domingo, 16 de agosto de 2015

Espe(cri)ança

No meio da rua, ele abre os braços. E espera. O contorno desse homem no início da noite tem marcas tão luminosas que sua espera passa a ser também minha espera. Espero o que aqueles braços abertos esperam. 
De longe, uma risada. Um menino corre como se seu existir fosse inteiro feito pra aquele destino. A mochilinha fica com o outro homem que o acompanhava. E ele vai, vai, vai.
Aquela espera ganha riso, meus olhos ganham água, aqueles braços ganham abraço. E só o silêncio alcança o som desse encontro. Como se meu existir fosse inteiro pra ver o reencontro cotidiano de criança em colo de pai. 
Como essas notas do piano são toda uma vida à criança que é toda encanto no olhar. Aquele encanto tão perdido em meio aos nossos corações empedernidos. 
Há quem espere pela salvação, pelo paraíso, pela fuga ou pela droga. Eu espero pela criança.

28/05/2015

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