menos muito maior que eu...
Um ser que finge, mas não se abre ao novo

São só fantasias minhas, são, talvez, idealizações
Pelo que percebo, você não passa de um olhar encantador que come o que acha de útil pela frente, um broxa desinteressado no que possa vir a ser menor que você
Mas o problema é mais simples, você diria, o problema sou eu, o problema é a minha sinceridade, o problema é a existência, o problema foram olhares ridículos que se cruzaram achando ter ali, algo de especial.