Em tons de cereja e apelidos de uva, faço testes frios e compassivos.
A compassividade dos meus olhos é sutil e frágil como pele de galinha.
O corpo move-se na coluna da voz boiando com colares de ostras.
Estou solta como pássaros domésticos.
Jogo fora meu tempo e costuro minha hipocrisia.
Um acordo entre minha febre e meu calor,
um choque entre minha tosse e o silêncio.
Coçando minhas fotos de doces sonhos,
inventei palavras inúteis
que vão me enganando
numa poesia sem fim.
Minha tranquilidade corre como vespas em gotas de almoço.
Estou apenas falando.
Estou apenas mentindo.
Mentir, mentir, mentir
E existir.
Meu intestino coça os círculos do meu inchaço.
Soltarei as plantas no céu do meu calor.
Em meados de primavera, minha folhas vestem-se de preto.
Brinco de palavras,
escrevo o vento dos dedos.