Mas moverei os olhos, os meus pensamentos, meus quereres ao mais sutil movimento, ao mais sutil som desse piano, arrepiando e jogando em mim uma sensibilidade tão próxima e tão distante, longa distância...
O ocidente paira nas minhas raízes, prendendo meu intelecto e colocando-o a frente a todo momento
Vem o intelecto nas intenções generosas e apenas a compreender o outro gás da vida, compreender o ar do vazio tão preenchido
Ondas severas arrumam os queixos olhando com profunda desconfiança essa voz interior
Azuis cintos de fogo
Cálices doces
Melancólicos cantos violentam a essência real do existir
Volto ao ditado tedioso
Divido tristezas com mentiras
Tiro do peito uma gota de inferioridade
Arranco de todo o corpo um balde de admiração
Sendo levada pelo sutil voar dos pensamentos
Silêncios repetitivos barrando o novo
Belos olhos mostram a sede da saliva
Deixando vir então o que realmente mantém erguida essa esfera vermelha colocada sobre meu pescoço
Deixando vir as vontades irreveladas
Os montes de gargalhadas do eu para o eu
Violo os sentidos barulhentos e tiro de ti uma molécula tão distante, molécula de essência sentida, molécula do cheiro vivo
Mistério da vida
Mistério do ar
Mistério do cheiro
Banhas xerocam os ossos apoiados em bengalas
Meus pensamentos virão a ser minhas palavras
Palavras presas e irreverentes, palavras hipócritas escravas da decepção do maldito intelecto,
razão infernal,
razão suja
Assistirei com o egoísmo voando pelos meus ouvidos
Presenciarei com abertura
Entrarei com verdade, com generosidade, com dignidade, com o sentido, o preenchido
Recolherei suas vestes e te vestirei com silêncios simples e extremamente ricos, ricos de sensações, ricos no olhar
Graça do olhar
Beleza do olhar