Enquanto espero conexões e o fim de um francês café,
Vejo as cores do Higienópolis,
Faço palavras do meu gosto de tédio,
E voo pela minha calma.
Então seria desprezível sentir o café aos poucos.
Numa manhã de domingo, em minha pequenez sonhadora, envolta
em dinheiro.
Implorando por uma tomada que me sustente, estaciono no
café.
Viajo pelas curvas da espuma e o líquido me prende como
caleidoscópio.
A beleza das formas e a sutileza de luz e sombra
Como se pingos de estrelas boiassem na bebida marrom
A intensa cor que me faz inutilmente parar.
Com luvas de bilheteria e meias de academia,
Vou brincando de sentir saudade.
Tão bonito quanto dormir é olhar.
Parar e olhar.
Acariciar com os olhos.
Prensar com os olhos.
Mas tão sensível quanto olhar é fechar os olhos.
Fechar e sentir a cerca de sons.
Boiar pelos ouvidos que cruzam o espaço.
Ou apoiar os ouvidos no encéfalo.
Ainda tão colorido como ouvir é gostar.
Gustativar, lamber, comer.
Molhar o objeto para penetrá-lo pelos poros vermelhos.
Absorver com a crua caverna dos lábios e estrada da língua.
Viciante como sorrir é cheirar.
Aprofundar o gosto do cheiro.
Trazer ar das marés do cheiro.
Tão vivo quanto existir é estar.
É fazer os pelos caminharem pele.
Intuir e tocar.
Tocar para ser.