domingo, 16 de agosto de 2015

Gurupurnima

Eu poderia falar da flor que desabrocha,
da borboleta que sai do casulo,
do mar que é amar,
do meu canal interno que é rio
a desaguar em olhos quando sou amar.
De novo mar.
Mas cansei de tanta coisa desse eu.
Cansei até das minhas metáforas.
Minhas metáforas me engoliram.
E me mandaram só ser pra renascer.
Então me pegue em verdade.
Que venha uma nova idade.
Que meta fora a vaidade.
Mas ai, que Ele já disse que fora é dentro.
Então já engolida brinco de cabimento.
Em mim que cabe enfim o Sim.
Tento dançar uns versos pra caber no tempo tanta lágrima.
Suspendo o momento lembrando aquela generosidade
de Rumi e de Sophia de Mello,
de Camelo e de Caetano,
de Pessoa e de Alba,
de Lavrador e de Zorzeto,
de Thiagos França e Tenório,
e como não, de Heras.
Mas sei que a entrega ainda escapa ao vento sem um verso transparente.
Sem verso, sem crença, sem passado, sem futuro, sem meu nem eu.
Então fico só
sendo em água
o respiro do silêncio
que Seu olhar
dança em minha alma.


01/08/2015

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