domingo, 16 de agosto de 2015

Amores, viagens

Amores, viagens. 
Passagem comprei e fui.
Encantada pisei naquele chão pela primeira vez e o ar era ar de outra terra. As construções eram mais belas, suas portas me atraíam, o sol lá brilhava mais, a sujeira nem achava feia e tudo era melhor no estrangeiro.
Viagem não queria terminar, fiz um intercâmbio, fiquei um tempo lá morando, namorando. A sujeira foi ficando suja, o sol foi brilhando igual e as construções eu já habitava.
Intercâmbio sem data pra terminar e no meu país ainda achava tudo tão sem graça, tão solitário e tão doído. Pra que voltar? Também o já instituído irmão do medo não me deixou comprar passagem de volta, arrumei uma casa por lá, fiquei casada.
Não pergunte como, mas um dia voltei pra minha terra.
Não pior e não menos estrangeira.
Vi minha cidade tão conhecida com outra trilha sonora de consciência, minha cidade eu de novo percorria, tão minha que não podia culpar nenhuma estrangeirice por minha bagunça, nem outra vez idealizar uma vida noutras terras. E assim governando minha cidade ora com gosto ora com raiva e displicência, medito e danço percorrendo cada rua desconhecida mas tão minha.
Fui fazer outras viagens. Fiz viagens encantos de um dia, de noites, de semanas, de meses. Destinos aventureiros, relaxantes, noturnos, litorais, capitais, interiores.
Numas, na mochila levei tudo e lá deixei. Voltei vazia sem nada do que era. Noutras, levei o essencial e voltei com tudo trocado. Noutras, ainda, nem levei mochila e suguei tudo do outro.
Nem sei mais o que levar num amor. Nem sei mais ter que sair de casa pra amar. Vou aqui em meus labirintos trabalhando pra parcelar um trailer.


15/08/2015

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